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Ceteris Paribus e as Análises (Erradamente) Certeiras

Publicado 21.02.2020, 15:13
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Com a reforma da previdência aprovada, o dólar irá para R$3,60.

Com Jair Bolsonaro eleito, teremos dólar abaixo de R$3,50.

As duas situações acima aconteceram e não vimos o dólar cair. Na verdade, ele tem superado recordes de alta e seu novo normal é estar (bem) acima dos R$4,00, a marca temida ainda que em termos nominais. Todos os economistas estão errados? As previsões não passavam de mero wishful thinking?

Nem um, nem outro. A culpa real é de colocar o Ceteris Paribus na frente de tudo.

Ceteris Paribus é um termo na economia que significa “tudo mais constante”. Na prática, é utilizado para estudar o efeito da mudança em outro, levando em consideração que todos os outros permaneçam iguais. É quase como a desconsideração do vácuo ou do atrito em exercícios de física para entender.

Discutimos aqui anteriormente que é preciso abandonar os dogmas e o desejo de que algo aconteça do que a realidade, os fatos e tendências realmente estão querendo dizer. Agora este que aqui escreve faz um novo apelo: tenha sempre muito cuidado com previsões certeiras sobre o que não se consegue realmente prever (ou estude em quais condições aquela previsão foi feita). Em um mundo em que se busca a todo momento atrair cliques, uma manchete com previsão bombástica nem sempre contém um artigo ou reportagem que trate sobre a realidade.

A crítica aqui em relação ao Ceteris Paribus não se dá pelo fato de que ele seja simplista demais. No fundo, realmente é muito mais complexo (e menos apresentável) analisar cenários levando em consideração todos os aspectos em conjunto que mudam com frequência dentro da economia e, sim, é muito mais simples considerar o efeito da mudança de um indicador em outro. Porém, é preciso verificar o que existe entre um fator e outro para realmente confirmar que se tem causalidade entre suas variações.

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Para não parecer que falei grego no parágrafo anterior, vamos pegar novamente o exemplo do dólar. Em termos mais amplos, o que faz a cotação do dólar aumentar ou diminuir é a direção dos fluxos financeiros de entrada e saída em relação ao que se tem da moeda por aqui. Reformas estruturais tocadas por aqui ajudam a atrair fluxo de capitais?

Sim. Mas não é o único grande fator a influenciar esse fluxo. Nossa política monetária atual, que nos trouxe a menor Selic da série histórica também influencia, mas no sentido oposto: o dinheiro que vinha de fora apenas ganhar nos juros reais por aqui (também conhecido como carry) está indo embora agora que temos juros reais abaixo de 1% ao ano. Previsões que só considerem um lado ou outro acabam por fugir da realidade – e mesmo as que consideram tudo ainda assim não acertam “na mosca”.

Em termos de apresentação de resultados a quem os aguarda ansiosamente – convenhamos, todos nós estamos nesse grupo -, é muito interessante quando conseguimos colocar relações diretas e sem muitas explicações razoáveis para fatores que as pessoas podem verificar no dia a dia (como a cotação do dólar). Porém, sempre se questione quando verificar uma previsão direta como essas não meramente se “trata-se de bom economista ou não”, mas sim sobre quais bases ele trabalha para afirmar que aquilo seria possível mesmo de ocorrer.

Iniciou-se o artigo tratando de questões diretas que supostamente, sozinhas, impactariam fortemente a cotação do dólar. Mas neste campo de previsões das quais se deve sempre questionar a origem também estão “a reforma trabalhista gerará seis milhões de empregos”, “a MP da liberdade econômica irá gerar 3,7 milhões de empregos” e “após a reforma previdenciária dezenas de bilhões de reais em investimentos externos ocorrerão”. Nada contra as previsões serem feitas e terem inclusive uma mensuração (o que parece ser mais crível do que meramente dizer que “a situação vai melhorar bastante”), mas não esqueça sempre de questionar ou pesquisar qual a origem desse tipo de previsão.

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Para além de qualquer previsão “positiva porque agrada e pode estimular” prefiro realmente acreditar que isso tudo ocorre porque prefere-se crer em efeitos diretos entre fatores que não tem necessariamente isso. Peca-se, a meu ver, mais por ingenuidade e falta de conhecimento do que por real maldade.

Ainda assim, lembre-se sempre de procurar o que originou um dado tão direto quando “a cotação do dólar após aprovação de tal reforma”. Em primeiro lugar porque ninguém sabe com certeza pra onde o dólar vai e, em segundo, porque o mundo não é tão preto no branco quanto esse tipo de previsão costuma levar em consideração. Agora que você sabe o que significa Ceteris Paribus, lembre o quanto ele pode fazer diferença sobre alguma previsão (erradamente) certeira.

Últimos comentários

Essa "Ceteris Paribus" só funciona mesmo nos modelos econométricos pra facilitar o entendimento do aluno. Na realidade ta tudo misturado. Não pra ficar isolando as coisas como se fosse laboratório de química, ainda mais se tratando de um país emergente que depende tanto do capital externo e de um assunto bem complexo como o cambio.
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