A Qualcomm Pode Superar seu Conflito com a Apple?

 | 18.07.2017 17:40

por Clement Thibault

A Qualcomm (NASDAQ:QCOM), multinacional norte-americana de semicondutores e equipamento de telecomunicações que projeta e comercializa produtos de telecomunicação sem fio e serviços que incluem o ultrapopular processador "Snapdragon", utilizado na maioria dos dispositivos móveis com tecnologia de ponta atualmente, divulgará os resultados do 2º tri de 2017 na quarta-feira, 19 de julho, antes da abertura do mercado norte-americano. O consenso das estimativas afirma que a empresa divulgará lucro por ação de US$ 0,81 com US$ 5,22 bilhões de receita.

QCOM semanal 2013-2017

No entanto, é a crescente batalha legal entre a fabricante de processadores e um de seus maiores clientes que provavelmente será o foco principal durante a divulgação dos resultados da empresa.

Crescimento começa, para, começa... para?

No início da década, a Qualcomm estava em uma trajetória de rápido crescimento. Entretanto, preocupações sobre sua habilidade de ampliar essa tendência de crescimento repercutiram no preço das ações e durante um declínio de 18 meses, iniciado em agosto de 2014 quando a ação estava no ponto máximo de US$ 82 até fevereiro de 2016 quando a ação atingiu a mínima de US$ 42, sua valorização foi cortada pela metade. As preocupações se mostraram corretas; o crescimento das receitas da empresa aconteceu antes da redução de 20% com base nos doze meses anteriores.

Durante o segundo semestre de 2016, a Qualcomm presenciou crescimento renovado com base nos doze meses anteriores, bem como otimismo em relação a possíveis novos fluxos de receitas. Dessa forma, a percepção dos investidores e dos analistas sobre os papéis mudaram, levando o preço das ações para a máxima de US$ 71.

Porém, assim que tudo parecia correr a favor da Qualcomm uma vez mais, em janeiro de 2017 veio a surpresa da ação de US$ 1 bilhão movida por seu principal cliente, a Apple (NASDAQ:AAPL). A fabricante do iPhone acusava a Qualcomm de participar de práticas anticoncorrenciais "ao cobrar royalties de tecnologias que não tinham nada a a ver com ela". Após o início da ação, as ações da fabricante de processadores prontamente caíram na faixa inferior dos US$ 50, uma faixa na qual tem sido negociada desde então, nem caindo abaixo de US$ 50 e nem chegando aos US$ 60 na extremidade superior.

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Contudo, a Qualcomm não ficou parada. Em 8 de julho, a empresa contra-atacou com outra ação, tentando proibir que certos modelos de iPhone fossem vendidos nos EUA.

A batalha entre Apple e Qualcomm corre o risco de ser morosa e prejudicial para ambas as empresas. Mas há mais para a Qualcomm do que apenas esta batalha altamente pública. A fabricante de processadores não parou de desenvolvedor nova tecnologia e nem parou de buscar aquisições e parcerias.

Aqui está por que, apesar de muitos analistas presumirem o contrário, acreditamos que as ações da Qualcomm possuem potencial de duplicar seu valor durante os próximos anos.

Processo da Apple, investigação da FTC

Quando a Apple moveu a ação contra a Qualcomm, a ação perdeu 30% de seu valor. Isso não ocorreu porque a Apple é a maior cliente da Qualcomm, mas sim porque a Apple está atacando a legitimidade do modelo de negócios da Qualcomm, chamando-o de ilegal. A Apple afirma que a Qualcomm está vendendo processadores e cobrando royalties ao licenciar sua tecnologia, algumas das quais são baseadas em patentes que a Apple afirma serem inválidas. Junto com o processo, a Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, na sigla em inglês) está investigando as alegações.

Processos entre empresas produzindo componentes e licenciando tecnologia uma a outra são um assunto complicado. Olhe apenas para Apple e Samsung (KS:005930). As duas empresas têm processado uma a outra desde 2011, ora uma movendo o processo, ora a outra. No entanto, isso não as impediu de trabalharem juntas.

O mais forte argumento para a relação entre Apple e Qualcomm continua a residir no fato de que a Qualcomm possui conhecimento proprietário e desempenho único a oferecer. A Apple supostamente está tentando trocar a Qualcomm pela Intel (NASDAQ:INTC), mas teria que sacrificar tanto o desempenho quanto a velocidade em seus dispositivos premium, o que proporcionaria uma vantagem a rivais como a Samsung. Embora estejamos mantendo um olhar atento sobre como a situação legal se desenrola, não vemos como um problema para a Qualcomm.

Aquisição da NXP

Em outubro do ano passado, a Qualcomm anunciou sua intenção de adquirir a fabricantes de processadores holandesa NXP Semiconductors NV (NASDAQ:NASDAQ:NXPI), que foi tratada como a maior aquisição do setor de tecnologia já feita na Europa. O acordo avaliou a NXP em US$ 37 bilhões, com US$ 10 bilhões de dívidas, em um total de US$ 47 bilhões de dólares.

Esta é uma aquisição que nós gostamos muito. Muitas vezes, aquisições dentro do mesmo setor prometem sinergias e cortes de custos, mas que são, na realidade, difíceis de implementar após a fusão das empresas. No entanto, neste caso, a NXP lidera em mercados nos quais a Qualcomm tem quase nenhuma presença — em particular o de Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) e no setor automotivo. Juntas, as duas empresas poderiam criar um ponto único de vendas para tudo relacionado a processadores. É por isso que os reguladores da União Europeia em Bruxelas decidiram olhar mais de perto a aquisição, em virtude de que os consumidores e as inovações poderiam ser afetados negativamente pelo possível monopólio. A FTC aprovou o acordo em abril; a comissão da União Europeia anunciará sua decisão na metade de outubro.

Participação no mercado de smartphones

Atualmente, a Qualcomm controla cerca de 40% do mercado de telefonia móvel. Seu mais novo processador, o "Snapdragon 835" foi supostamente tão cobiçado pela Samsung que eles compraram todo o suprimento da Qualcomm para equipar o Galaxy S8, deixando a LG (KS:066570) impossibilitada de garantir processadores suficientes para lançar seu G6 com o mais atualizado processador Qualcomm. A LG foi forçada a utilizar como padrão um processador mais antigo da Qualcomm, o Snapdragon 821, o que ilustra o quão rigorosamente a Qualcomm controla o mercado de telefones com tecnologia de ponta.

De acordo com relatórios recentes, os esforços da Qualcomm para melhorar a oferta de seus processadores médios já está se pagando na China, país no qual está lentamente tomando participação da principal concorrente, a MediaTek (TW:2454). Embora a MediaTek ainda seja a líder com 40% da participação no mercado daquela região e a Qualcomm tenha 30%, a tendência é clara: a Qualcomm está crescendo na China.

Hardware de Realidade Virtual

A Qualcomm atualmente está se concentrando de forma mais próxima em hardware de realidade virtual (VR, na sigla em inglês). Um kits de desenvolvimento foi recentemente enviado a desenvolvedores selecionados para que eles pudessem começar a elaborar aplicativos para testar o novo dispositivo. No momento, o dispositivo não tem preço e ainda não está disponível para os consumidores, porém, de acordo com relatos, ele promete muito. A Qualcomm está colaborando com o Google (NASDAQ:GOOGL), e equipando a oferta de VR do Google, chamada de "Daydream".

Durante os próximos quatro anos, o mercado de hardware de VR deve crescer cinco vezes, de US$ 3 bilhões em 2016 para US$ 15 bilhões em 2020, de acordo com algumas estimativas. Obviamente, é difícil prever o exato momento em que a VR se tornará completamente popular, mas as coisas parecem caminhar nessa direção e a Qualcomm está já unicamente posicionada para se tonar a principal fabricante de processadores para tudo em VR.

Processadores de Servidores: Chega de "Intel Inside"

Por anos, tudo relacionado a computação de servidores era território da Intel (NASDAQ:INTC). Com seus processadores Xeon, a Intel dominava o mercado de centro de dados. No entanto, nos últimos tempos, a Qualcomm, a NVIDIA (NASDAQ:NVDA) e a Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) desafiaram a Intel para ter uma parte do domínio. E a Qualcomm possui algo que as outras duas desafiantes não têm — um ás na manga na forma de uma colaboração com a Microsoft (NASDAQ:MSFT).

A Microsoft, atualmente a segunda maior vendedora de computação em nuvem, atrás apenas da Amazon (NASDAQ:AMZN), espera que ao colaborar com a Qualcomm no desenvolvimento de novos processadores para equipar servidores seja possível reduzir custos e aumentar os lucros. Ter a Microsoft, o segundo maior agente no mercado, ao seu lado traz vantagens enormes para a Qualcomm. Isso aprimora a habilidade da fabricante de processadores de criar tecnologia que tenha melhor ajuste às necessidades dos clientes e dá à Qualcomm um ponto de entrada extremamente forte no mercado de servidores.

Conclusão

Nesse momento, com as ações sendo negociadas entre US$ 55 e US$ 57 e com uma proporção de preço/lucro de 18, os preços das ações da Qualcomm estão quase completamente baseados em seus problemas legais com a Apple e a FTC. Entretanto, conforme discutido acima, os problemas legais da Qualcomm são pequenos ao se comprar com suas oportunidades que valem muitos bilhões de dólares, seja a Internet das Coisas; seja o setor automotivo por meio da NXP; seja por conta de sua atividade de processadores para dispositivos móveis na China; seja através do setor de VR; ou seja como resultado de sua colaboração com a Microsoft em processadores para servidores.

A Qualcomm, em vez de repousar em seus louros e esperar que tudo fique melhor, está implacavelmente buscando oportunidades em todos os campos de desenvolvimento tecnológico. Enquanto a maioria das oportunidades ainda estão em estágios iniciais, cada uma delas possui imenso potencial para o crescimento e para as receitas futuras da Qualcomm.

Pode levar um pouco de tempo para que a empresa atinja o seu potencial e não esperamos retornos imediatos. No entanto, vemos o valor da Qualcomm dobrar durante os próximos dois ou três anos. Nesse meio-tempo, há uma bela recompensa de 4% de dividendos por ser um acionista paciente. Gostamos inequivocamente deste negócios.

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