Por Barani Krishnan
Investing.com - Os preços do petróleo registraram sua terceira perda semanal em quatro na sexta-feira (25), com analistas alertando sobre um futuro mais sombrio para o mercado depois que um aumento inesperado na produção na Líbia aumentou as preocupações sobre a demanda.
O West Texas Intermediate negociado em Nova York, o principal indicador dos preços do petróleo nos Estados Unidos, caía 23 centavos de dólar, ou 0,6%, a US$ 40,08 por barril. Na semana, o WTI perdeu 2,1%.
O petróleo Brent negociado em Londres, a referência global para o petróleo, caía apenas 14 centavos, ou 0,3%, para US$ 41,80 por volta das 16h55 (horário de Brasília). Durante a semana, o Brent perdeu 3%.
Desde a reunião da Opep+ da semana passada, que mais ou menos reafirmou os cortes de produção até o final do ano, os preços do petróleo foram puxados para os dois lados por variáveis mistas.
O que deu suporte foi a noção de que os cortes na produção poderiam equilibrar melhor o mercado, ajudados ainda mais pela queda de estoques de petróleo dos EUA.
O que pesou sobre o mercado foi um acordo de paz inesperado entre facções em conflito na Líbia, que poderia trazer até 1 milhão de barris a mais para o mercado.
A National Oil Corp da Líbia disse esta semana que espera que a produção suba para cerca de 260.000 barris por dia, ou bpd, na próxima semana, ante cerca de 100.000 bpd antes do bloqueio de seus portos e campos de petróleo levantados pelas forças alinhadas ao general renegado Khalifa Haftar.
Analistas estimam agora que a produção total da Líbia pode chegar a 550.000 bpd até o final do ano e quase 1 milhão de bpd em meados de 2021. Tudo isso para um país que não exportou um único barril desde janeiro devido à guerra civil forçada por Haftar. Em seu pico em 2008, a Líbia produziu quase 1,8 milhão de bpd.
A mudança na dinâmica do mercado poderia forçar a Opep de volta à prancheta para descobrir o que fazer com toda aquela oferta inesperada.
“Não precisamos de petróleo extra”, disse Marco Dunand, cofundador e chefe-executivo da Mercuria, à Bloomberg em uma entrevista esta semana, referindo-se à maior produção da Líbia.
Dunand disse que os estoques globais de petróleo aumentaram de 500.000 a 1 milhão de bpd em setembro, mas cairão cerca de 1 milhão de bpd no quarto trimestre.
Ele acrescentou: “Vemos uma boa quantidade de petróleo indo para os navios, para o armazenamento flutuante, agora. Estamos enchendo de tanques o armazenamento flutuante e terrestre em setembro. Houve uma desaceleração no processo de reequilíbrio global.”
Enquanto isso, a analista Emily Ashford, do Standard Chartered, disse em um painel de discussão organizado pela Bloomberg que um possível colapso no acordo da Opep+ é o maior risco negativo para o mercado de petróleo.
Outro problema observado pelos analistas da Bloomberg: a diferença entre contratos futuros de meses distintos, sinalizando mais fraqueza. Os spreads entre os dois contratos mais próximos para os futuros do petróleo Brent e WTI recentemente se aprofundaram no contango - significando perdas para aqueles que rolam tais posições mês após mês.
Também surgiram notícias no início deste mês de que os comerciantes de commodities estavam fretando mais petroleiros para armazenar petróleo bruto no mar, gerando preocupação de que poderíamos ver algo como uma repetição desta primavera no hemisfério norte, quando centenas de milhões de barris de petróleo não vendável tiveram que ser despejados em navios-tanque porque o armazenamento em terra lotou. Depois que os bloqueios terminaram, as vendas de petróleo começaram a melhorar, mas não para o combustível de aviação, que continua sendo o componente de pior demanda do lote.