A Simetria perfeita do Dólar x Bovespa

 | 29.01.2014 11:38

O Objetivo desse artigo é trazer à tona alguma das correlações que os gráficos nos apresentam entre o a paridade "dólar x real" e o Bovespa; no final, ainda apresentaremos algumas outras correlações.

Mas o objetivo central é esse.

Como o nosso índice, o Bovespa, se comportou nos últimos anos frente ao dólar.

É dentro desse pensamento que é preciso contextualizar dólar e Bovespa, assim como outras variáveis.

O Brasil até 1999 mantinha uma política cambial rígida, isto é, o governo atuava sobre a dinâmica de valorização do dólar ou desvalorização da moeda brasileira.

Na prática, o governo controlava o dólar; não tínhamos, como hoje, um "câmbio livre".

No máximo, com alguma simpatia, podíamos dizer que tínhamos um "câmbio sujo", ou uma flutação aqui, outra ali.

Mini ou Maxi desvalorizações da moeda brasileira frente ao dólar eram medianamente comuns, ao sabor das inúmeras instabilidades econômicas que emergiam do ambiente interno ou externo.

Pra piorar, até 1994, com o Plano Real, tínhamos um ambiente econômico ínterno absolutamente caótico, com moratória externa como a de 1987, ou uma hiperinflação, que escondia, mascarava ou confundia qualquer dado ou variável macroeconômica.

O Plano Real, em 1994, começa a diminuir várias dessas aberrações ao estabilizar a moeda e, por conseguinte, a Economia Brasileira.

No entanto, uma das principais âncoras, se não a principal, do Plano Real era o câmbio; portanto, mesmo com importantes e determinantes mudanças econômicas, o câmbio continuou sendo "controlado" pelo governo ao longo do primeiro momento do Plano Real.

Pode-se discutir que também, em alguns momentos, deixava-se o câmbio flutuar em "bandas estreitas"; porém, a essência era de um "câmbio fixo"

Essa "política controlada do câmbio" começa a mudar em 1999.

Na verdade, havia logo no início do Plano Real uma pressão enorme para que "se deixasse" o câmbio andar.

Mas como disse, "segurar" o câmbio era um dos pilares do Plano Real numa economia outrora fortemente indexada a moeda americana.

A pressão vinha do lado interno e do lado externo por conta de pelo menos 3 momentos críticos pelos quais o Brasil passa; a saber, a Crise do México em 1994, a Crise da Ásia em 1997 e a moratória da Rússia em 1998.

Em todos esses momentos, as moedas dos países emergentes foram atacadas; o Real Brasileiro não foi diferente.

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No início de 1999, não deu mais pra segurar.

O default da Rússia meses antes, associado a não aprovação da tributação dos aposentados no Congresso Nacional no final de 1998, e um confuso e desastrado anúncio da moratória da dívida do Estado de Minas Gerais logo no início de 1999, foram o estopim para uma retirada maciça de dólares do país que jogou as Reservas Internacionais para um nível perigosíssimo.

Fernando Henrique Cardoso, o Presidente do Brasil àquela época, tenta mudar o quadro substituindo o Presidente do Banco Central, Gustavo Franco, e chamando o economista Chico Lopes.

Chico Lopes tenta "flutuar" o câmbio ao estabelecer uma "banda diagonal endógena", que, na prática, representava, nada mais, nada menos, do que uma "banda mais larga" para a "flutuação".

Simplesmente o mercado não entendeu nada dessa "banda diagonal endógena" e operou, de imediato "no teto da banda" durante os poucos dias em que ela sobreviveu.

Fernando Henrique não hesita em trocar rapidamente o comando do Banco Central, e coloca o economista, também formado pela PUC-RJ, na Presidência do Banco.

A partir dai, o câmbio é "deixado livre".

Ou seja, é a partir de Armínio Fraga, em 1999, que efetivamente o Brasil passa a adotar uma política cambial de "câmbio flutuante".

É dentro desse contexto que é preciso cuidado em analisar plataformas gráficas que apresentam a variável dólar antes de 1999; muitas delas nem apresentam.

Antes de 1994, diante do grave quadro de inflação e desarranjo econômico pelo qual passa o Brasil, obter plataformas gráficas do dólar que "descontem" efeitos inflacionários e planos econômicos com cortes de "zero", torna-se praticamente improdutivo.

O que veremos abaixo é praticamente um quadro do momento "mais arrumado" da Economia Brasileira, isto é, do Plano Real, em 1994, até aqui, com uma moeda "medianamente" estabilizada.

E o que vemos, principalmente a partir de 1999, quando temos essencialmente um "câmbio flutuante", é uma gritante simetria entre o dólar e o Bovespa.

Comecemos pelo gráfico que apresenta o período mais longo, desde 1994, com alguns momentos destacados.

Aqui, já é possível identificar a simetria a partir de 1999, com mais ênfase a partir de 2003.


Periodo 1994-2014 (Bovespa na metade superior e "Dólar x Real" na metade inferior")