A Histórica Atualização da Ethereum

 | 11.03.2022 13:34

Nesta semana, a Ethereum atingiu sua menor dominância em termos de capital travado em operação (TVL), evidenciando o processo de concorrência que a maior plataforma de contratos inteligentes da atualidade vem sofrendo frente a ativos, como a Solana, Avalanche e Terra.

Nos últimos dois anos, o ativo tem buscado realizar uma série de atualização com o objetivo de resolver os principais gargalos estruturais atrelados à previsibilidade da emissão de tokens e problemas de escalabilidade, que tornaram as taxas de transações muito elevadas, causando a perda de usuários. Esse conjunto de mudanças ficou conhecido como ETH 2.0 e teve início em dezembro de 2020.

No segundo trimestre deste ano deve ocorrer mais uma etapa do processo, que promete ser a maior atualização da história do ativo até o momento. A nova fase irá alterar de forma significativa a política de emissão de tokens, assim como o formato de validação de transações, de modo que tende a apresentar impactos significativos na blockchain. Conhecida como The Merge, a atualização, apesar de não impactar as taxas do ativo, pode representar uma grande destrava de valor para o token.

Desde o início do processo junto ao lançamento da Beacon Chain, blockchain que será a base para as atualizações da ETH 2.0, o ativo vem evidenciando um conjunto de mudanças para que ocorra o aumento da escalabilidade, descentralização e melhore as questões atreladas ao ESG, conjunto de políticas e práticas visando a governança social e ambiental do ativo.

O The Merge é a alteração do algoritmo de consenso do protocolo, processo responsável pela validação das transações da Ethereum. Neste caso, a mudança será da estrutura de Proof of Work, na qual a validação é feita por meio da resolução de problemas matemáticos através do gasto de poder computacional, para o Proof of Stake, validação feita através do validador, em que se coloca os tokens em prova para validar as transações em troca de uma remuneração da blockchain –staking.

Halving triplo/h2

O primeiro impacto do The Merge está atrelado a política de emissão de novos tokens. Atualmente, a plataforma possui emissão tanto para os validadores de Proof of Work, que adicionam cerca de 13 mil ethers por dia por meio da recompensa dos mineradores a cada bloco validado, quanto na validação por Proof of Stake, o qual adiciona cerca de 1,4 mil ethers por dia ao ecossistema, através das recompensas de staking.

Após a atualização, o pagamento dos mineradores não ocorrerá mais. Com isso, a taxa de inflação será reduzida de 3,3% ao ano para -0,8% ao ano, considerando a quantidade de tokens que são queimados na rede devido às transações.

Em suma, o ativo se tornará deflacionário. O que potencialmente pode gerar uma valorização ainda maior em momentos de elevação de demanda, ou seja, caso haja aumento na usabilidade da rede.

Além disso, os validadores da rede terão menos incentivos para vender o ativo. A estrutura de Proof of Work possui custos menores no processo de validação atrelados à eletricidade, o que gera uma pressão de venda natural por parte dos validadores. Isso não acontecerá no caso do The Merge.

Trata-se de um processo que reduzirá em 99.5% o consumo de energia na validação. Para termos uma noção do impacto, se hoje o consumo energético do Bitcoin pudesse ser descrito em uma construção, seria o Burj Khalifa de 830 metros (1.135.000 Wh). Já o formato atual da ETH teria um consumo energético equivalente à Torre de Pisa de 57 metros (84.000 Wh). Quando a Ethereum realizar a transição para o Proof of Stake seu consumo energético será equivalente a um prego de 0,0025 metros (35 Wh), para cada transação.