Dólar: A Casa Caiu

 | 22.10.2021 07:20

Não adianta leilão de swap, nem ficar dizendo que vão se comprometer com teto de gastos. A realidade é que não tem de onde tirar dinheiro para pagar esse Auxilio Brasil sem deixar uma “herança” para o próximo governo.

O ministro da Economia Paulo Guedes disse que o governo avalia se o benefício temporário que irá vitaminar o novo Bolsa Família será pago fora do teto, o que demandaria uma licença para um gasto de cerca de 30 bilhões de reais, ou se haverá opção por uma mudança na regra constitucional do teto de gastos para acomodá-lo. Desde o inicio das negociações envolvendo um beneficio para turbinar o Auxilio Brasil, foi a primeira vez que Guedes, defensor do teto de gastos, admitiu publicamente que precisará driblar a regra. O teto de gastos é considerado pelo mercado financeiro a “âncora fiscal” do país. Se ele for rompido haverá um descontrole nas contas públicas.

O ministro da Cidadania, João Roma, disse que a proposta de oferecer pelo menos R$ 400 de Auxílio Brasil de forma transitória ao longo de 2022 custará mais de R$ 40 bilhões e que o Governo busca equalizar as contas dentro das regras fiscais. O ministro ainda citou que, sem considerar o acréscimo de R$ 100 em relação aos R$ 300 até então previstos, o valor total do Auxílio Brasil em relação ao seu antecessor Bolsa Família, que se encerra neste mês, seria de R$ 12 bilhões em 2022.

O exterior também não ajuda. Ontem foi dia de queda das bolsas de valores e moedas emergentes, em meio a renovados temores relacionados ao mercado imobiliário chinês. E dados de auxílio-desemprego nos EUA, que vieram melhores que o esperado, corroboram expectativas de corte de estímulos nos EUA, o que teoricamente prejudicaria ativos de mercados emergentes, caso do real.

Para completar as noticias desafiadoras para o mercado, o banco mundial disse que vê risco inflacionário significativo vindo de elevados preços de energia. O banco observou que alguns preços de commodities subiram ou ultrapassaram em 2021 níveis vistos pela última vez uma década atrás.

Com o aumento da percepção de risco, o dólar se valoriza. Uma política fiscal frágil afasta investidores do país, levando a perda de valor de moeda brasileira, o que dificulta o controle da inflação. O risco fiscal pode ser traduzido pela combinação de uma situação crítica nas contas públicas e a falta de um plano crível e executável de estabilização da trajetória da dívida.

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A elevação do risco fiscal como resultado dessas incertezas tem levado a apostas de um ajuste mais duro na próxima reunião do Copom. O risco-país subiu nesta quinta-feira ao maior nível em mais de seis meses, num dia de forte turbulência nos mercados financeiros brasileiros diante do pavor de descontrole das contas públicas.

A desorganização fiscal é o principal obstáculo no cenário macroeconômico brasileiro e, junto com o câmbio e a inflação altos, tende a dificultar o crescimento do país. Abrir mão do teto de gastos, como o governo parece estar fazendo, terá um impacto direto na dívida do país, na inflação e nos juros.

O clima ruim ligado ao risco fiscal trazido pelo Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família, azedou ainda mais com o presidente Jair Bolsonaro prometendo pagar um “Auxílio Diesel” a 750 mil caminhoneiros. A origem dessa verba não foi anunciada.

O relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta, confirmou ontem que a nova versão do texto, com mudanças nas regras do teto de gastos, irá abrir um espaço fiscal de R$ 83 bilhões para o governo federal em 2022. Segundo o parlamentar, além de possibilitar o pagamento de R$ 400 mensais para 17 milhões de famílias até o fim de 2022, a medida também permitirá a elevação do orçamento para compra de vacinas de R$ 4 bilhões para R$ 11 bilhões no próximo ano. Motta argumentou que a mudança no teto mantém o compromisso com o arcabouço fiscal, já que a regra continuará a ser corrigida pelo IPCA em 12 meses, mudando apenas a apuração do período de julho de um ano a junho do ano seguinte para janeiro a dezembro de cada ano. Vamos aguardar até que a matéria vá a plenário.

E, para finalizar, ontem o dólar fechou a R$ 5,66, depois de chegar á R$ 5,6911.

Para quem achou as turbulências do dia já eram suficientes, após o fechamento do mercado o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração de seus cargos.

A secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora Dantas, e o secretário-adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araujo, também pediram exoneração de seus cargos, por razões pessoais.

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