A História do Ano: Guerra Comercial Entre EUA e China - Parte 2

 | 27.09.2018 13:24

--Para maior entendimento do contexto da guerra comercial entre EUA x China leia o artigo publicado dia 24/09

Nós estamos vivenciando um ponto crítico na história da humanidade.

Se a guerra comercial entre os Estados Unidos e China continuar a se intensificar até o nível de uma disputa generalizada e sem moderações, sem dúvidas teremos um ponto de virada com relação a situação econômica mundial.

O que vai acontecer? Para responder essa pergunta, é necessário saber quais as intenções do presidente Donald Trump.

Será que ele está atrás de reduzir o déficit da balança comercial dos Estados Unidos com a China e de impedir a apropriação de tecnologias avançadas das corporações americanas, ou será que a intenção de Trump é frear a ascensão da China, para que ela pare de se tornar cada vez mais poderosa com relação aos EUA?

A balança comercial dos Estados Unidos com a China é a seguinte:

Comércio entre EUA e China

Uma das vontades de Trump é diminuir o déficit comercial com a China em US$200 bilhões, resultando em US$175 bilhões negativos anuais, em comparação com os US$375 bilhões vigentes.

Se isso se tornar realidade num curto espaço de tempo, o resultado será um golpe fatal para a economia chinesa.

Por quê? A economia da China já é a maior bolha econômica da história.

Eles possuem excesso de capacidade produtiva em uma infinidade de indústrias, algo que foi necessário para permitir o crescimento exacerbado da China.

Para se ter ideia da magnitude dessa evolução, a média de crescimento anual do PIB chinês de 1989 até 2018 foi de 9,61%!

Crescimento anual do PIB chinês

Para ilustrar o excesso de capacidade produtiva da China, em apenas 3 anos (2011, 2012 e 2013) a China produziu mais cimento do que os Estados Unidos produziu durante todo o século 20.

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Sem dúvida isso esboça o quão gigantesca é a capacidade industrial do país oriental, o que acontece em diversos segmentos, não apenas com relação ao cimento (aço, vidro, e muitos outros).

Caso a quantidade de dinheiro entrando na China diminua abruptamente em um curto período de tempo, podemos esperar uma grande capacidade ociosa , desemprego e caos econômico.

A chance da bolha econômica chinesa estourar existia mesmo antes da guerra comercial. Além da capacidade produtiva exacerbada em quase todas as indústrias, o cidadão médio chinês tem poder aquisitivo de apenas US$10 por dia.

Ou seja, a população não ganha dinheiro suficiente para absorver nem metade da quantidade que a China pode produzir, o que acarreta numa grande necessidade de exportar os produtos manufaturados no país.

Caso o governo dos Estados Unidos forcem a diminuição de US$ 200 bilhões no déficit comercial com a China, as consequências para o país oriental seriam devastadoras. Por isso, a chance da China simplesmente aceitar medidas externas são praticamente nulas.

Nesse caso haveria retaliação, e a China poderia agir de maneira imprevisível e fazer uso de diversas ações ao seu alcance.

Caso os Estados Unidos prossigam com as taxações, primeiramente a China pode taxar todos os produtos americanos. Se a situação piorar, podem escalar e proibir a comercialização de qualquer produto americano no território chinês.

Em um caso extremista, podem nacionalizar empresas americanas como Walmart ou Starbucks, e até ficarem inadimplentes nas dívidas externas.

Parece absurdo imaginar as proporções que o conflito atual pode tomar. Não digo que é provável que o pior venha a acontecer, mas com tantas incertezas pairando no cenário geopolítico, entender os possíveis desfechos é essencial.

Por exemplo, em 1941 os Estados Unidos impuseram um embargo ao petróleo do Japão. Seis meses depois o Japão atacou Pearl Harbor.

O mundo deve acompanhar de perto o andamento das tensões comerciais entre EUA e China. Não devemos subestimar o quão sério pode ser o conflito de uma guerra comercial generalizada, pois nenhum dos lados se mostra disposto a ceder. Como disse Warren Buffett :

“O que nós aprendemos com a história é que as pessoas não aprendem com a história”.

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