A Microeconomia do Proof-of-Stake - Descentralização e Segurança

 | 31.10.2018 10:49

Em Portugal, na época do inverno, há o costume de comer castanhas compradas em carrocinhas na rua. São muitos vendedores e quase todos vendem ao mesmo preço e quantidades similares. Há duas maneira de explicar isso: cartel - improvável dado que o mercado de castanhas não vale tanto assim - e concorrência perfeita. Há baixos custos de entrada no mercado, facilitando a entrada de interessados em vender castanhas e derrubando o preço.

Como disse aqui uma vez, as placas ASIC e mineração dedicada aumentaram a dificuldade de entrar no mercado de mineração. De um mercado de castanhas portuguesas, passamos a um mercado dominado por poucas fazendas de mineração, um oligopólio. Apenas quatro mineradores conseguem mais de 51% da produção de hash power do Bitcoin, facilitando conluios e ataques. Entretanto, esses ataques são impossibilitados pelo alto investimento que os mineradores fizeram e baixo poder de revenda do capital físico: ninguém reduziria a credibilidade de um mercado que investiu tanto.

Recentemente, houve uma métrica desenvolvida que ajuda a mensurar a segurança da rede. A chamada quanto maior o custo fixo, menor a chance de ataques . A métrica FRM, portanto, deve ser considerada diferentemente entre criptoativos ASIC resistant e os que contam com essa tecnologia.

Além do mais, a métrica é dita valer apenas para moedas com Proof-of-Work. Recentemente há a tentativa de coibir a concentração de mercado via mudança de Proof-of-Work para Proof-of-Stake. O custo físico de placas ASIC não entra mais na decisão de manter a rede sob Proof-of-Stake, facilitando a entrada de players. Haveria grande descentralização Contudo, a redução do custo fixo facilita ataques se a descentralização não for bem-sucedida. Esse não parece ser o caso: no site “Are We Decentralized Yet?” há dados sobre a centralização dos criptoativos. Os ativos PoS têm maior descentralização, excetuando-se o Cardano. O Ethereum, em uma longa transação para PoS, tem potencial para ser ainda mais descentralizado posto que as 100 maiores carteiras possuem apenas 34% dos Ethers minerados. Nesse caso, parece que PoS resolve parte dos ataques de 51% possíveis apesar de seu baixíssimo custo fixo.

Vale notar que há outros ataques. Os ataques Nothing-at-Stake e ataques especulativos, a serem tratados na parte 2 desse texto, são importantes de serem considerados. Vejo essa primeira parte como uma introdução a um approach microeconômico para a descentralização dos criptoativos. Os outros ataques são ligados a problemas tecnológicos e, curiosamente, até geopolíticos. Com essa série, creio que será mais fácil entender algumas tendências no que diz respeito aos riscos dos criptoativos.

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