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Os Bancos Realmente Têm Algo a Temer com o Brexit?

Publicado 18.09.2017, 16:21
Atualizado 02.09.2020, 03:05

por Jason Martin

À medida que a quarta rodada de negociações do Brexit, prevista para 25 de setembro, se aproxima, o volume de queixas surgindo nos setor de serviços financeiros a respeito da ausência de progresso está crescendo. Isso faz sentido. Até que o Reino Unido e a União Europeia assinem seus acordos comerciais, bancos operando na região não são capazes de avançar em estratégias para suas próprias atividades multinacionais.

Os preços das ações de bancos e a opinião pública sobre o valor de Londres como centro financeiro mostram claramente quem em todas as probabilidades, boa parte disso tudo é "ruído" político. Como discutiremos, o impacto das decisões políticas sobre o relacionamento futuro entre o Reino Unido e a União Europeia terá pouco, se é que haverá algum, impacto no setor bancário e nossas descobertas sugerem que seria melhor que os investidores se concentrassem em outras considerações.

Brexit: Negociadores continuam a discordar

Negociadores da União Europeia insistem que antes do início das negociações sobre as relações comerciais, tópicos cruciais como os direitos dos cidadãos, o pagamento do Reino Unido em sua partida e a discussão sobre a fronteira irlandesa devem ser tratados.

Contudo, mesmo após a terceira rodada de negociações concluída no final de agosto, os negociadores do Brexit pareciam não conseguir sequer chegar a um acordo se qualquer progresso havia sido feito.

"Não fizemos qualquer progresso decisivo quanto aos principais assuntos", afirmou Michel Barnier, negociador-chefe da União Europeia para o Brexit, no final das últimas negociações, embora ele tenha reconhecido que as discussões sobre a fronteira irlandesa foram "frutíferas".

Por outro lado, David Davis, negociador britânico e secretário de Estado do Reino Unido para saída da União Europeia, declarou que ambas as partes fizeram "progressos concretos".

A diferença óbvia de opinião naturalmente faz qualquer um se perguntar se Barnier e Davis estiveram de fato na mesma reunião, já que eles negociaram os termos da saída do Reino Unido da União Europeia, deixando os bancos em um estado constante de incertezas antes de importantes decisões sobre como progredir em suas estratégias para o Brexit.

Bancos em um limbo estratégico

"Diante da falta de clareza sobre as futuras relações entre União Europeia e Reino Unido, participantes do mercado estão tendo que tomar importantes decisões em meio a incertezas consideráveis", alertou em um relatório recente a Associação de Mercados Financeiros na Europa (AFME, na sigla em inglês), que se define como a "voz dos mercados financeiros de atacado da Europa".

Em conjunto com a UK Finance, que representa quase 300 das principais empresas que oferecem serviços financeiros, bancários, de mercado e relacionados com pagamentos dentro do Reino Unido ou a partir deste país, a AFME publicou um documento conjunto com sugestões para as autoridades britânicas e europeias sobre como lidar com as questões que estão surgindo com o Brexit.

"As incertezas contratuais em contratos transnacionais após o Brexit precisam ser abordadas rapidamente por todas as partes para evitar impactos danosos aos consumidores em ambos os lados do Canal da Macha", afirmou Steven Jones, diretor-executivo da UK Finance.

"Essa questão é abrangente e não se limita apenas aos bancos, afetando também produtos transnacionais e serviços transacionais de pagamentos, de seguros e de gestão de investimentos", acrescentou ele.

"Estima-se que 1,3 trilhão de euros (US$ 1,56 trilhões) de ativos bancários do Reino Unido estão relacionados com a provisão transnacional de produtos e serviços financeiros, muitos dos quais dão apoio às empresas exportadoras da União Europeia que são importantes mobilizadoras de crescimento", Simon Lewis, diretor-executivo da AFME, especificou.

Ambos os especialistas sugeriram que esclarecer essas questões é algo "crítico".

No cerne do problema estão exatamente essas "incertezas contratuais" com bancos globais sem detalhes sobre o que será exigido a eles para continuarem em suas atividades como de costume, se é que isso será possível.

Enquanto as manchetes são inundadas com informações sobre bancos estabelecendo planos de contingência que incluem a mudança de alguns empregados para Frankfurt ou Dublin, conforme informações do início desse mês, menos de 10 de aproximadamente 40 bancos que realizam atividades da União Europeia fora de Londres apresentaram, até agora, pedidos formais de licença para continuarem com atividades bancárias no bloco após a saída do Reino Unido.

Entre essas 40 instituições financeiras que realizam negócios na União Europeia e possuem sede em Londres, há bancos britânicos e bancos de investimento norte-americanos, juntamente com alguns grupos menores tanto da Ásia quanto do Oriente Médio, de acordo com Sabine Lautenshlaeger, vice-presidente na divisão de supervisão de bancos do Banco Central Europeu.

Em algumas situações, como no caso do Barclays (NYSE:BCS), do Citigroup (NYSE:C), do HSBC (NYSE:HSBC), do JP Morgan (NYSE:JPM) e do State Street (NYSE:STT), suas subsidiárias em Londres já são grandes o suficiente para serem supervisionadas diretamente pelo BCE, embora questões permaneçam exatamente quanto a qual permissão, se houver, eles precisarão ter se optarem por expandir suas operações ao Continente.

Entre os bancos britânicos, o próprio Barclays anunciou planos de assegurar uma licença ampliada para sua subsidiária na Irlanda, ao passo que o Royal Bank Scotland (NYSE:RBS) supostamente estaria negociando com reguladores holandeses sobre a transferência de parte de sua equipe de se suas atividades para a já existente subsidiária na Holanda. O Lloyds (NYSE:LYG) e o Standard Chartered (LON:STAN) já indicaram que poderiam apresentar pedidos formais antes do fim do ano.

Mesmo que a data limite do Brexit não seja antes de março de 2019, o pedido de uma licença bancária para um órgão regulador de um estado membro da União Europeia e para o BCE pode levar de seis a doze meses ou ainda mais caso haja uma precipitação de pedidos.

A quarta rodada de negociações entre Reino Unido e União Europeia foi adiada em uma semana e agora acontecerá em 25 de setembro por conta de um discurso a ser feito por Theresa May, primeira-ministra britânica.

De acordo com um porta-voz de May, a primeira-ministra fará um discurso em 22 de setembro em Florença, Itália, para destacar os tipos de vínculos que a Grã-Bretanha deseja ter com a União Europeia após deixar o bloco, preparando o cenário para discussões na sequência.

A quinta rodada de negociações foi provisoriamente agendada para 9 de outubro, ocorrendo apenas dez dias antes da reunião de cúpula de dois dias da União Europeia.

Rompendo com a linha dura dos negociadores da União Europeia, informações que surgiram no final de agosto sugerem que diplomatas franceses estariam pressionando o início de negociações comerciais com a Grã-Bretanha já em outubro.

Nesse sentido, a iminente reunião de cúpula da União Europeia poderá servir como um ponto crucial para os políticos da região reconsiderarem suas posições quanto a esse assunto, embora observadores mais céticos apontam para a atual falta de progresso e sugerem que a próxima reunião de cúpula em meados de dezembro seria um cenário mais provável para o início de negociações sérias.

Londres permanece como principal centro financeiro, ações do setor bancário não são punidas

Deixando tudo isso de lado, pouco impacto foi visto tanto na situação de Londres como o centro financeiro classificado como número um do mundo ou em preços de ações do setor bancário em geral.

Na 22ª edição da Z/Yen da classificação de centros financeiros de todo o mundo, conhecida como GFCI 22, Londres continuava a manter o primeiro lugar contra 107 concorrentes.

Classificações do GFCI

"Curiosamente, apesar das negociações do Brexit em curso, Londres caiu apenas dois pontos, o menor declínio entre os dez principais centros" observou o pesquisador.

Isso se compara à queda de 24 pontos em Nova York, o que a Z/Yen explicou se dever "presumivelmente a temores com o comércio dos EUA".

Centros financeiros no Continente permaneceram voláteis:

"As avaliações gerais para os centros europeus continuaram a flutuar enquanto as pessoas especulavam sobre que centros poderiam se beneficiar com Londres deixando a União Europeia."

"Entretanto, a maioria dos centros na região cresceu, com Estocolmo, Copenhagen e Viena apresentando fortes altas", concluiu o pesquisador.

Ações de bancos europeus e britânicos continuaram ilesas desde o referendo do Reino Unido sobre a União Europeia, realizado em 23 de junho de 2016.

Como pode ser visto no gráfico comparativo abaixo, os maiores bancos por total de ativos no Reino Unido, França, Alemanha e Espanha tiveram ganhos consideráveis apesar de quaisquer supostas preocupações com futuras regulamentações.

Bancos desde o Brexit

Especificamente, o HSBC (LON:HSBA) do Reino Unido viu suas ações subirem quase 43% desde o referendo da União Europeia, ao passo que o BNP Paribas (PA:BNPP) da França subiu 38% e o Banco Santander (MC:SAN) da Espanha teve ganhos de 35%, para citar alguns exemplos. Mesmo o Deutsche Bank (DE:DBKGn) da Alemanha, cujas ações caíram devido a preocupações com seu plano de recuperação, ainda conseguir registrar ganhos de 3% durante o período em questão.

O GFCI 22 e os exemplos acima de preços de ações de grandes bancos mostram que a opinião não foi afetada por preocupações sobre como acordos eventuais entre o Reino Unido e a União Europeia irão ocorrer.

Sem dúvidas, instituições financeiras enfrentam algumas "incertezas contratuais" uma vez que elas esperam que os negociadores solucionem as diferenças e estabeleçam quais serão as futuras regulamentações. Não surpreende que JP Morgan, Morgan Stanley (NYSE:MS), Citigroup e Goldman Sachs (NYSE:GS) procurem manter o contexto existente antes da decisão do Reino Unido e todos tenham feito doações à campanha pela permanência da Grã-Bretanha como parte da União Europeia.

Para investidores, a questão subjacente é exatamente como o efeito geral atingirá a contabilidade dos bancos. É certo que os custos de reorganização poderão atingir os lucros, mas não há uma forma de calcular este desconhecido.

De fato, Londres não é exatamente o lugar mais barato do mundo para realizar negócios e os bancos podem atualmente se beneficiar com a transferência dos serviços para localidades mais baratas. "No longo prazo, bancos norte-americanos poderiam se beneficia, dados os altos custos em Londres", um analista da CLSA disse ao Financial Times em julho de 2016, não muito tempo depois da decisão do Reino Unido deixar a União Europeia ter se tornado uma realidade.

Tem havido muitos comentários "autointeressados" sobre o que poderia acontecer dependendo do resultado das negociações para realizar uma estimativa viável de como um resultado ou outro eventualmente afetará os lucros. Em geral, bancos estão lutando para manter a situação existente tanto quanto possível.

O que precisa ser mantido em mente é que as incertezas com o Brexit não são o único fator a serem consideradas. John Gerspach, diretor financeiro do Citigroup, recentemente alertou que a receita total dos mercados no terceiro trimestre estava em torno de 15% mais baixa do que um ano atrás, quando a volatilidade aumentou devido às reações à decisão do Brexit e às eleições dos EUA.

Em outras palavras, fatores externos já estão prejudicando as receitas comerciais através da comparação ano a ano. E isso nada tem a ver com as negociações do Brexit.

Os modelos de negócios dos bancos precisarão, sem dúvidas, de ajustes qualquer que seja o resultado da negociação do Brexit. Contudo, até que o final do jogo esteja decidido pelos negociadores do Brexit, tentar prever o impacto sobre os lucros é meramente esporte para conhecedores.

Adicione a isso o fato de que as instituições financeiras possuem uma maneira estranha de pressionar através de meios burocráticos para garantirem lacunas regulatórias que permitam que eles realizem suas estratégias.

Por enquanto, o BCE já destacou suas próprias preocupações a respeito desse assunto. Bancos podem atualmente evitar a supervisão da autoridade monetária ao solicitarem uma licença de corretagem à supervisão nacional de países europeus em vez de uma licença bancária.

Embora isso os impeça de receberem depósitos ou concederem empréstimos, eles ainda poderiam negociar valores mobiliários.

Resumindo, o tempo está correndo para os negociadores do Brexit, mas as instituições financeiras provavelmente não se abalaram com os resultados, quaisquer que sejam eles. A jugar pelos preços das ações dos bancos desde o referendo da União Europeia, preocupações até agora foram insignificantes.

Seria melhor que os investidores se preocupassem com o impacto das considerações dos bancos centrais quanto à remoção da política acomodatícia nos balanços patrimoniais das instituições financeiras em vez de se preocuparem com o ainda incalculável efeito da "possível" realocação de recursos diante de decisões políticas indeterminadas.

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