Por Ana Carolina Siedschlag
Investing.com - O Ibovespa Futuros abriu em alta nesta sexta-feira (13), véspera das eleições municipais no Brasil, seguindo a volta do tom positivo para os futuros americanos e os índices europeus em uma semana marcada pela euforia com a vacina e o temor com o coronavírus.
O futuro do principal índice brasileiro subia 0,67%, a 103.388 pontos, às 09h06, indicando abertura em alta do Ibovespa. No exterior, os futuros do Dow Jones Futuros, do S&P 500 Futuros e do Nasdaq 100 Futuros subiam 0,66%, 0,68% e 0,68%, respectivamente, com leve apetite ao risco ditando o início do pregão por lá.
Na Europa, os índices viraram a tendência da abertura e passaram a subir, com o Stoxx Europe 600, o principal índice da região, operava estável com leve baixa de 0,05% após dados do PIB da Zona do Euro mais fracos que o esperado. Na Ásia, os índices fecharam majoritariamente em quedas moderadas.
Ainda no exterior, a China finalmente quebrou o silêncio e reconheceu a vitória de Joe Biden como presidente eleito dos Estados Unidos. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Wenbin, mandou felicitações em nome do país ao democrata e à vice, Kamala Harris. No momento, Brasil, Rússia, México e Coreia do Norte não fizeram declarações ao futuro chefe da Casa Branca.
Apesar do fôlego extra nos índices, a moderação dos investidores com o avanço da segunda onda de Covid-19 na Europa e nos EUA continua e isso é refletido na alta da semana do ouro, ativo considerado mais seguro. Na divisão Comex da Bolsa Mercantil de Nova York, o Ouro Futuros para Dezembro foi negociado na entrega a US$ 1.876,85 por onça troy no momento da escrita, subindo 0,19%.
Já o petróleo segue em território de queda após cortes nas projeções da demanda para o ano pela Agência Internacional de Energia. O petróleo Brent caía 0,62%, para US$ 43,26, enquanto o WTI perdia 0,92% para US$ 40,74.
Coronavírus pelo mundo
Segundo uma análise da CNBC, com dados compilados pela Universidade Johns Hopkins, os casos de Covid-19 nos EUA subiram, em média, 5% em pelo menos 47 estados. Desses, 46 registraram aumento no número de hospitalizações pela doença.
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Ontem, os presidentes do Federal Reserve, Jerome Powell, e do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, ajudaram a piorar o sentimento do mercado com declarações, em conferência conjunta, sobre o avanço do vírus. Eles celebraram avanços com vacinas, mas "do nosso ponto de vista, é muito cedo para avaliar com confiança as implicações das notícias para o caminho da economia, especialmente para o curto prazo. Os próximos meses podem ser desafiadores", disse o presidente do Fed.
Já Lagarde alertou que ainda não "quer ficar muito entusiasmada", pois a vacina, cujos resultados provisórios foram anunciados pela farmacêutica americana Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) na segunda-feira, ainda enfrenta uma série de desafios logísticos.
Por aqui, falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre uma possível extensão do auxílio emergencial também ajudaram a derrubar o Ibovespa, que fechou em queda de 2,20%, a 102.507 pontos.
O ministro declarou que, em caso de segunda onda de Covid-19 no país, possibilidade que classificou como baixa, o auxílio deverá ser mantido e um novo estado de calamidade pública deverá ser decretado, frisando que uma emenda na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo abre caminho para tanto.
Números no Brasil
O Brasil registrou nesta quinta-feira 908 novos óbitos em decorrência da Covid-19, o que eleva o total de mortes pela doença no país a 164.281, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Também foram notificados 33.207 novos casos da doença provocada pelo coronavírus, com o total de infecções confirmadas no país atingindo 5.781.582, à medida que o ministério recupera números que ficaram desatualizados em função de problemas técnicos nos últimos dias.
Manchete do jornal O Globo sinaliza que o Brasil registrou alta de casos de Covid no Rio, em São Paulo e mais nove capitais e que a Fundação Oswaldo Cruz, a Fiocruz, vê risco de uma segunda onda em oito cidades do Norte e Nordeste e em Florianópolis, no Sul.
Ontem, o jornal El País Brasil apontou que houve uma alta no número de internações por Covid-19 nos hospitais particulares da cidade de São Paulo. Segundo a reportagem, o Hospital Sírio-Libanês teria realizado somente este mês 120 internações, acima da média de 85 a 110, e 30% delas em unidades de terapia intensivas. Tendência similar foi registrada no Hospital Israelita Albert Einstein e no Hospital do Coração, ou HCor.
Os hospitais públicos não verificaram a mesma alta, disse o jornal, o que poderia estar ligado à ida de uma parcela das classe mais altas à Europa durante o verão no Hemisfério Norte.
Outra manchete nos jornais relacionada ao vírus foi a declaração do presidente da Pfizer no Brasil, Carlos Murillo, de que o país pode ter a vacina da farmacêutica disponível já no primeiro trimestre de 2021, enquanto nos EUA e na Europa ela deve chegar ainda em dezembro.
No Valor, o destaque é a indicação pelo presidente Jair Bolsonaro do tenente-coronel Jorge Luiz Kormann para uma vaga de diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.
A agência também enviará uma missão ainda hoje para inspecionar fábricas na China para verificar o cumprimento das boas práticas de fabricação nas instalações das empresas Sinovac, fabricante dos insumos utilizados pelo Instituto Butantan na produção da vacina CoronaVac, e Wuxi Biologics Co (HK:2269), produtora dos insumos utilizados pela Fiocruz Bio-Manguinhos/vacina da AstraZeneca (NYSE:AZN) (SA:A1ZN34).
Agência do dia
O destaque econômico desta sexta é a divulgação, pelo Banco Central, dos dados do IBC-Br de setembro, indicador que faz uma prévia do resultado do PIB do país. O consenso é de avanço mensal de 1% e de 1,06% na base anual.
O dia deve ser marcado ainda pela preparação nas cidades brasileiras para o primeiro turno das eleições municipais, que acontecem no domingo (15) em todo o país, com exceção de Macapá. A capital do Amapá teve as eleições adiadas por conta do apagão que atinge o estado desde a semana passada.
Na agenda das autoridades, Guedes volta a falar, dessa vez em videoconferência no 39º Encontro Nacional de Comércio Exterior, às 10h30. Às 15h30, ele se reúne com Bolsonaro no Palácio do Planalto, que, mais cedo, também participa de cerimônia de apresentação dos novos embaixadores.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa de evento da FGV, fechado à imprensa, às 14h00.
Resultados corporativos
A temporada de balanços do terceiro trimestre se aproxima do fim e, nesta sexta, mais 15 empresas reportam os respectivos resultados, incluindo Ser Educacional (SA:SEER3) e Cogna (SA:COGN3), que soltaram balanços antes da abertura.
Após o sino, apresentam Cosan (SA:CSAN3), Equatorial Energia (SA:EQTL3), Cemig (SA:CMIG4), BR Brokers (SA:BBRK3), Celesc (SA:CLSC4), Fertilizantes Heringer (SA:FHER3), Restoque (SA:LLIS3), PDG Realty (SA:PDGR3), Viver (SA:VIVR3), Priner (SA:PRNR3), Portobello (SA:PTBL3), Metalfrio (SA:FRIO3) e Dimed (SA:PNVL3).
Ontem, após o fechamento do pregão, 35 empresas reportaram balanços, com destaque para a Oi (SA:OIBR3), que registrou prejuízo líquido de R$ 2,638 bilhões. O resultado, embora negativo, é melhor que as perdas de R$ 5,74 bilhões no mesmo trimestre de 2019.
Já a B3 (SA:B3SA3), com forte volume de negociação dos ativos, viu o lucro líquido recorrente subir 34,4% no terceiro trimestre do ano, para R$ 1,14 bilhão. Em relação ao visto no trimestre imediatamente anterior, o aumento foi de 13%.
A Copel (SA:CPLE6) registrou lucro líquido de R$ 680,4 milhões no terceiro trimestre de 2020, crescimento de 10,9% em relação ao mesmo período de 2019, e queda de 57,3% ante o resultado do segundo trimestre deste ano.
A CPFL Energia (SA:CPFE3) registrou lucro líquido de R$ 1,352 bilhão no terceiro trimestre de 2020, o que corresponde a um crescimento de 80,8% na comparação com os R$ 748 milhões reportados no mesmo período do ano passado.
A C&A (SA:CEAB3) teve prejuízo líquido de 28,2 milhões de reais no terceiro trimestre, revertendo resultado positivo de 19,1 milhões de reais um ano antes, ainda afetada pelas medidas contra o coronavírus.
A Vivara (SA:VIVA3) registrou lucro líquido de 36,1 milhões de reais no terceiro trimestre, queda de 8,7% na comparação com o mesmo período de 2019, mas a receita líquida voltou ao nível pré-pandemia, com o ecommerce mantendo o ritmo acelerado.
A elétrica Energisa (SA:ENGI11) registrou lucro líquido recorde de 921,7 milhões de reais no terceiro trimestre de 2020, com significativo avanço de 1.609,6% em relação a igual período do ano anterior.
A construtora Eztec (SA:EZTC3) teve um salto do lucro do terceiro trimestre, refletindo o boom do setor imobiliário no país com taxas de juros e mínimas recordes, além de receitas financeiras. A companhia anunciou que teve lucro líquido de 119,8 milhões de reais entre julho e setembro, alta de 95,6% sobre mesma etapa de 2019.
A rede varejista Centauro (SA:CNTO3) teve prejuízo líquido de R$ 33,251 milhões no terceiro trimestre de 2020, revertendo a marca positiva de R$ 38,413 milhões vista um ano antes.
Também foi destaque os resultados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, que registrou lucro contábil de R$ 8,73 bilhões no terceiro trimestre deste ano, o que elevou o lucro acumulado de janeiro a setembro para R$ 13,7 bilhões.
O desempenho positivo foi influenciado pela negociação de participações societárias, que resultaram em ganho líquido de R$ 4,4 bilhões. Somente a alienação de ações da Vale (SA:VALE3) gerou lucro de R$ 4 bilhões.
Agronegócio em alta
O agronegócio brasileiro exportou em outubro US$ 8,18 bilhões, 6,2% menos que em igual mês de 2019, segundo dados fechados pelo Ministério da Agricultura. As importações praticamente não variaram, com queda de 0,2%. Com isso, o superávit, que em outubro do ano passado havia sido de US$ 7,520 bilhões, recuou 7,2%, para US$ 6,978 bilhões. Ainda assim, no acumulado do ano os resultados são positivos ante 2019, com superávit de US$ 75,457 bilhões, 8,2% acima dos US$ 69,721 bilhões do período de janeiro a outubro do ano passado.
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--Com informações de Reuters e Estadão Conteúdo