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Produtores de Petróleo nos EUA Preferem Ganhos Imediatos a Perdas no Longo Prazo

Publicado 12.05.2020, 10:04
Atualizado 02.09.2020, 03:05

Certamente não estamos vivendo as oscilações dos dias de produção desenfreada. Mas a produção de petróleo nos EUA continua subindo de maneira gradual e constante desde o repique dos preços nas últimas duas semanas.

E esse é o pior cenário que poderia acontecer para a saúde da indústria de shale oil no longo prazo.

Os crashes profundos e prolongados nos preços não são novidade no petróleo. Entretanto, nunca antes o produto sofreu o duplo golpe representado pelos choques simultâneos de oferta e demanda, responsáveis por gerar transtornos jamais vistos no mercado.

Os confinamentos forçados pela pandemia nos últimos dois meses não só eliminaram praticamente uma década de demanda petrolífera. Eles viraram os mercados de cabeça para baixo de forma desesperadora, com deslocamentos regionais e destruição desigual de demanda entre os produtos, pavimentando o caminho para uma recuperação bagunçada e desconjuntada, segundo a Energy Intelligence, de Nova York, em um blog publicado na semana passada.

Respostas dia a dia

O CEO da Royal Dutch Shell (NYSE:RDSa), Ben van Beurden, também notou que a atual dinâmica no petróleo envolve “um nível de incerteza impossível de modelar com cenários” e as respostas a questões de oferta e negociação precisam ser dadas “dia a dia”.

É aí que entra o debate sobre a recuperação de preços que estamos vendo. Com exceção do modesto declínio de menos de 2,5% na segunda-feira, o petróleo norte-americano West Texas Intermediate (WTI), tem registrado ganhos fenomenais ultimamente: 25% na semana passada; 17% na semana anterior; e 100% desde as mínimas estabelecidas há 11 dias. E isso tem estimulado a produção.  

WTI Futures Daily Chart

Os poços fechados na região de Midland, na bacia do Permiano, começaram a ser reabertos, segundo Mackie McCrea, diretor comercial da Energy Transfer (NYSE:ET), gigante no setor de oleodutos, em uma teleconferência na segunda-feira.

“Cerca de 8% dos volumes de petróleo transportados pela rede de dutos da Energy Transfer em Midland foram fechados no início do mês”, de acordo com uma reportagem da Bloomberg. Desde o início desta semana, cerca de 25% desse total já haviam retornado à operação, afirmou McCrea.

Abandono de cortes

As notícias sobre o aumento gradual de produção no Permiano surgiram quase uma semana depois que a Diamondback Energy (NASDAQ:FANG) e a Parsley Energy (NYSE:PE), dois grandes produtores de shale, disseram que tudo o que precisavam era o petróleo a US$ 30 por barril para flexibilizar as restrições de produção e começar o fraturamento de novos poços. O WTI está sendo negociado atualmente abaixo de US$ 25, enquanto o Brent, referência mundial do petróleo, gira em torno de US$ 30.

Brent Futures Daily Chart

A Diamondback inicialmente prometeu reduzir a produção deste mês em 10% a 15% e enviar para casa a maioria das suas equipes de fraturamento durante todo o trimestre. A empresa sediada em Midland, Texas, declarou que espera encerrar o ano com mais de 150 poços perfurados mas não fraturados, na medida em que os produtores americanos estão evitando extrair petróleo diante da sobreoferta existente no mercado. A Parsley Energy, nesse ínterim, cortou um quarto da sua produção e abandonou temporariamente seu programa de uma equipe para cinco sondas e dois fraturamentos.

O abandono dos seus objetivos pode minar a palavra do presidente Donald Trump de que os Estados Unidos farão com que a Arábia Saudita e a Rússia voltem a retirar pelo menos 9,7 milhões de barris por dia (bpd) do mercado mundial a partir de 1 de maio. Trump indicou que a parcela dos EUA no acordo seria de cerca de 2 milhões de bpd.

Mas nem todos os perfuradores voltaram a “abrir a torneira” novamente. A Continental Resources (NYSE:CLR) e a Callon Petroleum (NYSE:CPE) estão mantendo os cortes planejados. A Rystad Energy, consultoria de risco em petróleo sediada em Oslo, afirmou que os perfuradores americanos de forma geral planejam cortar mais de 600.000 bpd até o fim de junho.

De sua parte, os sauditas parecem estar cumprindo bem mais do que sua cota original de cortes. O reino elevou seu preço de venda oficial do petróleo Arab Light (SA:LIGT3) na última semana, e o ministro de energia do país, Abdulaziz bin Salman, declarou, na segunda-feira, que mais 1 milhão de bpd seria cortado em junho, fazendo com que a produção total seja de 7,5 milhões de bpd, uma queda de quase 40% em relação a abril.

Velha história: os sauditas cortarem, os americanos produzem de volta

Mas se a Diamondback e a Parsley continuarem persuadindo um número maior de perfuradores com suas ações e se os preços do barril nos EUA continuarem seguindo em direção aos US$ 30, haveria um comprometimento ainda maior dos cortes cruciais para o rebalanceamento da oferta mundial. Tudo isso nos faz lembrar daquela velha história bem conhecida no petróleo: qualquer quantidade cortada pelos sauditas será compensada pela produção dos americanos.

A situação era tão preocupante que o Goldman Sachs chegou a emitir uma nota de alerta aos seus clientes antes do fechamento dos mercados na sexta-feira, dizendo:

“Embora os investidores estejam menos negativos em relação à demanda, a alta do Brent para cerca de US$ 30/bbl e do WTI para perto de US$ 25/bbl está aumentando a preocupação de que podemos estar sacrificando a alta do petróleo no futuro em favor dos níveis atuais, o que pode provocar uma reversão precoce das atuais interrupções de produção nos poços.”

O banco de Wall Street declarou:

“Isso tem deixado os especialistas desconcertados, principalmente em relação a empresas com balanços patrimoniais mais frágeis, inclusive aquelas que possam estar protegidas contra preços mais baixos em 2020.”

 Mais concessões dolorosas

John Kilduff, sócio fundador do hedge fund de energia Again Capital, em Nova York, afirmou que a atual situação do petróleo exige concessões mais dolorosas por parte dos perfuradores americanos.

 “Não existe outra alternativa, eles precisam ser pacientes para manter a queda da produção por tempo suficiente, a fim de compensar o pior período de demanda já vista no petróleo", segundo de Kilduff. “Sei que parece cruel não poder se beneficiar da oferta de mais barris diante de uma oportunidade surgida. Mas, esse é o melhor remédio de longo prazo para rebalancear o mercado.”

A mudança nas tendências de produção no Permiano também foi um alerta para quem está comprado no mercado. Kilduff afirmou:

“Para os hedge funds que não param de impulsionar o petróleo, esse é mais um sinal de que o mercado não está pronto para preços na faixa intermediária de US$ 20, quanto mais de US$ 30.”

Aviso de isenção: Barani Krishnan não possui posições nos ativos sobre os quais escreve.

 

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