A MP dos Carros com descontos…para quem?

 | 14.06.2023 09:32

A Medida Provisória 1.175, conhecida como a MP dos Carros Populares saiu no último dia 05/06/2023. Em vez das costumeiras isenções de IPI dadas pelo Governo Federal, a bola da vez foi o desconto patrocinado.

Pelo texto da MP, trata-se de um desconto que será concedido pela montadora do veículo que, por sua vez, depois da venda vai conseguir apurar créditos fiscais de PIS/Cofins, no valor do desconto concedido.

Para veículos leves de até R$ 120 mil, esse desconto pode variar de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Essa variação se dá em função de uma série de critérios organizados pela MP, que fazem uma espécie de corrida por pontos. Na prática, esses critérios podem somar de 65 a 100 pontos na hora da venda do carro. Assim, quanto mais perto de 65 pontos, mais perto o desconto vai ficar de R$ 2 mil. E quanto mais perto de 100 pontos, mais perto o desconto vai ficar de R$ 8 mil.

O primeiro critério é o combustível. Aqui, carros com etanol, híbridos e elétricos saem na vantagem. O segundo é a eficiência energética. Se beber muito, já sabe: vai ganhar menos pontos. O terceiro critério é o preço, quanto mais barato, mais pontos ganha. E, por último, ganha mais pontos aqueles carros cujas partes forem produzidas no Mercosul.

Para veículos pesados, os critérios são diferentes. O valor do desconto vai de R$ 33,6 mil até R$99,4 mil e vai variar de acordo com a destinação (transporte de passageiros ou de carga) e capacidade de carga do veículo. Mas a principal diferença, aqui, é que para adquirir um veículo pesado, o consumidor vai ter que dar na troca um outro veículo pesado, que tenha mais de 20 anos de idade.

Ao todo foram disponibilizados R$ 1,5 bilhão para o programa, sendo R$ 500 milhões para veículos leves e R$ 1 bilhão para pesados (divididos entre veículos de carga e de passageiros). Bem como, a duração prevista do incentivo foi de 120 dias, contados da publicação da MP.

Se você está pensando que R$ 500 milhões para carros leves não parece muito dinheiro, você está certo. De fato, não é muito. Com base no n° mensal de emplacamentos dos top 10 players do mercado (90% do market share), podemos estabelecer que cada carro vendido terá um desconto de R$ 3 mil (sendo SUPER conservador). Como 7/10 deles tem um ticket médio abaixo de R$ 150 mil, a maior parte deles estarão aptos para um possível desconto.

Ao fazer essa relação, a estimativa conservadora é que essa medida, efetivamente, durará menos de 2 meses (metade do prazo do governo). Isso porque ela deverá atingir a venda de uns 160 mil veículos leves. Mas uma coisa não está sendo levada em consideração, ainda. 

Nesse número de emplacamentos mensais entram na conta, também, os carros comprados por locadoras de veículos. E isso nos leva à pergunta do mês: será que as locadoras vão conseguir se beneficiar desse desconto?

Para a gente responder essa pergunta e entender direitinho a minha interpretação da MP 1.175, a gente vai ter que analisar alguns artigos e entender alguns conceitos legais. Mas é coisa fácil e rápida. 

Começando pelos artigos, os primeiros dois mais importantes são o 3º e o 5º: