Açúcar: Sem entusiasmo

 | 10.10.2022 08:51

O mercado de açúcar mostrou excelente recuperação durante a semana, encerrando a sexta-feira com o vencimento março/23 negociado a 18.69 centavos de dólar por libra-peso, uma valorização de 101 pontos (equivalentes a pouco mais de 22 dólares por tonelada) em relação à semana passada.

Pode-se atribuir essa melhoria parcialmente ao desempenho do mercado de energia como um todo. Diesel, gasolina e petróleo subiram respectivamente 22%, 15% e 12% na semana, mas a defasagem entre o preço da gasolina administrado pelo Petrobras (BVMF:PETR4) e o mercado internacional está em 8%. No entanto, para não perder votos na reta final, o presidente candidato à reeleição deve pressionar para que a empresa aguarde qualquer reajuste de preços dos combustíveis para depois das eleições, claro.

Com a perspectiva de melhores preços do combustível internamente (mesmo que seja após o segundo turno) e o possível retorno dos impostos federais sobre os combustíveis, a pressão sobre o açúcar diminui ainda que – acredita-se – o caminho para um nível acima dos 19 centavos de dólar por libra-peso será bem árduo devido ao cenário macro mundial e ao fato de que o nível de 18.50 centavos de dólar por libra-peso, faz a Índia começar a “gostar do mercado” pronta para desaguar pelo menos 8 milhões de toneladas de açúcar.

A valorização de quase 4% do real frente ao dólar no acumulado da semana é reflexo do resultado das eleições que mostrou significativa renovação do Congresso. O Brasil deu uma guinada à direita, embora os dois extremos estejam representados, e os investidores externos interpretaram o movimento como favorável à criação de um ambiente propício para as aprovações de reformas importantes como a administrativa, política, entre outras. Como eu já vi esse filme antes, convém não se entusiasmar muito.

Outro ponto é que o mercado – leia-se investidores externos – já incorporaram a possibilidade do ex-presidente petista se eleger. Se eleito, no entanto, terá um Congresso com obstinada oposição. Vai demandar uma exaustiva negociação nas duas casas, se vendo obrigado a defenestrar a cartilha anacrônica do PT e trazer os extremos para mais próximo do centro. Se será bem sucedido, só o tempo dirá.

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Para o setor sucroalcooleiro especificamente, pelo desempenho pregresso de ambos, temos de um lado o incumbente que quer interferir na formação de preço da gasolina, metendo o dedo na Petrobras, e do outro lado, não tão diferente, um oponente que almeja “abrasileirar” o preço dos combustíveis, seja lá o que isso quer dizer. Depois do mar de lama de corrupção na estatal durante os degenerantes governos petistas, acredita-se que a empresa hoje – devido à rigorosa política de governança – tem mecanismos para coibir roubos e corrupção. Mas, convém não se entusiasmar muito.

O atual presidente, se quiser ser reeleito, terá que adaptar seu discurso tempestuoso e trazer para si parte do eleitorado que perdeu nesses quatro anos. Eleito, terá um Congresso favorável e uma janela de oportunidades para aprovar leis importantes para o desenvolvimento do País. É uma chance de ouro se souber aproveitar o que seu oponente não soube ou não quis fazer quando eleito em 2002 com enorme apoio popular. Pode dar certo, mas, prezados e improváveis leitores, é melhor não se entusiasmar muito.

Comparando as pesquisas eleitorais para presidente com o resultado das urnas conclui-se que os institutos estão usando metodologias incapazes de captar tendências. Sem querer enveredar pelas teorias conspiratórias, o fato é que existem erros famosos sobre pesquisas. A mais recente quando os principais institutos nos EUA apontaram a vitória de Hillary Clinton contra Donald Trump. A metodologia não captou que muitos democratas não foram votar porque a vitória da candidata era dada como certa. Em 3 novembro de 1948, o jornal Chicago Tribune estampou na primeira página que Thomas Dewey vencera a corrida presidencial contra o titular do cargo Harry Truman. Truman foi reeleito por uma diferença de 114 votos.

Voltando para o mundo do açúcar, o mercado trabalha com a moagem deste ano chegando próximo aos 538 milhões de toneladas. Para 23/24, o crescimento – se houver – não deverá ser mais do que 3%, segundo várias usinas ouvidas. A incógnita acerca de como o preço da gasolina será formado a partir de 2023 retarda o planejamento para a safra vindoura.

Independentemente de quem ocupará a cadeira presidencial, parece ser consenso no mercado financeiro que o real deve se valorizar frente ao dólar o ano que vem, caso as previsões de vultosos investimentos se concretizem. Alguns falam no dólar a R$ 4,5000. Além disso, o custo de produção de açúcar para 23/24, em reais por tonelada, deve ser menor como resultado da queda do preço de vários insumos que partiram de uma base mais alta por conta da guerra da Rússia com a Ucrânia.

A Índia inicia sua safra estimando produzir 35.5 milhões de toneladas de açúcar. Começam com um estoque reduzido de 6 milhões de toneladas, acreditam que o consumo deverá ser de 27.5 milhões de toneladas (se não tivesse havido a pandemia, esse consumo estaria hoje em 28.5 no mínimo) e devem exportar 8 milhões de toneladas de açúcar. Com a moeda deles desvalorizada, o custo de produção em US$ caiu e o preço de equilíbrio deve estar em torno de 18.50 centavos de dólar por libra-peso.

No médio prazo, considerando o quadro mais favorável para a economia brasileira depois das eleições, podemos esperar um suporte nos preços de NY ao redor de 17.00-17.50 centavos de dólar por libra-peso. Mas, tudo isso se o petróleo continuar nos níveis de 80-90 dólares por barril. Ninguém acredita nesse momento que existe chance de o mercado de petróleo ir abaixo de 60 dólares por barril, o que mudaria completamente o comportamento mais construtivo do mercado.  

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