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Sobressaltos e Solavancos no Açúcar

Publicado 13.08.2018, 10:06
Atualizado 14.05.2017, 07:45

Uma vez mais o mercado futuro de açúcar em NY encerrou a semana em queda, com o vencimento outubro/2018 negociando a 10.54 centavos de dólar por libra-peso mantendo firme sua trajetória descendente alimentada pelas afamadas fixações tardias das usinas e ajudada pela desvalorização do real.

Muito embora tenhamos afirmado aqui não existir correlação entre a variação do dólar e o açúcar em NY, desde que a Petrobras (SA:PETR4) começou a usar o mercado internacional para formar preço dos combustíveis, em um cenário em que as fixações de vendas dos açúcares para exportação por parte das usinas estão atrasadas, é natural que elas vejam momentos de estresse na moeda brasileira como uma oportunidade para se fixarem seus açúcares e diminuírem o trauma financeiro que essa a lentidão em fixar preços lhes causou. Qualquer subida de preços é apenas uma oportunidade para os atrasados. Por isso, o mercado não consegue reagir.

Obviamente que as notícias vindas da Índia também “ajudaram” a derrubar o mercado. A queda de xx dólares por tonelada na semana teve a contribuição da Associação das Usinas de Açúcar da Índia (ISMA) pediu ao governo indiano que 20% da produção de açúcar fosse compulsoriamente exportada. Isso representa 7 milhões de toneladas de açúcar, apesar do abismo que separa o custo de produção do preço de mercado. Teria o governo indiano mais de um bilhão de dólares para bancar essa aventura? Outros analistas acreditam que a Índia deve exportar dois milhões de toneladas de açúcar em combinação com algum incentivo para a usina esticar o excedente. Ficaria mais barato e palatável num mercado de recursos escassos.

O quadro de completa indefinição acerca de quem será o próximo presidente embute uma dose excessiva de volatilidade no mercado de dólar, além de afugentar o consumidor que, conforme disse um economista ligado ao setor, age como se estivesse desempregado. Não consome, não faz planos, não troca de carro, pois está sempre apreensivo sobre até quando vai durar seu próximo contracheque. Isso talvez explique o consumo tímido de combustíveis no ciclo Otto. Já era de se esperar uma recuperação no consumo, no entanto, o consumo acumulado nos últimos doze meses foi de 52.9 bilhões de litros, uma variação negativa de 1.18%. No que tange ao cenário político brasileiro, é prudente se preparar pois sobressaltos e solavancos ocorrerão até que a névoa se dissipe, ou que tenhamos certa a eleição de um candidato pró-mercado.

No início da semana a Associação Brasileira do Agronegócio – ABAG apresentou seu congresso anual discutindo temas relevantes do agronegócio brasileiro. Um dos painéis que me interessou foi sobre Fontes de Financiamento para o Agronegócio, em que três diretores dos principais bancos do país discorriam sobre as atuais modalidades de financiamento do setor, juntamente com o economista José Roberto Mendonça de Barros, com os comentários do jornalista William Waack. Não é novidade que o Brasil carece imensamente de linhas de financiamento de hedge que são imprescindíveis para a saúde não apenas das empresas do setor, mas de toda a cadeia do agronegócio, inclusive dos bancos que a financiam. O risco de crédito do agronegócio poderia ser mitigado, ou mesmo eliminado, se tivéssemos pessoas dispostas a dedicar seu tempo e inteligência para desenvolver mecanismos que ajudassem as empresas a maximizarem o preço de venda de suas commodities com a utilização de derivativos. Querem um exemplo real?

Uma usina consegue financiamento de entidade financeira no exterior para atender aos pesados custos de início de safra. Consegue colocar a casa em ordem e quando negocia o açúcar com a trading para embarque ao longo do ano, esta lhe impõe restrições para a fixação de preços em NY, permitindo apenas que ela ocorra conforme for entregando o açúcar no porto, pois não quer correr o risco de crédito com a usina. Resultado, quando finalmente consegue fixar seus açúcares, a usina perdeu a oportunidade de preços melhores e, com menor receita, põe em risco o financiador original. Sem dinheiro, sem crédito, as restrições da trading só pioram e a janela de fixação disponibilizada à usina fica ainda mais apertada. E tudo vira uma imensa bola de neve.

É inacreditável que com tanta sofisticação no mercado financeiro e de derivativos agrícolas os bancos não tenham a menor boa vontade de criar um produto (seguro) que garanta ao produtor um mínimo de remuneração, contribuindo para a saúde financeira do próprio e do próprio sistema financeiro. Mesmo estruturas simples como a obrigação da compra de uma put (opção de venda), para garantir um preço mínimo de remuneração, ou outras um pouco mais elaboradas, incluindo uma call (opção de compra) para diminuir o custo de aquisição do seguro são fáceis de ser implementadas. A visão curta dos banqueiros, talvez incentivados pelo lucro mais fácil em outras estruturas apresentadas que – não raramente – aumentam o risco, é quase uma ofensa para um país com a vocação agrícola que tem o Brasil. Será que é má vontade apenas ou falta absoluta de formação?

Recebo o e-mail de um dos meus leitores (poucos) que relembra o artigo que escrevi há um ano “As commodities pegam forte gripe, o açúcar pneumonia” e de como o cenário ainda continua ruim. Ele declarou-se perplexo e desanimado. E dispara, “sinceramente não vejo perspectivas, salvo tentar enxergar em seus artigos semanais algo que nos alimente a esperança, a exemplo da granada da semana passada que aguardo a explosão”. O importante é não perder o bom humor, jamais.

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O “esquema” seria os participantes da bolsa em conjunto com o agronegócio fomentarem posições de compra ao longo do nosso cenário de entre safras? Para assim encarecer nosso valor...?
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