Ações da Boeing se Recuperarão no Longo Prazo, Mas Ainda Não É Hora de Comprá-las

 | 21.03.2019 09:47

A Boeing (NYSE:BA), maior fabricante de aviões do mundo, está se recuperando de uma das maiores crises da sua história, desencadeada por dois acidentes fatais envolvendo sua promissora aeronave 737 Max. Essa aeronave de fuselagem estreita era a aposta mais segura da gigante do setor aeroespacial para crescer em uma disputa bastante acirrada com seus concorrentes.

Mas, após os dois acidentes ocorridos nos últimos cinco meses, os aviões desse modelo foram impedidos de voar ao redor do mundo, levantando dúvidas sobre as práticas de segurança da Boeing, cuja jornada de crescimento foi interrompida por completo. Os investidores de longo prazo da Boeing estão tentando descobrir qual foi a extensão dos danos à reputação da companhia e à sua perspectiva financeira.

Há muitas questões em jogo tanto para a Boeing quanto para a economia dos EUA. O 737, que iniciou suas operações no final da década de 1960, é o modelo mais vendido da indústria da aviação e a principal fonte de receita da Boeing. A versão Max reprojetada teve tanto sucesso que recebeu mais de 5000 pedidos que totalizaram mais de US$ 600 bilhões, incluindo aviões que já foram entregues, de acordo com dados da Bloomberg.

Os depósitos dos pedidos do 737 MAX ajudaram a impulsionar a receita da Boeing para mais de US$ 100 bilhões pela primeira vez no ano. Isso fez com que a capitalização de mercado da empresa sediada em Chicago ultrapassasse US$ 250 bilhões antes do acidente da Ethiopian Airlines, no dia 10 de março, o segundo após o incidente fatal que também envolveu o 737 Max, operado pela Lion Air, da Indonésia.

O 737 Max é o maior gerador de receita de produtos da Boeing, com grande peso nos lucros antes de juros e impostos (EBIT), de acordo com as estimativas do Goldman Sachs, podendo responder por 45% do EBIT da Boeing nos próximos cinco anos.

h3 Risco da Boeing na China/h3

A China, destino de cerca de 20% das entregas mundiais do Max até janeiro, está considerando a possibilidade de excluir o modelo da lista de exportações americanas que o país poderia adquirir como parte de um acordo comercial com os EUA, segundo uma reportagem da Bloomberg. Se essa ação se concretizar e for seguida por outros países e companhias aéreas, poderia prejudicar os fluxos de caixa da Boeing e seu plano de crescimento por anos.

Embora os analistas estejam divididos em relação ao impacto de curto e longo prazo que a Boeing terá em razão da crise do Max, não é difícil perceber que 2019 será um ano difícil para a companhia, cuja maior parte será consumida pelo controle de danos. De acordo com o Credit Suisse, uma combinação de eventos negativos pode prejudicar os fluxos de caixa da Boeing em US$ 3,7 bilhões neste ano, ou cerca de um quarto do fluxo de caixa previsto pelo banco.

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Analistas da Edward Jones, além de rebaixar a classificação das ações da Boeing, afirmaram em uma nota que os dois acidentes podem gerar custos adicionais e alguns atrasos nos pedidos do Max, reduzindo o lucro da companhia.

“No longo prazo, acreditamos que a perspectiva será equilibrada pelos pedidos firmes de outros aviões (como o 787), recentes vitórias no programa de defesa e a expansão da área de serviços... De maneira geral, acreditamos que o valor dos papéis é adequado para investidores de longo prazo”, declarou o analista Jeff Windau, da Edward Jones, em uma nota aos investidores.

As ações da Boeing, que subiram 33% em 2019 antes do acidente de 10 de março, se desvalorizaram cerca de 11% desde esse evento, refletindo o nervosismo e a incerteza dos investidores quanto ao possível impacto desses dois incidentes na receita da companhia. Os papéis subiram 1% nos últimos dois pregões, fechando a sessão de ontem a US$ 376,16.