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CVC - Um Bom Presente de Desaniversário

Publicado 05.08.2020, 22:08
Atualizado 09.07.2023, 07:32

"Ai, Caramba, Caramba, não posso me atrasar, disse o coelho batendo em seu relógio!" (Carroll, Lewis - Alice no País das Maravilhas).

E na pressa, os resultados financeiros de 2019 da CVC (SA:CVCB3) foram apresentados para o mercado. Publiquei no mês passsado uma análise sobre "No-Show" nos balanços da CVC. E pela surpresa de todos, a companhia apresentou em seu recente relatório resultados de balanços não auditados, que, via de regra, não apresenta veracidade, e, consequentemente, acabou por evitar uma romaria de investidores pela busca do papel, gerando incertezas.

Bastante comum no dia-a-dia do mercado.

"É tarde! É tarde! É tarde até que arde! Ai, ai, meu Deus! Alô, adeus! É tarde, é tarde, é tarde!” - Cantou o coelho.

Descomprindo o prazo, a CVC precisou responder ao um ofício da CVM sobre o seu quarto prazo consecutivo.

Segundo as notas explicativas da companhia foi informado que "Falhas em seus controles internos que resultaram em distorções decorrentes de erros em determinadas contas contábeis e de atos praticados com indícios de fraudes contábeis" Um argumento convicente que eu mensurei no texto "Cultura da gambiarra, quando o passado continua sendo o prólogo". (vide artigo). Fraudes contábeis, relacionados ao expurgo e manipulação de custos em relatórios além de outras vicissitudes que ocorrem dentro de corporações, como também em suas auditorias externas com intuito de gerar resultados promissores, anabolizando resultados contábeis, enfeitando balanços, consubstanciando informações e desobedecendo as normas contábeis, porque "Se você obedece todas as regras, acaba perdendo a diversão." 

No final, sabemos que o castigo vem a cavalo!

Sobre os numeros
NOTA EXPLICATIVA 4 - Página 38

R$ 362,384 apurados R$93,829 é referente ao 4T2019 (A previsão inicial era de erros contábeis de R$ 250 milhões, depois aumentados para R$ 350 milhões e que agora chegam a R$ 362,384 milhões).
Ao exercício de 2019, causando redução na receita líquida consolidada de R$ 88,566 milhões e aumento da despesa consolidada de variação cambial de R$ 5,263 milhões.

Outros R$ 135,109 milhões referentes a 2018, causando redução na receita líquida consolidada de R$ 127,248 milhões e aumento da despesa consolidada de variação cambial de R$ 7,861 milhões, e R$ 133,446 milhões de 2018, causando redução do patrimônio líquido no mesmo montante.

DADOS FINANCEIROS
Os dados financeiros não auditados da CVC Corp em 2019 incluem:
Receita líquida de vendas de R$ 1,76 bilhão (+14,6%)
Lucro bruto de R$ 1,62 bilhão (+14,8%)
Lucro antes do resultado financeiro de R$ 342,8 milhões (-24,2%)
Lucro antes do IR e contribuição social de R$ 116,9 milhões (-54,8%)
Lucro líquido de R$ 47 milhões (-65,3%)

DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas de vendas: as despesas com vendas atingiram R$290,6 milhões, um crescimento de 23,6% em comparação a 2018, em função de maiores gastos com marketing.

Perda Estimada por valor recuperável: as despesas com perdas estimadas atingiram R$48,3 milhões, um aumento de 27,1% em comparação a 2018, em função do aumento da carteira própria de financiamento e de uma política de provisionamento para perdas mais conservadora.

Despesas Gerais e Administrativas: as despesas gerais e administrativas cresceram 16,8% em 2019 em comparação a 2018, totalizando R$653,2 milhões, devido à maior estrutura administrativa advinda das aquisições feitas no período e aumento do custo de mão de obra pelos ajustes salariais no período.

O resultado financeiro líquido totalizou uma despesa de R$225,8 milhões em 2019 em comparação a R$193,4 milhões em 2018, devido principalmente ao aumento do endividamento líquido médio da companhia no período.
(Dados Relação com Investidor CVC)

A CVC informou que os ajustes contábeis não vão impactar na geração e nos saldos de caixa reportados nas suas demosntrações financeiras, pois, o capital de giro reportado no periodo seria reduzido no mesmo montante, e os valores transferido aos seus credores.

A CVC teve a auditoria independentes como a Ernest & Young (E&Y), em 2017 e, posteriormente a KPMG se encarregou de realizar as análises no periodo de 2018 a 2019.

Realmente, para converter a situação em que se encontra, a CVC precisa ser capaz de labutar e muito para resgatar a confiança de seus investidores, e da própria companhia em si. A CVC diz que realizou adequações nos seus sistemas, processos e controle relacionados à preparação de suas demonstrações financeiras aumentando a sua governança.

A companhia considera uma melhora nas condições econômicas com a retomada do setor aereo, apostando no turismo doméstico e pacotes para o periodo de festas, e a empresa Decolar, em sua pesquisa, identificou que buscas por viagens para o período de Natal e do Réveillon se encontra em percentuais acima do padrão. Não é para menos, comparável ao Hall de entrada para o mundo da Alice, a quarentena causou esse extremo sentimento de aprisionamento, e gradualmente novas medidas de flexibilização está se acentuando, nos trazendo novamente ao cenário do pré-crise. Logo, uma aurora dos tempos vai se consolidar no planeta.

É cedo dizer, como será as mudanças no pós-crise (vão ser muitas). Cada país adotara uma medida para os "Gaijin", e repito, as mudanças vão ser díspares em cada provincia abrangendo economia, cultura, entre outras lacunas não pensadas ate aqui.
Essa reabertura, demonstra que o consumidor está ansioso para viajar e já está se planejando com mais antecedência, mas precisamos ficar atento não só os dados divulgados, como também no nosso dia a dia no consumo e nos serviços.

No Chá de Desaniversário, o Chapeleiro Morgan Stanley (NYSE:MS) por intermédio de suas subsidiárias aumentou sua participação em 5,2% nas ações ordinárias da companhia. Um bom presente de desaniversário para a CVC, por sinal, capitalização e o que a companhia mais precisa nesse momento de restrição orçamentária.  
Há aqueles que aposta em uma retomada no setor, mesmo aos trancos e barrancos das contas que a empresa atualmente enfrenta. O cenário global apresenta um certo grau de incerteza para retomada, ao passo, do atraso para o descobrimento na vacina.

Coelho batendo em seu relógio, por estar atrasado...

Será nós, os investidores Pessoas Físicas sendo a Lebre de Março ou Dormidongo apostando na recuperação do setor ao abrir uma posição Long ou Short desse papel?  Cabe aos Investidores analisar com o seu agente, além de estudar e pesquisar o papel.

Bons Investimentos!

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