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Será Mesmo a Morte do CDI?

Publicado 22.06.2020, 16:05
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Diversas vezes depois do Plano Real em 1994 ouvimos que o Brasil estava pronto para ter taxas de juros baixas que levariam o país à maturidade econômica financeira. Assim como na famosa peça do autor irlandês Samuel Beckett, nosso Godot nunca chegava.

Com a decisão do Banco Central de reduzir a taxa Selic para 2,25% ao ano e a possibilidade de novas quedas, podemos dizer que o dia chegou, infelizmente desacompanhado do cenário de maturidade que tanto almejávamos. A queda da taxa de juros é reflexo de mais uma crise econômica, que em função do coronavírus dragou o crescimento da economia mundial para níveis nunca vistos.

Sob a ótica do investidor, a primeira reação que nos vem à cabeça é que aplicar nosso dinheiro indexado ao CDI não renderá mais nada. Contudo, quando nos aprofundamos na análise, percebemos que nem tudo está perdido para o investidor que deseja continuar tendo uma rentabilidade interessante, sem se expor a riscos desproporcionais ao seu apetite.

A primeira e talvez mais importante análise que devemos fazer é diferenciar taxa de juros nominal e taxa de juros real. O CDI é uma remuneração nominal do capital. Atrelado a taxa Selic, que é definida pelo COPOM (Comitê de Política Monetária) e segue o modelo de metas de inflação para determiná-la. Simplificando bastante o raciocínio, quanto menor a inflação e a expectativa futura de inflação, menor a taxa Selic e consequentemente o CDI.

Fica fácil entender que, quando o CDI está baixo, obrigatoriamente a inflação, atual e esperada, está baixa. O IPCA, índice oficial de inflação, do mês de maio deve mostrar queda de 0,60% nos preços, e a pesquisa semanal do Banco Central prevê uma inflação anual de 1,59%.

Embora taxas de juros nominais elevadas como vivemos no passado nos deem a sensação de evolução rápida do patrimônio, parte dessa taxa está apenas corrigindo nosso capital pela inflação, ou seja, o que realmente importa é a taxa de juros real, que nada mais é que a taxa de juros nominal, menos a inflação verificada.

Em 2015, mesmo com o segundo CDI mais alto da série, tivemos uma taxa real de apenas 2,32%. Cabe aqui mais uma reflexão. Os investimentos no Brasil, salvo os produtos incentivados, pagam imposto de renda sobre o retorno nominal e não sobre o real.

Sendo assim, o juro real líquido de IR em 2015, quando o CDI foi 13,24%, foi de apenas 0,33% (2,32% - 1,99% de IR), quase o mesmo que o retorno líquido de IR de 0,31% projetado para 2020.

Em função do IR sobre aplicações financeiras, para um mesmo nível de juro real, é preferível termos CDI e inflação mais baixas.

Existem diversos ativos financeiros nos quais o retorno é indexado à inflação. A postura agressiva do Banco Central na queda da taxa Selic sugere que as projeções do mercado em relação à taxa de juro real no futuro tenham caído.

Mais uma vez focando a análise para uma visão de investidor, podemos dizer que mesmo com o CDI mais baixo, é possível comprar títulos com retornos reais melhores que antes da última queda. O mesmo movimento observado nos títulos públicos ocorreu no mercado de taxas de juros futuras pré-fixadas.

O mercado acredita que o preço justo do CDI de hoje até o fim de 2022 é de 4,30%. Isto quer dizer que se eu imagino que o CDI médio do período será mais alto que 4,30%, posso comprar os contratos futuros para travar esta taxa de juros caso o CDI suba. O contrário vale para quem acredita que o CDI médio será mais baixo.

Para finalizar a análise sobre o impacto da taxa de juros em nossos investimentos e principalmente os efeitos da queda do CDI, vale revisitarmos alguns conceitos. No mercado financeiro, o termo utilizado para definir o ganho adicional acima da taxa de juros básico da economia é chamado de alfa. Nós, gestores de carteiras, somos perseguidores incansáveis de alfa.

Durante anos, dado o histórico de CDI elevado, as carteiras e fundos eram medidos em percentual do CDI. Percentuais acima de 100% do CDI, geravam alfa positivo. Com a queda do CDI, temos feito o trabalho de alterar a remuneração dos ativos investidos por nós de percentual do CDI para CDI + alfa.

Temos ouvido diversos analistas de finanças pessoais enfatizarem que o investidor deve fugir do CDI. Esta análise nem sempre é verdade, uma vez que ativos que rendem CDI + taxa de juros podem ser bastante interessantes.

A demanda atual do mercado por liquidez tem propiciado alternativas muito boas de investimento em ativos com alfa elevado, algumas vezes acima de 5% ao ano.

Um ativo que rende CDI + 6% ao ano, por exemplo, renderá o juro real mais 6% ao ano. Se os analistas estiverem certos em suas previsões de CDI e inflação, uma carteira a 100% do CDI terá rendimento real de 0,65% ao ano. Já uma carteira com alfa de 6%, ou seja, que rende CDI + 6% ao ano será uma carteira que rende 6,65% de juro real, quase 10 vezes mais que uma carteira que rende 100% do CDI.

Resumindo alguns conceitos discutidos até aqui, entendemos que é importante sempre ter em mente que nosso patrimônio vai subir em função do juro real líquido de IR. Hoje, embora o CDI seja baixo, a curva futura não cedeu na mesma proporção e o mercado de crédito continua praticando alfas elevados. Cada vez mais é importante entender que, mesmo aplicando em CDI, o que importa é o alfa gerado pela aplicação.

Últimos comentários

Adorei o texto, assunto legal e muito bem escrito no quesito português, impecável.
O CDI já não existe faz muito tempo. Desde a criação do Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB. É apenas um zé com zé dos bancos, para ganharem alguma coisa sobre a massa de seus clientes. Como pode ser inferior ao Selic, que tem lastro em títulos públicos, melhor risco do país, se o CDI não tem lastro algum?
Pessoal mais alguma dica de investimentos com bom alfa?!?
faltou isso
também senti que faltou essa informação
Patrimônio não cresce com CDI, exceto se tu tiver algumas dezenas de centenas de reais para investir. Do contrário alocar dinheiro ao CDI é apenas fazer um fundo de reserva emergencial.
Deixa na poupança então te pagando 1,58% a.a. Depois de agosto, deve cair pra 1,35%. Ou debaixo do colchão. Já que ninguém quer Bradesco eu só compro BBDC3 a preço em dólar de 12 anos atrás...100% comprado....FUI...Bolsa a 105mil pontos até 10.07.
Se alguém souber de um produto de renda fixa que pague 100% do CDI + 6% a.a, me avise....rsrss. O máximo que consigo é 110% do CDI e olhe lá.melhor ir par Fiis, fazer o que.
procure por alguns CRAs
debentures incentivadas. na plataforma do BB investimentos tem
banco Pine está indo de prejuízo em prejuízo nós últimos 4 anos
Abordagem bem realista, linguagem acessível e boa visão do mercado futuro. Adorei o artigo!
Prudente e um porto seguro sempre (CDI), para flutuações do mercado. Parabéns.
Excelente texto e numa excelente linguagem!
Gente! Cada dia mais desde o dia 10 de março, estou vendo que esses analistas ou são doidos ou tentam nos fazer de trouxas. Onde já se viu aplicar em renda de 2,5 a 6% ao ano se qualquer um que comprar qualquer ação conhecida (mesmo hoje) tem no minimo 15% de lucro, e se tiver coragem segura de um ano a sete anos pode inclusive dobrar muito mais
concordo, mas tem gente que tem aversão a renda variável, ação.. aí nesse caso é válido
foi o que o camarada aí falou, por isso que existem os perfis de investidor, cada um tem sua aversão a risco
Quando vou no mercado vejo uma inflação muito maior, por isso na teoria ok. Mas na prática não é bem assim...
ótimo texto parabéns 👏👏👏
abraços. Excelente.
Muito bom !!! Parabens Bla bla bls so se for pra quem nso entendeu sua analise !!
bla bla bla bla bla
e ainda quer investir kkkkknão consegue ler nem uma mini texto.
Muito Bem! Parabéns pelo artigo. Muitos estão apressadamente correndo para investimentos de risco (boa parte das vezes excedendo seu apetite a risco) por conta de que agora a Renda Fixa teria acabado. O texto recoloca os bons fundamentos que não podemos nunca abandonar.
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