A resiliência da cafeicultura brasileira: uma visão de longo prazo

 | 07.10.2023 10:00

Recentemente, uma reportagem publicada em um site de notícias do Brasil sugeriu que a produção de café no Brasil estaria ameaçada por diversos fatores, incluindo mudanças climáticas e eventos extremos. No entanto, ao analisarmos a história da cafeicultura brasileira, percebemos uma incrível resiliência da cultura diante de desafios climáticos e ambientais. Este breve artigo busca destacar a capacidade da cafeicultura brasileira de superar adversidades e argumentar que a produção de café no país não está ameaçada.

A cafeicultura no Brasil já enfrentou inúmeros desafios ao longo de sua história, desde geadas severas até períodos de secas prolongadas. Um exemplo emblemático é a geada de 1975, que afetou severamente as plantações de café no Paraná. Na época, muitos especialistas previam o fim da produção no país, já que o estado paranaense era um dos principais produtores nacionais. No entanto, a cafeicultura brasileira ressurgiu, demonstrando uma capacidade notável de adaptação e recuperação.

Outros eventos climáticos de grandes proporções ocorreram ao passar dos anos. No final da década passada, uma longa seca causou estresse nas plantas e afetou os volumes produzidos nas safras seguintes. Em 2021, uma geada severa caiu em determinadas áreas de produção e deixou cafeicultores desesperados, criando até receio de que muitos deixariam a atividade. Poucos desistiram do café. Isso porque essa cultura perene é resiliente.

Mesmo diante de eventos climáticos adversos, a produção de café no Brasil tem consistentemente ultrapassado a marca de 50 milhões de sacas por ano (vide gráfico). Essa consistência reflete a habilidade dos produtores brasileiros de implementar as boas práticas agrícolas avançadas, tecnologias inovadoras e estratégias de gestão de riscos. Além disso, a diversificação de regiões produtoras e o investimento em variedades resistentes têm contribuído para a estabilidade do setor.