Ricardo Martins | 14.06.2021 10:16
A crise da covid aumentou a atenção dos problemas pré-existentes do mundo e torna-se imprescindível monitorar o horizonte para ter ideia de como isso pode afetar seus investimentos.
O meu objetivo neste artigo é dizer como isso pode ajudar e quais setores podem ser beneficiados.
Num contexto geral percebe-se a diminuição das preocupações fiscais e alguma estabilização da crise da covid-19 abriram espaço para uma melhora da perspectiva de valorização para o real. Desde 2020 o real é uma das moedas que mais desvalorizou no mundo ante o dólar, tendo uma queda atual de aproximadamente -21%, conforme gráfico comparativo das moedas do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS).
Observa-se que o real vinha tendo fortes desvalorizações. No entanto, com a diminuição do risco do rompimento do teto de gastos, a perspectiva fiscal pode melhorar. A estabilização dos casos de covid também ajuda, assim como o BC diminuir estímulos monetários.
A seguir vou abordar os principais assuntos atuais que podem refletir no seu bolso e seus investimentos
h2 1. Ciclo commodities/h2Sabe-se que a alta dos preços das commodities ajuda muito o Brasil, mas atualmente há um cenário de recuperação global. Dados recentes de atividade econômica e fiscal no Brasil têm surpreendido positivamente, o país conseguiu manter a atividade crescendo apesar da pandemia.
O crescimento mundial beneficia o país principalmente com a demanda de minério e grãos que a China importa do Brasil. No entanto, a China vem utilizando estoques próprios para tentar brecar o ciclo de alta e especulações das commodities.
A China possui estoques de matérias-primas como cobre, commodities agrícolas bem como enormes reservas de petróleo, mas as quantidades não são reveladas. Qualquer indicação de que o departamento de reservas é comprador ou vendedor pode mexer muito com os mercados.
Papeis atrelados: mineração, metais, agronegócio.
h2 2. Reformas estruturais/h2Seria bom ver mais reformas estruturais avançando e temos visto algumas boas notícias sobre isso, como a possibilidade de aprovar uma reforma tributária, ainda que com abrangência menor. Para que haja uma valorização do real a continuação da filosofia econômica de reformas e privatizações precisaria continuar.
No entanto, a pressão por maiores gastos com a pandemia e uma possível interrupção do ciclo de altas da Selic pode expor a moeda novamente a pressões baixistas. O principal fator de risco poderia ser uma piora significativa da trajetória da dívida sem as reformas, bem como um cenário em que o BC não consegue trazer os juros reais para o território positivo. Assim o dólar poderia voltar a subir no Brasil porque uma trajetória fiscal pior representa um patamar mais alto de seu valor justo.
h2 3. Eleições/h2Atenção para uma possível pausa no ciclo de altas da Selic, preocupações fiscais e, mais à frente, disputa eleitoral. Historicamente o real costuma se enfraquecer relativamente a pares emergentes em ciclos eleitorais. O ex-presidente Lula não concorrer à eleição de 2022 poderia ser bom para o real pois poderia tornar o cenário menos polarizado.
Por fim sabemos que o ambiente político no Brasil é historicamente volátil e diante do atual cenário essas questões estão voltando ao centro das atenções.
Obs: Cenário mais instável. Aumento de volatilidade.
h2 4. Dinheiro estrangeiro/h2Considerando a visão do investidor estrangeiro a questão fiscal é o fator mais importante na hora de decidir quais economias emergentes irão escolher, o que deixa o Brasil em situação desfavorável, apesar das boas notícias recentes nesse campo, como PIB e exportação de commodities.
A dívida pública do Brasil é alta e o país acaba sendo mais vulnerável que seus pares emergentes. Historicamente o Brasil tem crescimento que gira em torno de 1.,5%, ou seja, potencial de crescimento médio baixo.
Recentemente houve uma segunda onda com que os países emergentes não estavam contando, então o cenário piorou um pouco.
A segunda onda da covid foi forte e há a possibilidade de que seja necessário continuar socorrendo a população, ou seja, ainda há risco de uma terceira onda. Alguns países podem gastar mais, como a Rússia ou o Chile. O Brasil não tem boa condição como os outros.
Obs: Estrangeiros costumam comprar papéis relacionados a commodities.
h2 5. Inflação/h2O BC vem subindo a Selic na tentativa de conter a inflação e vem fazendo isso rapidamente. Segundo projeção da XP há expectativa da SELIC alcançar 6.5% até o fim do ano. A Inflação diminui o valor do dinheiro e o retorno dos seus investimentos, portanto, considerando um cenário de alta inflação, seria interessante olhar para empresas que sintam menos ou consigam repassar ao consumidor final, como exportadoras e supermercados.
Se ficou alguma dúvida ou você tiver sugestão comente abaixo, seu comentário é muito importante.
Um forte e respeitoso abraço a todos vocês.
Bons investimentos!
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