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O Castigo é Inevitável?

Publicado 15.08.2018, 10:51
Atualizado 14.05.2017, 07:45

“Just take a seat they're always free
No surprise no mystery
In this theatre that I call my soul
I always play the starring role”

So lonely - The Police

Não sei se Jung estava certo ao dizer que dentro de cada um de nós há um outro que não conhecemos e que se manifesta por meio dos sonhos. Mas que desconfio haver na atividade onírica uma expressão de nosso espírito, ah, isso sim…

Sonhei que vivia num país estranho, nada a ver com o Brasil.

Nele, o candidato da direita, líder nas pesquisas, tinha um histórico de votações sobre temas econômicos no Parlamento igualzinho ao dos partidos de esquerda.

Esse mesmo candidato teria se convertido ao liberalismo, mas dinheiro da China que é bom… opa… daí ele não topa. No pesadelo, criou-se o conceito de livre mercado com fronteiras, em que o dinheiro tem carimbo. Para os chineses, não valem as mesmas regras dos demais. E tenho dito!

Já o candidato do centrão, raposa da velha política, era o maior defensor da mudança.

Por sua vez, o candidato do partido do governo defendia os feitos da época de seu maior antagonista nas eleições.

Todos eles queriam fazer o ajuste fiscal sem uma postura fiscalista. E todos queriam privatizar tudo, menos tudo o que é estratégico.

O único jornal efetivamente de finanças era de esquerda e apoiava a liberdade de expressão de maneira – só vale se for para se expressar do mesmo jeitinho dele.

O presidente da Suprema Corte tinha sido reprovado em concurso para juiz.

O cidadão comum não comprava ações porque era muito arriscado. Preferia poupança e bitcoins. Ele também amava imóveis, mas fundos imobiliários não eram muito a dele, não.

As pessoas compravam Bolsa para ter renda, e renda fixa para ter retorno de Bolsa.

A corretora que pregava a desbancarização queria mesmo é virar banco.

As empresas não gostavam de dar lucros. Para captar dinheiro no Vale do Silício, era preferível ficar no prejuízo e ser avaliado pelo número de page views, pelo seu “adressable market” e pelas bonitas apresentações em Keynote. No momento em que dessem lucros, passariam a ser avaliadas por uma relação P/L e isso, claro, ninguém quer.

Ainda bem que, ao menos no sonho, a carga tributária era baixa.

Dormia tranquilo até que o sono foi interrompido por uma invasão de Nêmesis. Acordei assustado, temendo que, com seu caráter inevitável, a deusa da vingança viesse a castigar um país como esse.

Isso seria bem complicado. Na etimologia da coisa, Nêmesis estaria ligada a um certo princípio de justiça distributiva e, depois de um período particularmente favorável sem o devido mérito, viria algum ato de justiça compensatório, num castigo contumaz e inevitável. Zeus me livre!

Depois do período favorável para os ativos de risco brasileiros iniciado em janeiro de 2016, por antonomásia, agora teríamos uma grande penalização.

Seria mesmo o caso?

Tenho conversado com muitas pessoas. Quando falo isso, incluo também toda a equipe de 32 analistas da Empiricus e as conversas que eles mesmos mantêm com os melhores participantes do mercado. Se o líder (e estou nessa condição apenas por imposição das circunstâncias históricas e da força do acaso) é aquele que age pelos braços dos outros, tomo as reuniões profissionais do pessoal aqui, em alguma instância, como a própria extensão de mim mesmo.

Encontro de tudo – já vi até cavalo com soluço. Há os otimistas projetando Ibovespa a 115 mil pontos no final do ano com a vitória do candidato considerado reformista. Dólar seria 3,30 reais e juros não iriam para cima de 9 por cento ao ano no horizonte tangível.

Existem os moderados, que veem as coisas mais ou menos bem apreçadas diante da matriz de possibilidades de cenários.

E há também, claro, os mais pessimistas, que projetam dólar acima de cinco reais e juros subindo fortemente, tanto aqui quanto lá fora.

Sabe o que não identifiquei mesmo entre os mais pessimistas? Gente shorteando (apostando na baixa) da Bolsa brasileira. Mesmo entre os permabears, não há posições shorts relevantes. Um bom argumento aqui talvez seja que, se o dólar for mesmo para o nível que essa turma espera, as exportadoras vão ganhar dinheiro feito loucas e a decorrência lógica disso seria sua destacada apreciação em Bolsa, o que arrastaria o Ibovespa para cima (ou, ao menos, impediria uma queda), dado seu grande peso no índice.

Isso posto, diante da matriz de possibilidades, parece haver uma interessante assimetria para a Bolsa brasileira, quando considerada em termos agregados. No bom cenário, grande potencial de valorização. No ruim, certa estabilidade garantida pelas exportadoras.

Não quer dizer que todas as ações subiriam em todos os casos, fique claro. Aqui estou falando do índice consolidado. O argumento seria válido àqueles com capacidade de exposição passiva ao Ibovespa. Em outras palavras, Nêmesis não poderia vingar-se de BOVA11.

Contra esse, somente as intempéries da deusa grega Tique (análoga à romana Fortuna), que corresponde à sorte e ao destino. Contra o acaso e a aleatoriedade, ainda não descobrimos antídoto.

Como muito bem lembrou hoje o gênio Tostão em sua coluna na Folha, “o acaso nunca falha”. E citando Gilson Yoshioka: “No momento certo, com a ajuda do acaso, o desejo encontra a oportunidade”.

Mercados iniciam a quarta-feira em clima negativo, com recrudescimento da preocupação sobre a crise turca. Turquia anunciou pacote de retaliação sobre os EUA, dobrando tarifas sobre importação de automóveis, álcool, tabaco, carvão, arroz e cosméticos. Sabe-se lá qual será a resposta de Trump agora.

Para me deixar ainda mais preocupado, Eurasia se mostrou razoavelmente tranquila com a possibilidade de crise sistêmica advinda da Turquia. Maior trio de pés trocados do mercado de capitais mundial: Exame, Economist e Eurasia, não necessariamente nessa mesma ordem. Rabino também costuma ser bem azarado em Bolsa, mas aí é outra história.

Agenda é bastante cheia hoje com IBC-Br, proxy do PIB brasileiro, IGP-10 de agosto, fluxo cambial e vencimento de contratos de Ibovespa Futuro, o que pode agregar volatilidade ao pregão de hoje. Pesquisas eleitorais também estão no radar.

Nos EUA, saem produção industrial, vendas ao varejo, Empire State Index, produtividade da mão-de-obra, estoques das empresas, confiança das construtoras e estoques de petróleo.

Ibovespa Futuro abre em baixa de 1 por cento, dólar e juros futuros sobem com vigor.

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