Antecipação do Tapering no Radar Dá Viés de Alta ao Dólar no Início da Semana

 | 10.08.2021 07:58

A semana começou com o receito forte de que o Federal Reserve (Fed) possa antecipar o tapering, ou seja, retirar os estímulos da economia americana e aumentar a taxa de juros por lá. Esse receio somado às tensões políticas leva obviamente a uma corrida por dólar, que é um ativo seguro em tempos de insegurança. Além disso, como costumo escrever por aqui, nossa taxa de juros, apesar de bem maiores do que a americana, passa a não atrair muito o capital estrangeiro devido ao risco-país.

Fatos concretos para esses temores não faltaram no primeiro dia semana. Os discursos de dois membros do Fed, Raphael Bostic (esse foi bem conservador e disse em resumo que a economia ainda não está no patamar adequado para aumentar os juros) e Thomas Barkin (os juros vão subir "quando a inflação chegar a 2%, o que acho que se pode argumentar que já aconteceu, e parece que vai se sustentar lá", o que parece que, para ele, então chegou a hora do tapering) e o payroll forte da sexta-feira passada sinalizam que o emprego está bem recuperado nos EUA e já vai mesmo ocorrer essa retirada de estímulos.

No exterior, a aceleração da economia americana traz recuperação ao índice do dólar. Ontem foi divulgado o JOLTS (Job Openings and Labor Turnover Survey), que são as ofertas de emprego e desligamento de funcionários nos EUA e vieram acima das expectativas, que eram de 9,281 milhões e vieram 10,073 milhões em junho. Uma alta acima do esperado para este índice é considerada otimista para o dólar. Esses foram basicamente os motivos da alta no dia de ontem.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou ontem que vai votar esta semana a primeira parte da reforma tributária, com as mudanças no Imposto de Renda, e deve levar a reforma administrativa ao plenário até o final deste mês. “Nós votaremos essa semana Imposto de Renda Pessoa Física, Jurídica e dividendos", disse ele. Então pessoal, é volatilidade na certa e viés de alta para essa taxação de 20% em cima dos dividendos.

A alta da Selic parece que já esta “esquecida” ou estava precificada (minha opinião) na taxa de câmbio. E, agora, o que teria de mais forte por aqui é o risco fiscal com o aumento do Bolsa Família e a proposta dos precatórios parcelados (essa ficaria fora do teto de gastos). Gerar dívida mexe com o preço de ativos à medida que fica dúvida sobre a capacidade do governo em honrar seus pagamentos. Mas... No período da tarde tudo mudou com uma fala do ministro da Cidadania, João Roma, que fez preço no mercado. Roma disse que o programa turbinado ficará dentro do teto de gastos e que não há a menor possibilidade de isso não acontecer. Deu uma acalmada para quem estava aterrorizado com a possibilidade de romper os tetos de gastos e crise fiscal.

Portanto, com tantos fatores, os próximos dias devem ser de alta no dólar, mas existem fatores para um certo alívio na contra mão disso: uma taxa de juros bem mais alta aqui do que no exterior, um ritmo de vacinação crescente com esperanças de retomada econômica no segundo semestre, elevadas exportações brasileiras e, se confirmada, a questão de não romper o teto de gastos.

Assombrando o mundo está a variante delta do commodities . O IGP-DI avançou 1,45% em julho, depois de subir 0,11% no mês anterior.

Para hoje, IPCA julho e ata do Copom que, apesar de já sabermos que trará mais uma alta na próxima reunião, pode dar uma “ajudinha” ao real dependendo da leitura do mercado.

Está difícil para o real. Lembrando que inflação está bem acima da meta e a crise hídrica continua puxando o índice de preços. Entre um ou outro alívio de realização de posição no câmbio parece mesmo que o cenário é dólar alto.

Ontem, a mínima ficou em R$ 5,2150 e máxima R$ 5, 2995. Volatilidade forte novamente. A música tema do câmbio deveria ser “entre tapas e beijos”, da dupla sertaneja Leandro e Leonador. Mais para tapas que para beijos. No mesmo dia a taxa do dólar oscila quase 10 pontos entre falas que acalmam e falas que assustam. Haja coração!

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