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Lições Turcas

Publicado 15.08.2018, 09:08
Atualizado 14.05.2017, 07:45

Nos últimos dias, os mercados financeiros globais foram sacudidos por um forte estresse vindo da economia turca. O que está ocorrendo na Turquia, que tanto atemoriza os investidores internacionais e contamina, por tabela, os demais emergentes, como o Brasil? Quais lições podemos tirar desse azedume turco?

Não faz muito tempo, a Argentina precisou fechar um acordo com o FMI. Ali os mercados financeiros acenderam a luz amarela. Desde então, a Turquia vem experimentando uma onda ainda mais desfavorável, que culminou, na semana passada, com uma alta de 15% no CDS (uma medida de risco) do país e um derretimento da moeda, a lira turca, que atingiu sua pior cotação na história, com perdas de 20% num único dia.

O presidente Tayyip Erdogan governa por mais de 15 anos. Durante parte do seu mandato, o país desfrutou de elevado crescimento. Em alguns momentos, os analistas (mais otimistas) comparavam a Turquia à China. Exagero!

Venho alertando, nos meus textos aqui no blog, que esse período de bonança na economia global, de farta liquidez, tendia a uma reversão ao longo de 2018. A tese que advogo é que enquanto os bancos centrais (BCs) do mundo estavam injetando dinheiro nos mercados, para mitigar os efeitos da crise de 2008, tudo parecia soar bem.

Agora, contudo, com os BCs sinalizando que vão inverter a mão, à medida que as taxas de juros globais subirem, mesmo que gradativamente, os investidores tendem a migrar seus recursos. Isso significa que eles se tornarão pouco amistosos (minimamente seletivos) com os mercados emergentes, onde haviam ido “dar uma passeada” à procura de rendimentos elevados, quando a taxa de juro nas economias centrais estava próxima de zero.

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Voltando ao tema, em determinados aspectos a Turquia se assemelha ao Brasil pré-crise. Como nós, acabou perdendo uma grande oportunidade em direcionar a dinheirama que recebeu do exterior para investir em infraestrutura de longo prazo, o que geraria ganhos de produtividade. Ademais, como aqui, muitas empresas se endividaram em dólares e, com a lira turca derretendo, os resultados das mesmas desabam. Para agravar o quadro, a carestia explodiu. A inflação está acima de 15%, praticamente o triplo da meta do banco central e, com a enorme desvalorização da moeda, as importações ficarão ainda mais caras, o que provavelmente baterá nos índices.

Muitos analistas turcos defendem que boa parte das causas da derrocada está relacionada aos tumultos políticos, depois de uma tentativa fracassada de golpe contra o presidente, em 2016, além das tensões com vizinhos europeus e, mais notadamente, com os americanos, com quem estão envolvidos numa questão diplomática.

Mas não foi só. O presidente Erdogan caracterizou seu governo por ser um “tocador de obras”, para gerar empregos e agradar a classe média do país, que lhe dava a sustentação necessária. O problema é que tais obras não foram em infraestrutura. Dessa forma, acabou originando um brutal déficit em conta corrente no balanço de pagamentos, de quase 6% do PIB, sendo um dos mais elevados entre os emergentes. Só para comparar, o nosso é inferior a 1%.

O ponto é que, numa situação como essa, de elevada inflação e buraco nas contas externas, um banco central independente teria, pelo livro texto, atuado há tempos, elevando suas taxas de juros. Todavia, a comunidade internacional crê que Erdogan controla seu BC com mão de ferro, o que parece fazer sentido. Assim, quando a autoridade monetária agiu, a partir de maio, elevando fortemente a taxa de juro para conter a inflação e a sangria da lira, já era tarde.

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Esses eventos turcos podem nos dar indícios de como poderíamos evitar cair em ciladas parecidas por aqui. Em breve, teremos eleições presidenciais em nosso país e não podemos nos deixar levar por essas tentações populistas, à lá Erdogan, que discursa contra os banqueiros, por agirem de forma pouco patriótica, porque são especuladores dos “juros altos”, contra o país.

Não é simples sair do buraco em que o país se meteu. A mudança na economia, prometida pelo presidente no auge do estresse da semana passada, não deve surtir efeito pacificador para os mercados, pelo menos no curto prazo. As exportações, que poderiam ajudar na recuperação, são dependentes das importações. Esse é o pior dos mundos, quando se vive uma crise de confiança, que atinge a moeda de forma brutal, já que a lira turca perdeu 40% de seu valor em 2018.

Para nós, as lições da Turquia deveriam estar no radar de nossos candidatos e seus formuladores de política econômica. É preciso cuidado com o cenário macroeconômico a partir de 2019 e como as decisões a serem tomadas pelo novo mandatário impactarão o país. Como gosto dizer aos meus alunos: “Pouco importa se sua resposta a algo é motivada por virtude ou vingança: as consequências serão as mesmas”.

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