Café: E agora?

 | 26.06.2023 08:51

Com o avanço da colheita brasileira (aproximadamente +42% até o momento) a percepção da “falta de café no curto prazo” mudou. Com o vencimento do contrato julho-23 no próximo dia 19 de julho o spread “julho-setembro-23” zerou (na semana passada chegou a negociar a +400 pontos). O spread Set-23/Dez-23 encerrou a semana ainda invertido com apenas +100 pontos. A partir do dezembro-23 o mercado voltou para a normalidade, pro “carrego” (quando “a cotação do mês presente vale menos que a cotação do mês seguinte”).

Do lado macro mundial as principais economias europeias continuam enfrentando o “fantasma da recessão”. Todos os PMI´s publicados nessa semana ficaram abaixo do esperado (a sigla PMI significa, em inglês, Purchasing Manager’s Index e é um indicador que mede a atividade econômica de um país a partir de pesquisas mensais realizadas por uma empresa privada). A inflação continua reduzindo o poder de compra em todos os mercados. Novamente tivemos uma nova semana com aumento da taxa de juros dos principais bancos europeus (Inglaterra elevou em 0,50 pontos para 5% ao ano com inflação no mês de Maio-23 em +8,7%; Noruega aumento em +0,25 pontos para 3,75%); Brasil e  México mantiveram os juros “estáveis” respectivamente em +13,75% e +11,50% ao ano. Estados Unidos voltaram a sinalizar possibilidade de mais 2 aumentos até o final do ano, podendo terminar em +6% ao ano.

O “mercado” segue aguardando o “estimulo” chinês que não vem. Japão também anunciou um PMI abaixo do esperado. E na próxima semana o Banco Central Europeu deverá anunciar novo aumento na taxa de juros em pelo menos +0,50 pontos.

Com tudo isso, os fundos + especuladores + algoritmos entraram forte no mercado levando o café a cair -1.760 pontos ou -9,24% em “dólar” (máxima / mínima / fechamento respectivamente @ +181,65 / +164,05 / +164,85 centavos de dólar por libra-peso). O R$ voltou a valorizar +1,45% encerrando a semana @ +4,77 R$/US$. Combinando a desvalorização do café com a valorização do R$ frente ao US$ o produtor viu as cotações em R$/saca cair -10,80%!

O que parecia ser “impossível” virou realidade para o produtor. O mercado interno voltou a negociar entre +700 / +870 R$/saca. O café tipo arábica de baixa qualidade “arábica rio com 800 defeitos”  chegou a ser cotado @ +680 R$/saca! No sul de Minas o café arábica tipo “duro/riado/rio com 25% de catação terminou com “bid/ask” @ +780 x 830 R$/saca; e o café arábica “tipo 7 Rio até 25% de catação” com “bid/ask” @ +750 / + 780 R$/saca. O café tipo robusta continua firme, com negócios reportados entre +680 / +720 R$/saca!

O USDA* também foi “responsável” pela queda da semana pois voltou a “confirmar” a produção da safra brasileira 23/24 em +66,40 milhões de sacas, a produção mundial em +174,30 milhões de sacas e o consumo em apenas +170,20 milhões de sacas. Já o IOC* estima o consumo mundial do café em +178 milhões de sacas! Ou seja, se o USDA* estiver errado o reflexo no índice “estoque x consumo” voltará a ficar em patamar critico – um dos mais baixos dos últimos 5 anos! Assim, o reflexo nos preços será imediato! Nossa estimativa continua com uma produção global em +170,80 milhões de sacas, um estoque de passagem em +27,17 milhões de sacas, e um consumo global em +178,00 milhões de sacas com o índice “estoque x consumo” em +7,25% x +14%/+15% do USDA*.