Investing.com - Na tarde desta terça-feira, as ações da Kroton (SA:KROT3) disputam a ponta negativa do Ibovespa com as da CSN (SA:CSNA3). Na noite de ontem, o grupo educacional informou que a companhia irá criar uma holding para supervisionar quatro empresas focadas no ensino superior e no ensino fundamental e médio, como parte de uma ampla remodelação organizacional.
Nesse sentido, os papéis da companhia recuavam 3,52% a R$ 10,42, por volta das 14h45, depois de já ter registrado queda de 2,70% na véspera.
Segundo a companhia, a holding, Cogna Educação, será liderada pelo presidente-executivo Rodrigo Galindo, que disse a investidores e analistas durante evento em São Paulo que o grupo “tem muito espaço para crescer” frente à participação atual de 3,9% no mercado educacional do país, avaliado em R$ 174 bilhões.
Com isso, ações da Kroton (SA:KROT3) serão negociadas sob um novo código - COGN3 - a partir de 11 de outubro. No próximo ano, a holding também lançará um fundo de capital de risco com foco em educação, a Cogna Ventures, composta exclusivamente por seus próprios recursos.
“Este fundo de capital de risco investirá em participações minoritárias, parcerias, sempre buscando soluções disruptivas que possam ajudar uma das quatro empresas do grupo”, afirmou Galindo. Ainda não há definição sobre o tamanho do fundo ou as metas em potencial, de acordo com ele.
As atividades de ensino superior da empresa, que incluem mais de 800 mil estudantes em 176 unidades e 1.410 polos de ensino à distância, continuarão operando sob a marca Kroton (SA:KROT3).
“Nossa participação de mercado neste segmento é de apenas 9,1% e vemos potencial para crescer ainda mais organicamente ou por meio de aquisições”, disse o CEO, acrescentando que a geração de caixa da Kroton (SA:KROT3) está começando a melhorar e que a divisão provavelmente continuará sendo a maior da holding nos próximos cinco anos ou mais.
A Saber, outra unidade da Cogna Educação, oferece ensino fundamental e médio, segmento em que o grupo tem uma participação de 1,2%, com planos de retomar aquisições e novos projetos assim que a nova estrutura organizacional estiver operando com eficiência.
“Gostaríamos de retomar (aquisições e greenfields) no próximo ano, mas não estabelecemos um prazo e o gatilho será termos uma plataforma bem azeitada”, afirmou Galindo.
Uma terceira divisão, a Platos, atenderá clientes corporativos no ensino superior, enquanto a quarta, Vasta Educação, ajudará as escolas primárias e secundárias particulares a gerenciar suas operações, com materiais didáticos e sistemas de ensino.
Para Galindo, a Platos e a Vasta Educação têm potencial para expandir operações para outros mercados da América Latina, incluindo Peru, Colômbia e México, embora o foco deva continuar no Brasil a médio prazo.
Ponto controverso
A nova estrutura apresentada trouxe algumas dúvidas para o mercado, já que a Platos, que presta serviço para o ensino superior, e a Vastra, fornecedora de produtos para educação básica, tem portfólio de produtos e serviços que servem tanto para as empresas do grupo, quanto para as concorrentes.
Em reportagem na Infomoney, um gestor explicou que caberá a Cogna convencer as instituições que não irá usar os dados adquiridos em benefício próprio, tendo que criar uma espécie de ‘muro chinês’ entre as operações.
Nas palavras da companhia, funcionaria como um marketplace como o da Magazine Luiza (SA:MGLU3), modelo que funciona em outras áreas e precisa ser adaptado para a educação.
Como parte da reestruturação organizacional, os acionistas da Cogna Educação votarão em 18 de novembro a indicação de três novos membros do conselho de administração, incluindo Galindo.