A Bolsa Está Subindo?

 | 10.09.2019 13:56

“Bolsa sobe 0,24 por cento e se mantém acima de 103 mil pontos.”

Talvez você tenha visto a manchete acima, nessas palavras ou em outras muito parecidas, descrevendo o comportamento agregado das ações brasileira na última segunda-feira.

Como todos nós sabemos, a Bolsa, enquanto ambiente de negociação, ou seja, um lugar, não cai ou sobe. Ou você já viu algum prédio levitando por aí?

Antes, nos tempos do pregão viva-voz, se fosse o segundo palácio construído pela Sersan, do Sérgio Naya, talvez até pudesse cair. Agora, subir, ao menos aqui na Terra-de-meu-Deus, onde, ao que me consta, ainda impera a gravidade, não seria razoável. E, com o fim das icônicas jaquetas amarelas e a difusão da negociação eletrônica, aí já era. Nem subir, nem cair; ponto-final. A Bolsa fica mesmo é parada.

O termo “Bolsa”, também como todos nós sabemos, é empregado como metonímia para o Ibovespa, o índice que mede o desempenho da média das principais ações brasileiras, ponderadas por critérios de negociabilidade e volume financeiro. Mais precisamente, talvez fosse o caso da sinédoque, considerada por vezes apenas uma variação da metonímia, na atribuição da parte (Ibovespa) pelo todo (Bolsa, todas as ações brasileiras).

Nada contra a opção pela ênfase na comunicação, típica das figuras de linguagem. Entendo a escolha de substituir uma palavra por outra, para dar simplicidade e, por vezes, aproximar o leitor. Por mim, tálquei. “Vou ler Guimarães Rosa” pode transmitir mais facilmente toda uma ideia do que “Vou ler A Terceira Margem do Rio”, ainda que a segunda construção seja mais precisa e rigorosa.

Mas isto aqui não é um texto sobre semântica, fonologia ou sintaxe. O problema da frase inicial é que ela esconde certas nuances. Observe as duas imagens a seguir.