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Pânico nos Mercados Pode Levar Dólar para Além dos Cinco Reais em Março

Publicado 09.03.2020, 11:49
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Como havia comentado na semana passada, achava o cenário traçado pela BB Investimentos, de dólar a R$4,75, perfeitamente normal e até um pouco otimista em relação ao cenário que, desde o fim de 2018, vem se desenhando na economia nacional. Inclusive indiquei, naquele momento, que a casa dos R$5 me parecia mais provável. Ironicamente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, também tratou do tema, limitando-se a dizer que “se fizesse muita besteira” poderia chegar mesmo a esse patamar. Ao que parece, a moeda americana ignorou a fala e hoje, durante a abertura, ficou a um ponto de atingir o estrondoso patamar de R$4,80.

A economia global está derretendo num ritmo não visto desde a crise de 2008-09, quando os mercados financeiros dos EUA chegaram a flertar com um colapso total, demandando uma intervenção maciça do governo, que injetou trilhões de dólares no sistema. A diferença, contudo, é que naquele caso a situação era inteiramente “humana”: uma série de decisões economicamente irracionais – a aquisição em massa de contratos de dívida de alto risco lastreados no mercado imobiliário dos EUA – corroeu a base de bancos e outras instituições.

Não é o caso do Coronavirus, que é regido apenas pela lei da seleção natural das espécies e cujas mudanças, para o bem ou para o mal, são absolutamente imprevisíveis. Ficando tudo como está, temos um cenário bastante negativo: a taxa de mortalidade da doença gira em torno de 3,4% e se espalhou rapidamente pelos quatro continentes, apesar de um esforço imenso para conter seu avanço na China e no restante da Ásia, onde surgiram os primeiros casos, mas também na Europa. O último caso é da Itália, que estabeleceu uma quarentena em torno da Lombardia, que comporta centros como Milão e Veneza, além de aproximadamente um quarto do país.

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Os impactos econômicos daquilo que alguns veículos, como a CNN, começam agora a chamar de pandemia – ainda que, por enquanto, contrariando a Organização Mundial da Saúde (OMS) – são imprevisíveis. Até o momento, companhias aéreas e setores do turismo foram as mais afetadas, devido às restrições impostas a mobilidade global. Eventos com grande concentração de pessoas estão sendo cancelados, o último deles foi o festival South by Southwest (SXSW), um dos maiores do mundo. Além disso, algumas das maiores empresas do mundo, como Facebook, Amazon (NASDAQ:AMZN) e Google (NASDAQ:GOOGL), pediram aos/às funcionários/as do Vale do Silício (sedes) e Seattle que adotem home office para conter a proliferação do vírus.

Como se não bastasse, leve-se em conta ainda que a Arábia Saudita e a Rússia, dois maiores exportadores de petróleo do mundo, romperam a parceria que, informalmente, chamava-se de OPEC+. A sigla indica a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC), encabeçada pela Arábia, mais outros países não membros, principalmente a Rússia. Antes, esses países trabalhavam em conjunto para frear ou acelerar a produção de petróleo em função da oferta e demanda. Entretanto, o rompimento do acordo informal levou a nação árabe a abrir a torneira, injetando excesso de oferta no mercado; a Rússia, por sua vez, promete fazer o mesmo, estando caracterizada assim uma guerra de preço: ao longo do fim de semana, o preço do barril chegou a cair 30%.

Isso se sobrepõe, como é importante lembrar, a um cenário global bastante precário: negociações sobre o Brexit estão ainda em aberto, a Guerra Comercial entre China e EUA não foi resolvida, as economias desenvolvidas continuam em desaceleração, porém com pouquíssimo espaço para estímulo monetário, dado que as taxas já estão em território negativo. No Brasil, a saída de capital estrangeiro em 2020 já supera o recorde de 2019 – em apenas 43 pregões, foram retirados cerca de 44 bilhões de dólares. Os cortes na taxa de juros (Selic) não bastaram para reanimar os ânimos do setor privado, embora tenham contribuído bastante para a alta no câmbio – colocando em xeque a eficiência da política de “câmbio baixo, juro alto”.

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O PIB não cresceu e o presidente, literalmente, deu banana para o fato – ou, melhor dizendo, pediu a um humorista que, fantasiado, o imitava, que fizesse por ele. A repercussão internacional, como de costume, foi negativa e se junta a uma longa lista de polêmicas inúteis perpetradas pela trupe do Planalto. Paulo Guedes, em almoço com lideranças das manifestações do dia 15 de março chorou e pediu apoio. O movimento, que já fez acenos ao autoritarismo e se coloca abertamente contra o Congresso e o STF – que enxergam como empecilhos ao avanço do país – recebeu endosso do Presidente, correndo uma relação já precária com os outros poderes.

Tudo isso, obviamente, joga contra uma recuperação da economia brasileira. Com a taxa de juros baixa, o país não tem quase nada a oferecer. Em suma, o juro oferecido pelo instrumento mais seguro da nossa economia, o título público, não paga em conformidade com o risco de se investir no Brasil – que, diga-se de passagem, aumentou 45% em 2020. Ainda assim, o Banco Central continuará avançando nos cortes, com o COPOM (Comitê de Política Monetária) praticamente garantindo uma redução pelo menos de 0,25%, em consonância com países economicamente desenvolvidos – coisa que o Brasil, definitivamente, não é.

Com a redução-surpresa da taxa de juros dos EUA – a primeira definida fora das reuniões ordinárias do Federal Reserve (Fed) desde a crise de 2008-09 –, deve ficar mantida a diferença entre as duas taxas. Entretanto, os cortes anteriores também mantiveram essa relação, mas o câmbio saiu de controle, como venho alertando há algum tempo. Quanto menor fica a Selic, menos atraente fica o país para o capital estrangeiro – constatado pelo fato de que o Real foi a moeda emergente que mais se desvalorizou frente ao dólar.

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Com tudo isso em mente, o provável corte deve terminar de pressionar o dólar ao inédito patamar de cinco reais, algo que não deve demorar muito tempo independente da ação do BC – que, até o momento, fez apenas intervenções pontuais. Em todo caso, a simples injeção de dólares abaixo do preço de mercado, sem que o problema estrutural da desvalorização do real seja solucionado, não faz muita diferença: na prática, grandes instituições compram a moeda com a confiança de que o preço voltará a subir – como de fato vem ocorrendo há meses.

Do ponto de vista técnico, o indicador ATR (average true range), que mede a volatilidade ou grau de oscilação dos últimos 14 pregões, aponta cerca de 59 pontos por sessão. Com o preço fechando em R$4,70 seriam apenas 30 pontos ou, por alto, cinco sessões de valorização seguidas para rompermos esse novo patamar de desvalorização do real – que equivaleria a menos de 20 centavos de dólar. Considerando que, entre o fechamento de sexta e a abertura de hoje o dólar já se valorizou aproximadamente 2,5%, não me parece surreal – na atual conjuntura do Brasil – que os cinco reais sejam rompidos até o fim desse mês.

Sobre o autor: André Salmerón é jornalista, investidor e pesquisador na área de análise do discurso, com ênfase em economia e sociedade.
Contato: afsalmeron@gmail.com

Últimos comentários

Comentarista tendencioso e besta
Passado um dia, o comentarista está acertando! Cotação R$ 4,82 e subindo.....
R$ 5,00 + (20%) R$ 1,00 = R$ 6,00 é logo ali......
Normal, tristeza de uns, alegria de outros, chama-se Riscos, bolsa é risco, manesinho
essa situação desmente qualquer análise....por mais concisa e lúcida que seja
Esta na hora de tirar o especulador brincando de ministro da economia e colocar alguém que tem visão sistêmica e pensamento estruturante de longo prazo.
Ah, cala a boca. Visão sistêmica que você diz é manter o dólar baixo artificialmente. Ou sejá, se da dinheiro pros rentistas, reclama. Se não da dinheiro pros rentistas, precisa trocar por um que faz o que os anteriores faziam. Davam dinheiro pros rentistas, jogavam a despesa no tesouro e depois o povo paga com os impostos. Quer criticar? Entenda como o mercado funciona primeiro.
pelo visto a bruxa do 71 entende de mercado! 😂😂😂Foi pra Acapulco com o dinheiro da faxina ... Uma festa danada !
O ponto chave da análise pra mim... Não adianta dólar alto e juros baixos, se o resto da casa está uma bagunça! Não adianta alinhar taxa de juros com países desenvolvidos, estamos longe de ser isso! O executivo, o parlamento e o judiciário fazem questão de demonstrar isso todos os dias... Onde estão todas as reformas que precisamos? Estão perdidas no jogo de empurra do planalto .
Vou lembrar que Venezia està no Veneto, nào em Lombardia. Eu sei porque sou de Milào
kkkkkkkkkkk... agora todo mundo previu dólar a 5,00... imagina a Empiricus que previu bolsa a 150 mil pontos. kkkkkkk
aqui é o país dos especuladores profissionais ....
Empiricus, tudo fraude
Dolar vai a 7/1 até janeiro de 2030.
Agora todo mundo previu dólar a 5,00... quero só ver como estão os clientes da Empiricus que jura que a bolsa vai pra 150mil pontos.kkkkkkkkkkkk.. até acredito que pode ir, mas eles devem estar dando muitas explicações agora.
O Brasil não precisa de rentistas ganhando 10% ao ano, sabendo que esse juro tem que sair do trabalhador brasileiro! Se não somos um país desenvolvido, então vamos começar a pensar e trabalhar como tal!
10% aa? "300, seremos 300 contra 3000 homens"
Pra quem tem preguiça de ler e não estiver afim de entrar no sensacionalismo, seguem alguns dados:  A taxa de mortalidade em Wuhan foi de 4,9% / A taxa de mortalidade na província de Hubei foi de 3,1% / A taxa de mortalidade em todo o país foi de 2,1% / A taxa de mortalidade em outras províncias foi de 0,16%. Diante da análise dos casos de morte, constatou-se que o perfil demográfico era principalmente do sexo masculino, correspondendo a 2/3 , do sexo feminino a 1/3 e sendo principalmente idoso, mais de 80% são idosos com mais de 60 anos e mais de 75 % apresentavam doenças subjacentes, como doenças cardiovasculares e cardiovasculares, diabetes e, em alguns casos, tumor. (SARS=9,6% / MERS=34% / Gripe suína=0,02%). Quem quiser acreditar que o vírus é o real motivo desse "colapso" que continue acreditando que BBB é sério.
Ih, pqp! Se eles estão dizendo que vai pra 5 reais, isso tem apenas um único significado, vai voltar pra 3 reais. eles nunca acertam.
Vai nessa bobao
Belíssima análise, Parabéns !!!
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