A Economia de Mal a Pior, e os Lucros Crescendo?

 | 02.09.2014 01:11

E o PIB ó...

A recessão brasileira de certa forma estava na conta. Falamos (da então possibilidade) há mais de dois meses. Os dados do IBC-Br, embora desqualificados pelos interlocutores do governo, também haviam antecipado o inevitável. Mas a confirmação da última sexta-feira ainda rende. E não apenas pela frustração das projeções já pífias para o indicador...

O tombo na revisão do relatório Focus desta segunda chama atenção: em uma semana, a mediana das estimativas para o PIB passou de 0,70% para 0,52% de crescimento. Foi a décima quarta queda semanal seguida na projeção. E o movimento do mercado também assusta. No melhor estilo “quanto pior melhor”, ou “comemorando notícia ruim”, a Bolsa engata mais uma alta expressiva e bate nos 62 mil pontos, ganho acumulado de 37% desde a metade de março. As desventuras econômicas dão gás extra para a oposição.

São os resultados (financeiros), estúpido!

Ora, mas que raios de recessão é essa que não aparece na economia real? A economia vai de mal a pior, e as empresas lucrando mais?

Levantamento do Valor Econômico mostra que o lucro líquido de 271 companhias monitoradas aumentou 56% em relação ao mesmo período do ano passado.

Mas há de se ter muito cuidado com os vieses do indicador:


a) o aumento no lucro líquido não vêm da operação fim da empresa, mas sim do resultado financeiro, inflado pela depreciação do dólar. O lucro antes de resultado financeiro e impostos cresceu em linha com a inflação.
b) mais uma vez: lucro líquido é uma medida contábil; mesmo o efeito positivo do dólar se dá sobre a marcação a mercado da dívida, sem impacto caixa relevante.
c) por a + b, fica claro que trata-se de um resultado insustentável, considerando prognóstico de inevitável liberação dos preços represados (entre eles o câmbio).




Conversa de louco (parte III)

Não, desta vez não temos outras aspas do Ministro Mantega. Ainda...

O “louco”, no caso, faz referência a Benjamin Steinbruch, da CSN e da Fiesp, que recentemente afirmou que “só louco investe no Brasil”. Em entrevista à revista Veja, o empresário reforça o prognóstico da tira acima, ao defender uma desvalorização de 10% do câmbio, que poderia vir de forma natural se o Bacen deixasse o dólar flutuar. Citando a “desindustrialização absurda", Steinbruch ainda recomendou que o próximo presidente adote algumas reformas, especialmente política, fiscal e trabalhista. Fora isso, até que está tudo bem.

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

Lembra do argumento gringo?

A Bolsa brasileira, que vinha completamente descolada dos mercados internacionais e ignorando os recordes seguidos dos índices americanos, encontrou no emblemático 14 de março o seu ponto de inflexão - data de divulgação da primeira pesquisa eleitoral apontando queda nas intenções de voto à situação. 



Com o rali eleitoral, passamos a correr atrás do atraso de forma frenética...