Eu sei que muita gente adora quando falo de séries. No último fim de semana, vi uma na Netflix que achei muito boa e, por isso, vou recomendá-la para você, até porque ela me trouxe um pouco de esperança, aquela luz no fim do túnel, para a nossa economia e Bolsa de Valores.
A série se chama Marte e mostra a primeira empreitada humana para, enfim, chegar ao planeta vermelho e iniciar sua colonização. Um ponto muito interessante é que a obra mescla imagens reais de explorações passadas e atuais (lideradas pela Tesla, empresa do Elon Musk) com ficção – afinal, ela se passa em 2033, quando possivelmente estaremos enviando as primeiras pessoas para lá.
Fato é que a série traz uma reflexão óbvia sobre nosso instinto de sobrevivência, o que fez do ser humano um explorador. Desde as grandes migrações de 100 mil anos atrás, passando pelas Grandes Navegações que culminaram, entre outros fatos, na “descoberta” das Américas, até os programas espaciais e a atual globalização das empresas, é da nossa natureza expandir, conquistar, propagar e, principalmente, sobreviver.
E é exatamente esse instinto de sobrevivência que me faz ficar um pouco mais otimista sobre as possibilidades do Brasil daqui para a frente.
Quando o cenário está muito ruim e o Brasil parece prestes a cair no buraco, historicamente, ele faz alguma coisa e se mantém em pé, um sobrevivente nato.
Na época da reforma da previdência, era óbvio para mim que ela seria aprovada, fosse no governo Temer, fosse no governo Bolsonaro, ou em qualquer outro governo, pelo simples fato de que não havia outra opção viável. O déficit previdenciário era tão grande e crescente que algo precisava ser feito. E assim foi – à moda brasileira –, com jeitinho, muita emoção envolvida e aos 45 do segundo tempo, é verdade.
Agora, vejo que chegamos ao mesmo ponto em relação ao déficit fiscal. Segundo lista divulgada recentemente pelo FMI, o Fundo Monetário Internacional, o Brasil é o segundo pior país quando se observa a relação dívida/PIB entre os países emergentes, perdendo apenas para Angola. Se a situação fiscal brasileira já era muito ruim, os gastos emergenciais devido à pandemia do novo coronavírus (quase R$ 1 trilhão) tornaram a situação crítica, a ponto de se tornar insustentável se algo não for feito.
E, novamente, em minha opinião, quando não houver mais alternativas, algo provavelmente será feito para garantir nossa sobrevivência.
Um exemplo disso aconteceu recentemente. Houve um jantar entre os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia, respectivamente, com o ministro da Economia Paulo Guedes, cada um representando sua esfera de poder, no qual foi selada uma espécie de armistício em prol do Brasil. O jantar foi regado a falas de que era necessária união para resolver o problema, mas até então não houve nenhuma proposta concreta.
É fato que existem diversas formas de se resolver a questão do déficit: aumento de impostos, corte de gastos, reformas estruturais (como a administrativa e tributária), privatizações e até mesmo pedaladas – sim, elas foram mais comuns do que se pensa, mas não vamos discutir isso agora.
A pergunta que fica é: qual será a fórmula escolhida? Eu não faço ideia, mas cada vez mais acho que estamos perto de alguma decisão. Até porque, do jeito que a situação está, não dá para continuar.
Assim, inspirada pelo nosso inato instinto de sobrevivência, posso afirmar que eu vejo uma luz no fim do túnel para a situação do país. Ela ainda é fraca, mas já traz uma perspectiva de melhora da situação.
Só espero que essa luz seja realmente a saída do túnel, e não a de qualquer outra coisa vindo na direção contrária.
Abraços.