Algodão: Queda de Braço Entre Agentes do Setor da Pluma Causou Oscilações em Maio

 | 11.06.2021 13:24

A acirrada “queda de braço” entre agentes do setor de algodão em pluma limitou as negociações ao longo de maio e também resultou em oscilações nos preços. Agentes de indústrias ofertaram valores mais baixos na compra de novos lotes, adquirindo volumes suficientes apenas para atender à necessidade imediata. Esses demandantes estiveram preocupados com o enfraquecimento das vendas de produtos finais e alegaram não conseguir repassar as altas da matéria-prima. Comerciantes compraram a pluma para cumprimento de suas programações, mas mostraram dificuldades em realizar novos negócios “casados”. Vendedores estiveram firmes nos preços pedidos, mas uma parte das tradings disponibilizou alguns lotes a valores mais atrativos, influenciando a queda no valor médio. Produtores, por sua vez, voltaram as atenções à temporada 2020/21, principalmente ao algodão de segunda safra de Mato Grosso, que deve apresentar menor produtividade. Além disso, estes agentes já estão com boa parte do volume comprometido e/ou estão capitalizados.

Já as negociações de contratos a termo estiveram mais aquecidas em maio, mesmo com a disparidade de preço entre os compradores e vendedores. Compradores estiveram mais ativos nas comercializações envolvendo a pluma da safra 2020/21, especialmente, e também da 2021/22. Para exportação, os novos fechamentos apresentaram lentidão, mas os embarques continuaram aquecidos. Entre 30 de abril e 31 de maio, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, recuou 2,5%, fechando a R$ 5,0412/lp no dia 31. A média mensal do Indicador, no entanto, foi de R$ 5,1563/lp, 4,44% maior que a de abril, expressivos 94,71% superior à de maio/20 e um recorde, em termos nominais. Já quando os valores são corrigidos pelo IGP-DI de abril/21, a média de março esteve 47,45% acima da de maio/20 e foi a maior desde junho de 2018 (R$ 5,5810/lp).

EXPORTAÇÃO – O volume de pluma exportado em maio totalizou 115,24 mil toneladas, segundo dados da Secex, 65,7% a mais que em maio/20 (69,55 mil toneladas) e um recorde para o mês. De agosto/20 a maio/21 (parcial da safra), os embarques somam 2,2 milhões de toneladas, um recorde. O preço médio de exportação em maio, em dólar, segundo a Secex, foi de US$ 0,7906/lp, 2,5% maior que o de abril/21 (US$ 0,7710/lp) e 15,6% acima do de um ano atrás (US$ 0,7080/lp). Em moeda nacional, considerando-se o dólar médio, de R$ 5,2931 em maio, o preço por libra-peso da pluma exportada foi de R$ 4,1849, 18,8% abaixo do Indicador CEPEA/ESALQ – a maior diferença negativa desde julho de 2016 (-19,8%).

Abaixe o App
Junte-se aos milhões de investidores que usam o app do Investing.com para ficar por dentro do mercado financeiro mundial!
Baixar Agora

SAFRA 2020/21 – Segundo dados de 31 de maio do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária), a produtividade de algodão em caroço em Mato Grosso deve ser de 279,07 @/ha, queda de 9% frente à temporada anterior e recuo de 1,29% se comparado com os dados do dia 3 de maio. A redução está atrelada ao menor volume de chuvas em maio em várias regiões do estado, contexto que prejudica especialmente as áreas semeadas após a segunda quinzena de fevereiro. A produção mato-grossense está projetada em 1,62 milhão de toneladas de pluma, 25,03% menor que a da temporada 2019/20.

MERCADO INTERNACIONAL – Em maio, o Indicador ficou, em média, 23% maior que a paridade de exportação. Esta foi a maior vantagem registrada desde janeiro de 2017, quando chegou em 23,3%. Ainda, a média do Indicador à vista, de US$ 0,9736/lp em maio, esteve 7,1% maior que a do Índice Cotlook A (US$ 0,9094/lp) e 14,7% superior à do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York (US$ 0,8485/lp). Entre 30 de abril e 31 de maio, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) caiu 9,3%, a R$ 4,0762/lp (US$ 0,7801/lp) no porto de Santos (SP) e a R$ 4,0867/lp (US$ 0,7821/lp) no de Paranaguá (PR) nessa segunda-feira, 31. No mesmo período, o Índice Cotlook A (referente à pluma posta no Extremo Oriente) caiu 5,48% e fechou em US$ 0,8970/lp no dia 31 de maio. Já o dólar se desvalorizou 3,85% frente ao Real no mesmo comparativo. Os contratos na Bolsa de Nova York (ICE Futures) acumularam baixa em maio, pressionados, especialmente, pela desvalorização externa do petróleo e pela alta do dólar frente às principais moedas. De 30 de abril a 28 de maio, o vencimento Jul/21 caiu 6,77%, fechando a US$ 0,8212/lp no dia 28 – foi feriado nos Estados Unidos no dia 31 de maio. O contrato Out/21 fechou em US$ 0,8378/lp (-3,11%), o Dez/21, em US$ 0,8332/lp (-2,05%), e o Mar/22, em US$ 0,8331/lp (-1,19%).

CAROÇO DE ALGODÃO – Diante da baixa disponibilidade de caroço de algodão, os preços médios no mercado spot atingiram recordes reais por mais um mês. Assim, apenas compradores com necessidade imediata seguiram adquirindo pequenos volumes. De modo geral, agentes se voltaram aos cumprimentos dos contratos firmados anteriormente. Segundo informações captadas pelo Cepea, o preço médio do caroço no mercado spot em maio/21 em São Paulo (SP) foi de R$ 2.129,13/t, avanços de 1% em relação ao mês anterior e de expressivos 112,8% sobre o de maio/20 (R$ 1.000,33/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de abril/21. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média subiu 9,1% na variação mensal e significativos 160% na anual, indo para R$ 2.129,13/t em maio. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média de abril foi de R$ 1.972,97/t, aumento de 7,8% frente à de abril/21 e de 142,7% em relação à de maio/20. Em Primavera do Leste (MT), as altas foram de 13,4% no mês e de 153,8% no ano, a R$ 2.290,63/t em maio/21.