Algodão: Preços da Pluma Subiram com Força em Outubro no Brasil

 | 12.11.2020 15:09

Os preços do algodão em pluma subiram com força em outubro no Brasil, atingindo patamares recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em julho de 1996. Na primeira quinzena do mês, a paridade de exportação seguia acima do valor pago no mercado doméstico, o que fez com que vendedores priorizassem os embarques e os novos fechamentos de exportação, mantendo baixa a disponibilidade doméstica. Consequentemente, compradores brasileiros com interesse imediato precisaram elevar com certa frequência os valores para conseguir adquirir novos lotes – em alguns casos, esses agentes até cederam na qualidade. Diante disso, na segunda quinzena de outubro, os preços internos passaram a operar em patamares acima dos observados para exportação. Tradings também estiveram ativas no mercado doméstico, especialmente na segunda metade do mês, e as fábricas puderam se abastecer – mesmo que para o curto prazo –, havendo melhora na comercialização neste período.

Neste cenário, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias atingiu R$ 4,0769/lp no dia 27 de outubro, o maior valor nominal de toda a série do Cepea. Já no dia 30, o Indicador cedeu, fechando a R$ 4,0559/lp, mas ainda com expressiva alta de 25,7% no acumulado de outubro e de 50,8% em 10 meses. Vale considerar que a alta no acumulado do mês é a maior desde agosto de 2010. Já o enfraquecimento do preço nos últimos dias de outubro esteve atrelado à posição mais firme de compradores, que alegaram dificuldades no repasse dos aumentos da pluma. O preço médio de outubro foi de R$ 3,6486/lp, 15,23% acima do de setembro e 24,18% maior que o de outubro/19 – em termos reais, as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de setembro/2020). Trata-se, também, da maior média real desde janeiro de 2019 (R$ 3,6589/lp). O dólar fechou em R$ 5,748 no dia 30 de outubro, avanços de 2,31% no mês e de 43,13% no ano. A média do câmbio em outubro, de R$ 5,629, foi a segunda maior em termos nominais desde 1994, atrás apenas da observada em maio deste ano. Conforme a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), o beneficiamento da safra 2019/20 chegou a 75% no dia 29, e a comercialização, em 84%. Ainda segundo a Abrapa, 44% da safra 2020/21 já estaria vendida. Agora, fica mais evidente que, mesmo com produção recorde, a lenta evolução do beneficiamento e as atenções voltadas ao mercado externo limitaram a disponibilidade doméstica de pluma, elevando os preços no Brasil.

EXPORTAÇÃO – Segundo dados da Secex, as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 241,3 mil toneladas em outubro/20, 51,8% acima do registrado no mês anterior, mas 16,3% abaixo de outubro/19. No acumulado dos últimos 12 meses, os embarques somam mais de 2 milhões de toneladas. Em outubro, o faturamento foi de US$ 364,2 milhões (alta de 57,8% frente a setembro/20, mas baixa de 21,6% em relação a outubro/19) e o valor médio da pluma exportada foi de US$ 0,6847/lp, FOB porto brasileiro (aumento de 3,9% no mês; porém, queda de 6,4% em um ano). Esse preço médio da pluma exportada seria equivalente a R$ 3,8547/lp, 5,7% maior que a média do Indicador, de R$ 3,6486/lp.

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MERCADO INTERNACIONAL – A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) fechou em R$ 3,8513/lp (US$ 0,6700/lp) no porto de Santos (SP) e em R$ 3,8602/lp (US$ 0,6716/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 30 de outubro, aumentos de 10,9% no acumulado de outubro e de 43% no ano. O Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) subiu 8,15% no mês, mas, no ano, houve baixa de 0,90%, a US$ 0,7695/lp no dia 30. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), os contratos foram impulsionados pela melhora na venda dos Estados Unidos, pela elevação do petróleo e pelo enfraquecimento do dólar no mercado internacional. Além disso, o atraso na colheita norte-americana, o clima desfavorável e o furacão nos Estados Unidos também influenciaram os aumentos nos valores da pluma. Entre 30 de setembro e 30 de outubro, o vencimento Dez/20 se valorizou 4,76%, a US$ 0,6892/lp no dia 30. O contrato Mar/21 fechou a US$ 0,6978/lp no encerramento de outubro (aumento de 4,87% no mês), Maio/21, a US$ 0,7058/lp (+4,92%) e Jul/21, a US$ 0,7126/lp (+4,92%).

ICAC – Segundo informações divulgadas no dia 2 de novembro pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), a cadeia do algodão continua sendo influenciada pela pandemia, por tensões comerciais e pela economia global lenta. A expectativa é que a produção mundial na temporada 2020/21 chegue em 24,9 milhões de toneladas e ultrapasse o consumo em 500 mil toneladas (24,4 milhões de toneladas). Espera-se que Estados Unidos, Brasil, Paquistão e África Ocidental tenham redução nos volumes produzidos, ao mesmo tempo em que a Índia e a China devem aumentar a colheita. De acordo com o Comitê, mesmo com a projeção de queda de 6% na produção do Brasil de 2019/20 para 2020/21, indo para 2,8 milhões de toneladas, esse volume ainda é o dobro do colhido em 2015/16. Já para os Estados Unidos, furacões limitam a produção e a qualidade da safra 2020/21. Para a comercialização mundial, a expectativa é de que some 9,3 milhões de toneladas, 4,4% a mais que na temporada 2019/20. O estoque final está projetado em 22,4 milhões de toneladas, 3,2% maior que o anterior. Quanto aos preços, a estimativa de novembro para o final da temporada 2020/21 indica média do Índice Cotlook A de US$ 0,69/lp.

CAROÇO DE ALGODÃO – O preço do caroço de algodão subiu em outubro, chegando a ficar o dobro do verificado no mesmo mês de 2019. O impulso veio da posição firme de vendedores, da demanda aquecida e dos altos patamares de produtos concorrentes, como soja e milho. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em outubro/20 em Barreiras (BA) foi de R$ 1.017,66/t, avanço de 3,5% em relação ao mês anterior. Em Primavera do Leste (MT), o aumento foi de 13,1%, com a média de outubro indo para R$ 1.038,98/t. Em Campo Novo do Parecis (MT), houve alta de 17,8% no mês, a R$ 1.021,2/t, e em Lucas do Rio Verde (MT), a média registrou elevação de 17,7%, a R$ 1.023,10/t.