Com uma valorização de mais de 200% no ano, foi extremamente difícil bater o Bitcoin. Não estou aqui me referindo aos ativos tradicionais, mas como em 2018 o Bitcoin sofreu um ano de patinho feio, acho importante traçar o comparativo: no primeiro semestre a bolsa subiu 14% e o CDI está em 6,4% ao ano, com previsão de grande corte nas taxas de juros até o final do ano.
Porém, não foram só os ativos tradicionais que ficaram para trás comendo poeira: mesmo entre as criptomoedas, somente 12 tiveram valorizações superiores à do Bitcoin em 2019. E não se trata aqui de solidez dos projetos ou de reconhecimento: dentre as top 30 criptomoedas, somente duas, o Litecoin (LTC) e a Binance Coin (BNB) tiveram performances superiores à do Bitcoin no primeiro semestre.
Geralmente em bull markets é de se esperar que ativos desconhecidos, de menor liquidez performem melhor: quando a bolsa sobe, as small caps explodem. E em 2017 de fato foi isso que aconteceu no mercado de criptomoedas. Se o ano de 2017 foi bom para o Bitcoin, para as altcoins ele foi estupendo, um verdadeiro momento de exuberância irracional, com criptomoedas desconhecidas se valorizando exponencialmente. É claro, em 2018 tivemos uma gigantesca correção e o Bitcoin se mostrou muito mais resiliente do que as alts: o mesmo ocorre com a bolsa, que quando cai, faz as small caps despencarem.
Por que então em 2019 as altcoins não superaram em muito o Bitcoin, como seria de se esperar? Como sempre, é difícil apontar um culpado, mas há vários suspeitos. Em primeiro lugar, o período de exuberância irracional passou, levando com ele a disposição de investidores a aplicarem em algo que não tenha um produto funcional e com usuários. Lembram do EOS conseguindo US$ 4 bi em seu ICO sem sequer ter uma main net rodando? Dificilmente isso aconteceria hoje.
Não creio porém que esse seja a principal explicação para que o Bitcoin tenha se mantido imbatível no mercado de criptomoedas. O que acredito ser o principal motivo é que o Bitcoin é o próprio mercado de criptomoedas. De acordo com o Coin Market Cap, o Bitcoin tem exercido uma dominância de cerca de 60% do mercado, mas há grande chance de que o número seja ainda maior. Se ajustado ao volume negociado diariamente, é estimado que a dominância do Bitcoin seja superior a 80%. Se levarmos em conta que 95% do volume reportado é falso, o Bitcoin não apenas domina o mercado de criptomoedas: ele praticamente é todo o mercado de criptomoedas.
Como qualquer investidor sabe, é difícil bater o mercado: a maior parte dos gestores não consegue bater os fundos passivos, que acompanham um índice. Não haveria de ser diferente com as criptomoedas e, por isso, o Bitcoin reina soberano. Como se posicionar então levando em conta esse fator?
Vejo muitos investidores querendo investir em altcoins, não apenas por acharem que elas podem ter uma valorização exponencial, mas por acreditarem na importância da diversificação do portfólio. Geralmente a diversificação de uma carteira de investimentos reduz risco e pode potencializar o retorno, como nos ensinou o trabalho de Harry Markowitz, prêmio Nobel de economia. Só há um porém: para que os ganhos da diversificação existam, é necessário que haja uma correlação negativa entre os ativos. Infelizmente, no caso das criptomoedas, a esmagadora maioria possui uma enorme correlação positiva com o Bitcoin, de forma que não haja ganhos de diversificação.
No frigir dos ovos, se você quer bons retornos investindo em criptomoedas, a melhor opção é concentrar no Bitcoin, pois ao investir em altcoins você estará se expondo a uma relação risco/retorno terrível e sem ganhos de diversificação. Se quiser bater o mercado, já explicamos aqui qual pode ser a melhor alternativa: a arbitragem de Bitcoin. Dessa forma, você acumula o maior número de bitcoins possível, com uma excelente relação de risco/retorno.