Algodão: Valores do algodão em pluma acumularam alta em agosto

 | 14.09.2023 14:35

Apesar de a colheita e o beneficiamento da temporada 2022/23 terem avançado ao longo de agosto, os valores do algodão em pluma acumularam alta no mês – trata-se, inclusive, do terceiro avanço mensal consecutivo. Atentos ao campo e priorizando a entrega de contratos a termo, cotonicultores estiveram afastados do mercado spot. Os produtores ativos estiveram firmes nos preços pedidos nas novas negociações, fundamentados nas valorizações externas. Do lado da demanda, agentes de indústrias indicaram reação no desempenho das vendas ao longo da cadeia têxtil, o que já levou algumas fábricas a demandarem mais volumes de matéria-prima. Assim, compradores com mais necessidade precisaram ceder e pagar os valores pedidos por vendedores, especialmente para a pluma de qualidade superior

Vale ressaltar que, na última semana de agosto, as altas mais intensas na Bolsa de Nova York (ICE Futures) fizeram com que as tradings entrassem no mercado nacional na compra de volumes a preços mais atrativos, reforçando o movimento de alta. Nesse cenário, entre 31 de julho e 31 de agosto, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, avançou 2,51%, fechando a R$ 4,0842/lp no dia 31. Ainda assim, a cotação interna ficou, em média, 3% inferior à paridade de exportação em agosto. No campo, de acordo com a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), 88% da área 2022/23 nacional havia sido colhida, com o beneficiamento alcançando 36% do total da produção até o dia 1º de setembro.

MERCADO INTERNACIONAL – De 31 de julho a 31 de agosto, o dólar se valorizou 4,63% frente ao Real, fechando a R$ 4,95 no dia 31. O Índice Cotlook A subiu 2,16% no mês, a US$ 0,9695/lp também no dia 31. Assim, as paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) registraram aumentos de 7,02% em agosto, para R$ 4,1758/lp (US$ 0,8436/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 4,1863/lp (US$ 0,8457/lp) no de Paranaguá (PR), no dia 31. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), entre 31 de julho e 31 de agosto, o vencimento Out/23 aumentou 3,11%, a US$ 0,8961/lp; o Dez/23, 3,66%, a US$ 0,8995/lp; o Mar/24, 3,52%, a US$ 0,8977/lp; e o Mai/24, 3,51%, a US$ 0,8970/lp.

EXPORTAÇÃO – Dados captados pelo Cepea em agosto/23 mostram que as negociações para exportação com embarques de agosto a dezembro de 2023 apresentam média de US$ 0,8646/lp, considerando-se os valores FOB no porto de Santos (SP) – os negócios envolvendo exclusivamente a pluma da safra 2022/23 registram média de US$ 0,8770/lp. Ainda de acordo com dados do Cepea, para 2023/24, a média de negociação foi de US$ 0,8352/lp em agosto/23.

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EMBARQUE – Em 23 dias úteis de agosto, as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 104,3 mil toneladas, 43,6% acima do volume embarcado em todo o mês de julho/23 e maior que as 62,8 mil toneladas exportadas em agosto/22 (+66,1%), segundo dados da Secex. O preço médio da pluma exportada está em US$ 0,8161/lp em agosto/23, baixas de 1,1% no comparativo mensal (US$ 0,8252/lp) e de 9% no anual (US$ 0,8969/lp).

OFERTA NACIONAL – Relatório divulgado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) no dia 10 de agosto indicou que a área nacional de algodão na safra 2022/23 deve somar 1,66 milhão de hectares, 3,6% maior que a da temporada 2021/22 e ligeira queda de 0,01% frente ao relatório divulgado em julho/23. A produtividade brasileira teve aumento de 0,77% frente ao relatório anterior e significativa alta de 14,5% se comparada à da safra passada, para 1.827 kg/ha – um recorde. Dessa forma, o volume colhido no Brasil teve reajuste positivo de 0,76% no comparativo mensal e elevação de 18,7% em relação à temporada 2021/22, podendo chegar a 3,03 milhões de toneladas, também um recorde.

ICAC – Dados divulgados no dia 1º de setembro pelo Icac (Comitê Consultivo Internacional do Algodão) estimam a produção mundial da safra 2023/24 em 25,065 milhões de toneladas, queda de 5,51% frente às informações de agosto/23, mas ainda 1,8% maiores que as da temporada anterior. Vale considerar que, de acordo com o Comitê, a China, Índia, Paquistão e os Estados Unidos poderão enfrentar condições adversas no clima que podem prejudicar a produção. Por outro lado, o consumo mundial de algodão deve cair 1,01% frente à temporada 2022/23, para 23,213 milhões de toneladas – houve reajuste mensal negativo, de 4,91%. Assim, o consumo pode ficar 7,39% inferior à oferta. Para a exportação mundial, projeta-se aumento de 10,86% frente à safra anterior, mas reajuste negativo de 6,11% em relação aos dados do mês anterior, para 8,942 milhões de toneladas na temporada 2023/24. Nesse cenário, o estoque final deve somar 22,98 milhões de toneladas, com elevação de 8,82% em relação à temporada 2022/23 e reajuste positivo de 2,95% sobre os dados de agosto/23. O Comitê indica média do Índice Cotlook A de US$ 0,84/lp para a temporada 2023/24, variando de US$ 0,67/lp a US$ 1,06/lp. Para o Brasil, especificamente, a produção na temporada 2023/24 é estimada em 2,8 milhões de toneladas, baixa de 7,28% frente à safra anterior (de 3,02 milhões de toneladas, que é recorde). Já as exportações devem subir expressivos 41,01% no mesmo comparativo, chegando a 2,045 milhões de toneladas na safra 2023/24. O consumo interno é esperado em 662 mil toneladas, 5% inferior ao da temporada anterior.

CAROÇO DE ALGODÃO – Os preços do caroço de algodão seguiram em queda ao longo de agosto. A flexibilização por parte vendedora foi acentuada pela pressão exercida pelos compradores ativos. A demanda pelo caroço está enfraquecida, o que se deve também às recentes desvalorizações da arroba do boi. Quanto aos preços, levantamento do Cepea mostra que a média do caroço no mercado spot em agosto/23 em Primavera do Leste (MT) foi de R$ 806,04/t, queda de 8,7% em relação à do mês anterior e retração de expressivos 36,4% sobre a de agosto/22 (R$ 1.266,45/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de julho/23. Em Campo Novo do Parecis (MT), a média recuou 8,6% na comparação mensal e significativos 35,9% na anual, indo para R$ 738,67/t em agosto/23. Em Lucas do Rio Verde (MT), a média foi de R$ 655,34/t, baixa de 6,3% frente à do mês anterior e queda de 42,8% se comparada à do mesmo período de 2022. Em Barreiras (BA), a média foi de R$ 1.040,00/t, quedas de 5,4% frente à de julho/23 e de 29,2% em relação à de agosto/22. Em São Paulo (SP), a média caiu 5,8% no mês e 23,9% no ano, a R$ 1.298,56/t em agosto/23.