Romero Oliveira | 22.05.2020 17:16
Se ao falar de setor de Defesa te veio à mente imagens de caças, tanques, diferentes tipos de armas e munições, você está certo, é exatamente disso que se trata. Apesar de ser algo tão distantes para nós brasileiros, o setor de defesa é algo extremamente enraizado na realidade dos americanos e existem diferentes maneiras de se expor à tese, seja através de ETFs ou diretamente via ações.
O Setor.
O setor de defesa geralmente é dividido em dois tipos de empresas: fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços.
As empresas de equipamentos fabricam tanques, navios de guerra e caças comumente associados ao Pentágono e incluem nomes conhecidos como Lockheed Martin (NYSE:LMT), Boeing (NYSE:BA) e Raytheon (NYSE:RTX). Enquanto isso, os provedores de serviços gerenciam redes de TI, realizam trabalhos de consultoria e executam trabalhos de terceirização mais comuns, como gerenciamento de base e logística para agências civis e militares.
De um modo geral, as empresas orientadas a serviços tendem a se sair pior no caso de um limite de orçamento ou desligamento do governo, já que as principais compras de equipamentos e P&D são projetos financiados a longo prazo, enquanto a modernização da TI ou os acordos de consultoria são mais facilmente deixados de lado até que o financiamento esteja disponível.
Outro ponto importante para se levar em consideração é que o setor de defesa, como a maioria dos setores industriais, é cíclico, mas a defesa é única, pois seus altos e baixos geralmente não se baseiam em nenhum indicador econômico específico. Em vez disso, as empresas de defesa tendem a ir de boom and bust com base nas decisões de Washington.
Portanto, as batalhas orçamentarias são um importante vetor de performance do setor, e no cenário atual essa batalha tem favorecido as empresas do setor.
Big Numbers
Abaixo temos e evolução dos gastos com defesa nas últimas três décadas. Após o fim da guerra fria os gastos militares recuaram, mas voltaram a crescer após o atentado de 11 de setembro.
Os gastos militares globais em 2019 representaram 2,2% do produto interno bruto (PIB) global, segundo Nan Tian, pesquisador do SIPRI, “Os gastos militares globais foram 7,2% mais altos em 2019, do que em 2010, mostrando uma tendência que o crescimento dos gastos militares acelerou nos últimos anos”. Segundo ele “Este é o nível mais alto de gastos desde a crise financeira global de 2008 e provavelmente representa um pico de gastos”.
Os gastos militares dos Estados Unidos cresceram 5,3%, totalizando US $ 732 bilhões em 2019 e representaram 38% dos gastos militares globais. “O crescimento recente dos gastos militares dos EUA se baseia em grande parte no retorno à competição entre as grandes potências”, diz Pieter D. Wezeman, pesquisador sênior do SIPRI.
Você pode estar pensando que a política externa mais agressiva que Trump vem colocando em prática pode estar refletindo diretamente nos gastos militares, mas se existe uma coisa que une republicanos e democratas, essa coisa é o gasto com defesa. Abaixo vemos que no primeiro mandato do Obama, houve expansão nos gastos com defesa, gastos esses maiores do que realizados durante o governo Bush e maiores do que os gastos realizados por Trump até aqui, seja em termos absolutos ou percentual sobre o PIB.
Gastos Militares (US$)
Gastos militares (% PIB)
O orçamento fiscal do Pentágono para 2020 – Departamento de Defesa Americano – pode chegar a cerca de US$ 750 bilhões, com uma parcela substancial desse orçamento destinada a empreiteiros na forma de compra de equipamentos, contratos de gerenciamento e financiamento para pesquisa e desenvolvimento. Devido a questões de segurança, o governo tende a fazer a maior parte de suas compras no mercado interno.
3 Motivos para investir no setor da Defesa
Em relação às empresas de serviços, as manchetes sobre entidades estrangeiras invadindo redes seguras fizeram desses esforços de modernização uma prioridade para os próximos anos. Enquanto isso, é provável que o governo adote cada vez mais a terceirização o que deve significar um aumento constante de oportunidades para empresas de serviços, mesmo em um ambiente sem ganhos orçamentais.
Por que não investir no setor da Defesa?
COVID-19
O setor de defesa não deve ficar de fora dos setores impactados. As eleições se aproximam e os gastos militares sempre são ponto sensível de discussão, e no cenário atual, onde o governo americano se vê obrigado à elevar a dívida pública em patamares inimagináveis, projetos de menor prioridade podem ser revistos. Atualmente com o Pentágono mais focado na competição com a Rússia e China em vez do Oriente Médio, projetos específicos para aquela região podem sofrer revisão, como o JLTV da Oshkosh Corporation (NYSE:OSK) abaixo, veículo voltado para operação no deserto.
Como investidor no setor?
O ITA) é um ETF que busca replicar a performance do iShares Dow Jones US Aerospace & Defense é um índice composto por apenas empresas americanas que fabricam, montam e distribuem equipamentos aeronáuticos e de defesa, além de posição marginal indústria pesada e empresas que vendem produtos relacionados à construção
É um índice relativamente concentrado, assim como o setor de maneira geral. As três maiores empresas no índice representam mais de 50% do seu PL.
Abaixo, segue performance do ETF nos últimos 5 anos. Desde a última a eleição americana o índice se valorizou mais de 100%, refletindo a política do presidente Donald Trump que buscou expandir o orçamento militar, passando por forte correção no começo de 2020,devido a crise do COVID-19.
A Boeing foi o grande detrator na performance do fundo, visto que possui peso relevante na carteira do ETF e parte relevante da sua receita exposta a aviação civil, fazendo com que suas ações caíssem mais de 50% e mesmo após a recuperação do S&P o papel não reagiu (abaixo).
O fundo negocia à um 14,74x P/L e 2,67 P/B (P/VPA), com Beta de 1,47.
No próximo post entrarei mais à fundo em algumas empresas especificas do setor, até lá!
Abraço!
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