Americanas (AMER3): Como não cair em fraudes?

 | 24.01.2023 14:58

O rombo de R$ 20 bilhões no balanço da Americanas (AMER3) se tornou a quarta maior Recuperação Judicial (RJ) da história no país.

Maiores recuperações judiciais no Brasil. Fonte: UOL e elaboração Nord Research

As altas de +63% trazidas pelo otimismo com a nomeação do novo CEO, Sergio Rial, executivo responsável por dar ao Santander (SANB11) os melhores índices de rentabilidade, foram por água abaixo.

Cotação das ações da Americanas (AMER3). Fonte: Bloomberg

h2 "Eu não sabia"/h2

Foram 10 anos de "problemas contábeis" e os executivos da própria empresa sabiam.

Matéria sobre uma suposta denúncia do rombo da Americanas. Fonte: Valor Econômico

Não é o primeiro "problema" no balanço das empresas que o trio controla. Já vimos fraude contábil na Heinz (KHCB34, NASDAQ:KHC), a América Latina Logística (ALL) teve que rever seus balanços após ser comprada pela Rumo (RAIL3) e, agora, a Americanas.

Políticos usam muito a frase: "eu não sabia", mas uma das principais funções dos controladores e do Conselho de Administração é de fiscalizar os executivos de uma empresa.

Em minha humilde opinião, se apequenaram. Jogaram a culpa nos auditores (PwC, que também tem culpa e está sendo processada pela fraude em IRB (IRBR3) e tentam se eximir da responsabilidade.

Os três homens mais ricos do Brasil (Lemann, Telles e Sicupira), lendas do empreendedorismo e gestão brasileiros, estão lidando da pior forma possível com os problemas de AMER3.

O 3G deveria ter injetado dinheiro e salvado a companhia. Nos próximos meses, escutaremos muito mais se eles realmente "não sabiam".

h2 Buffett, contabilidade agressiva e margens baixas/h2

Warren Buffett não seguiu seus próprios conselhos e participou com o trio do 3G na compra da Heinz em 2013. Se deu mal.

Pagaram caro demais na empresa, números abaixo do esperado, fraude no balanço, entre outros problemas.

Fonte: Bloomberg

No entanto, mesmo tendo sofrido prejuízo com o grupo, Buffett diz algo sobre fraudes que acho interessantíssimo. Não encontrei uma "frase de efeito", mas ele diz algo na linha: as empresas mais propensas a fraudar o balanço são aquelas que aplicam uma contabilidade mais agressiva.

Os gestores possuem uma imensa flexibilidade ao reportar um balanço e podem ser mais conservadores ou mais agressivos.

O grupo 3G (a "cultura AMBEV") sempre foi conhecido por ser BASTANTE agressivo em bater metas e no reporte de seus números.

Além disso, Buffett também evita setores (empresas) com margens baixas (baixíssimas). Margens reduzidas exigem uma gestão extremamente eficiente.

Fonte: Bloomberg

A margem de lucro de Americanas ficou a maior parte de sua história abaixo de 0 (prejuízo) e, mesmo com os "problemas no balanço", é de míseros 0,15%.

É esse tipo de empresa que não tem espaço para errar que tem o maior incentivo para "arrumar um espacinho nos números".

Dado o histórico do grupo 3G, eu teria cuidado com qualquer empresa que tenha a "cultura AMBEV" (sim, inclusive com Ambev (ABEV3).

h2 O varejo é "investível"?/h2

A discussão sobre AMER3 nos leva até a pensar na atratividade de investir no varejo brasileiro como um todo.

O varejo é super competitivo, especialmente no Brasil, com juros altíssimos, economia fraca e consumidor endividado, as grandes beneficiadas pela fraqueza de AMER3 são: Magalu (MGLU3), Via (VIIA3) e Mercado Livre (NASDAQ:MELI) (BVMF:MELI34).

Mas é preciso ter uma dose cavalar de cautela. A concorrência já era elevada e, recentemente, tivemos a entrada de Shopee e AliExpress no mercado brasileiro.

Cotações seguem resultados, e os resultados das varejistas apontam para baixo – além disso, as perspectivas econômicas do Brasil (PIB) para 2023 e além não são nada boas.

Lucro e cotação das ações das principais varejistas do país. Fonte: Bloomberg

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O próprio Warren Buffett anunciou o "fim do varejo tradicional" como o conhecemos.

Competição ferrenha, margens apertadíssimas e cenário piorando. O varejo no Brasil NÃO nos parece ser uma ótima oportunidade.

h2 Lições de IRB/h2

Não é óbvio o que aconteceu com AMER, entretanto, com margens baixas e contabilidade agressiva, as chances de algum problema são maiores.

Outro ótimo exemplo dos últimos anos foi a fraude em IRB (IRBR3). IRB era a resseguradora mais lucrativa e que mais crescia no mundo.

Cotação das ações do IRB (IRBR3). Fonte: Bloomberg

Mas os números eram fraudulentos.

Muitos investidores chamavam a atenção para a excepcionalidade de IRB. É claro, os investidores não podem gritar "fraude" sem provas, mas muitos apontavam como era "estranho o balanço".

E, assim como não consideramos IRB um bom investimento agora – a companhia ainda está em processo de arrumar seu balanço –, não achamos que AMER3 é oportunidade.

Cotação das ações da Americanas (AMER3). Fonte: Bloomberg

Comentamos, na semana passada, como AMER3 nunca foi lucrativa e ainda está tendo problemas para convencer seus fornecedores a continuar vendendo para a empresa.

Achamos que, aqui, o "barato" sai caro.

Bola pingando na frente da área sem goleiro

Muitos investidores pintam a complexidade e a dificuldade como oportunidade.

Gostamos de bola pingando na frente do gol sem goleiro.

 

Erramos, é claro, mas com a simplicidade que aprendemos com Warren Buffett, erramos menos e acertamos mais.

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