2018 Não Será 2013 – A Inflação Está Sob Controle!

 | 20.03.2017 13:13

Acredito que uma das coisas mais difíceis para nós brasileiros é acreditar que de fato as coisas estão melhorando no Brasil, principalmente quando os assuntos são juros e inflação. A mudança repentina de cenário faz parte do dia a dia do investidor local, o que dificulta um entendimento da mudança estrutural.

Voltando ao título, quando digo que 2018 não será igual a 2013, me refiro ao 2013 em que a esperança de um juro real mais próximo de um país “minimamente desenvolvido” foi destruída em poucos meses, consequência do pulo da inflação. A inflação é a variável chave que mantém o equilíbrio da economia e dos juros. O objetivo central de nosso texto é mostrar como os fatores que levaram à queda da inflação e dos juros eram frágeis e totalmente diferentes do ambiente atual.

Em 31 de agosto de 2011, o Banco Central surpreendeu os mercados ao anunciar um corte de 50bps na taxa Selic, reduzindo-a de 12,5% a.a. para 12%. O motivo da surpresa foi pelo mesmo comitê, no mês anterior, ter decidido aumentar a taxa em 25bps. Algo havia mudado. Não foram os fundamentos, mas sim o projeto político e uma das bandeiras da Presidente da República Dilma Rousseff: a redução do juro real no Brasil.

O objetivo tomou conta não só da esfera política, mas também do Banco Central e ministério da fazenda. Materializou-se em 2012 com a Selic ao menor nível da história (7,25% a.a.) e com isso os juros reais, medidos através dos títulos públicos (NTN-Bs), se aproximaram da casa de 3% a.a.. Durante todo o ano de 2012, esse novo nível de juros foi entendido como o novo patamar de juro real que equilibrava a economia brasileira.

Como é característico do mercado brasileiro, perpetuamos a realidade sem questionar os alicerces do movimento. Em seus pilares estavam medidas que controlavam os preços monitorados, como os combustíveis (que teve como consequência a quase quebra da Petrobras (SA:PETR4)) e a redução do preço na energia elétrica na “marra” (cujo corolário foi uma crise no setor e uma conta estratosférica que todos os brasileiros conhecem e amargaram muito bem).

Nos capítulos subsequentes, a inflação começou a subir mesmo com os preços monitorados represados. O excesso de incentivo ao consumo de bens não duráveis não era compatível com uma política monetária expansionista e muito menos com um movimento de expansão fiscal acima da inflação, resultando em uma crise fiscal. Foi então que o óbvio aconteceu: no início de 2013, o Banco Central, não conseguindo mais manter os juros baixos de forma artificial, iniciou um ciclo de aperto monetário. Infelizmente já era tarde demais. A inflação saiu do controle e a necessidade de liberar todos aqueles preços monitorados, até então represados, propagaram ainda mais o processo inflacionário (que já é maior em uma economia tão indexada coma a nossa).

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No ano de 2015, o IPCA atingiu 10,7%, enquanto os preços da linha dos monitorados variaram 18,1% como consequência do processo de manutenção artificial dos preços que falamos. Nesse momento acredito que as pessoas aprenderam uma das lições mais importantes e básicas da economia: “there is no free lunch” (em português, “não existe almoço grátis). Em nosso mundo alguém sempre pagará a conta, mesmo que ela seja realocada no espaço temporal.