Aceleração do Futuro no Varejo: Transformação Digital

 | 19.05.2020 07:05

Na coluna de hoje vou falar sobre a transformação digital no segmento de varejo eletrônico no Brasil. Vou comentar sobre as iniciativas das empresas e os resultados de B2W (SA:BTOW3), Magazine Luiza (SA:MGLU3) e Via Varejo (SA:VVAR3) no primeiro trimestre de 2020, com destaque maior para a Via Varejo.

Aceleração do futuro

Acredito que a pandemia do coronavírus vai marcar a virada definitiva para o crescimento e a dominância do comércio eletrônico no varejo brasileiro.

Assim como a Primeira Guerra Mundial marcou a virada do Século 20, a quarentena e o isolamento social devido à Covid-19 mudaram drasticamente o comportamento do consumidor e a forma como as empresas atendem aos seus clientes.

Com a quarentena e o fechamento das lojas físicas/shopping centers desde o dia 23 de março em São Paulo, com isolamento sucessivamente estendido até o fim de maio, as vendas das empresas passaram a depender 100 por cento do canal eletrônico, seja através site e/ou aplicativos.

Crescimento do varejo eletrônico

As empresas já vinham investindo no canal de vendas on-line, com crescimento da participação do comércio eletrônico nas receitas das companhias de varejo, mas as vendas nas lojas físicas ainda representavam a maior parte do  faturamento. Em 2019, o comércio eletrônico ainda representou cerca de 5 por cento do varejo total no Brasil, com forte crescimento de 15 por cento a 20 por cento ao ano.

Em pouco tempo o comércio eletrônico vai triplicar a sua participação no varejo total do Brasil e as empresas vêm acelerando os investimentos nos canais digitais.

A digitalização dos canais de venda é cada vez mais maior: 1) click and collect, compra pelo site/app e retirada na loja; 2) programa “Prime” com entregas de produtos comprados online em até 48 horas e; 3) compra na loja física e pagamento on-line pelo app (modelo da Macy’s no Estados Unidos).

As empresas que não possuem canais de vendas eletrônicos, como por exemplo a rede de eletrodomésticos Lojas Cem, ficarão cada vez mais para trás nesta disputa pelo consumidor.

B2W, Magalu e Via Varejo

As três principais empresas de varejo eletrônico do Brasil que têm capital aberto na Bolsa são B2W Digital (SA:BTOW3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3), donas dos principais site de compras on-line do Brasil: Submarino e Americanas.com (B2W), Magalu (MGLU3) e Casas Bahia e Ponto Frio (Via Varejo). O Mercado Livre (NASDAQ:MELI), líder do mercado, tem ações negociadas nos Estados Unidos.

Todas as empresas têm aumentado a participação das vendas on-line nas vendas brutas (GMV) e no seu faturamento. Outra tendência é o crescimento das vendas de produtos de terceiros (3P), o chamado marketplace, em que o consumidor consegue achar quase todo tipo de produto. Um bom exemplo é a Amazon (NASDAQ:AMZN).

A Magazine Luiza é a grande referência no varejo on-line do Brasil: 50 por cento das vendas de 2019 foram realizadas no varejo eletrônico, sendo que o marketplace (3P) representa cerca de 30 por cento do total das vendas eletrônicas.

A B2W vende praticamente tudo através dos seus sites e 60 por cento das vendas são feitas no marketplace (3P). No caso da Lojas Americanas (SA:LAME4), controladora da B2W, as vendas eletrônicas representam 62 por cento do total.

A participação do varejo eletrônico na Via Varejo era de 20 por cento antes do Covid-19, sendo que o marketplace (3P) tem participação de 25 por cento do total das vendas on-line.

Remodelagem das lojas físicas: exemplo dos supermercados

Está acontecendo uma grande mudança na configuração dos espaços das lojas físicas no comércio. A experiência do consumidor será diferente depois da pandemia da Covid-19. O  comprador vai querer se “sentir em casa” e precisa ter menos aglomeração. A experiência do consumidor (UEX, experiência do usuário em inglês) será ainda mais importante para o varejo daqui para frente.

O comportamento do consumidor deverá seguir uma tendência de compra itens mais básicos e essenciais na linha do “menos é mais”. 

Um bom exemplo dessa mudança, que já estava ocorrendo antes mesmo do Covid-19, é a reforma das lojas do Pão de Açúcar (SA:PCAR3), com crescimento do varejo on-line, aplicativo e site. O Pão de Açúcar antes usava o aplicativo Rappi para entregas de compras e agora tem o James, empresa comprada pelo Pão de Açúcar. Com isso, a rede de supermercados busca o engajamento do consumidor e melhorar a experiência do usuário através de descontos no aplicativo Pão de Açúcar Mais.

Na crise surgem oportunidade

Com o fechamento das lojas físicas e a queda nas vendas em praticamente todas as categorias, exceção feita aos supermercados e farmácias, as empresas tiveram que “desesperadamente” aumentar as vendas pelo canal eletrônico.

Houve uma aceleração no processo de digitalização das vendas, as seis semanas de isolamento social (desde 23 de março) se multiplicaram para meses, com forte crescimento da participação das vendas eletrônicas no faturamento das empresas.

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