Analisando a Inflação Americana e Brasileira

 | 11.06.2021 08:57

Para o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, em seminário, os choques inflacionários devem ser “encarados como temporários”. Para ele, “a curva de juros perdeu um pouco da inclinação recentemente, em função da alta dos juros, mas as commodities em reais se estabilizaram e algumas caíram”. Ele acredita que “seremos capazes de abrir a economia no segundo semestre, o real tem estado mais comportado nas últimas semanas, as expectativas de inflação implícita em 2021 subiram, mas longas se estabilizaram”.

Para Campos Neto, “o Banco Central tem sido "bem explícito" que normalização total traria inflação para abaixo da meta de 2022. Estamos 100% comprometido com a meta. No entanto, no problema hidrológico, não se sabe em que nível o impacto da energia vai vazar para 2022”. Por fim, complementou que “teremos reunião do Copom na semana que vem e desde a anterior, muitas coisas aconteceram e serão analisadas. Há preocupação com inflação de serviços, com total reabertura da economia, e, como dito, com o choque tarifário de energia.”

O índice de inflação ao consumidor (IPC) dos Estados Unidos acelerou para 0,6% na base mensal e 5,0% anualmente no mês de maio, acima das projeções do mercado de 0,5% no mês e 4,7% no ano.

O núcleo da inflação também acelerou para 0,7% na base mensal e 3,8% anual, também acima das expectativas do mercado de alta respectiva de 0,5% e 3,5%.

Adicionalmente, os pedidos iniciais por seguro-desemprego nos EUA, que mede o volume de pedidos de seguro desemprego, reportou 376 mil pedidos, em linha com os 370 mil esperados pelo consenso da Bloomberg. O resultado ficou abaixo do número reportado na última semana, de 385 mil.

Segundo o time Macro Research do BTG Pactual (SA:BPAC11) digital, semelhante ao resultado do mês de abril, o dado de maio apresentou mais uma aceleração acima do esperado, o que pode intensificar os receios dos agentes de mercado de que a alta dos preços não é temporária, principalmente pela pressão no núcleo de inflação, desafiando o posicionamento dovish do Federal Reserve, pressionando a instituição a retirar os estímulos.

Entretanto, mesmo com a primeira sinalização na última ata do FOMC de que a redução de compra de ativos poderia entrar em pauta, o último dado do PCE (inflação perseguida pelo Fed) em linha com o esperado e mais um mês com resultado fraco do payroll podem sustentar o discurso expansionista do Fed.

“Esperamos que esse número retome a tensão sobre os rendimentos das Treasuries de 10 anos, que negociava abaixo de 1,5%, o que pode estressar as bolsas mundiais e as moedas emergentes”, comenta o time de economistas, formado por Álvaro Frasson, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis.