Andre Vieira | 02.03.2021 19:30
O Brasil, 'o país do futuro', vem intensificando a sua situação já bastante agravada em vários aspectos, como tenta ilustrar de forma humorada o título desta análise.
Conforme podemos consultar no website do próprio banco central, observamos uma aceleração da dívida pública brasileira neste período de pandemia, ampliando ainda mais a delicada situação fiscal do país. Trajetória esta que pode se deteriorar ainda mais com a já anunciada extensão do auxílio emergencial, caso esta não tenha uma contrapartida objetiva (redução de gasto ou aumento de arrecadação).
Pensemos num cidadão normal. Se este se encontra numa situação desconfortável em termos do tamanho das suas dívidas em relação à dimensão dos seus ganhos, os seus credores podem se perguntar se este será capaz de honrar futuramente com os seus compromissos/'empréstimos'.
Para tentar arcar com as suas obrigações, este mesmo cidadão precisará aumentar a sua receita (arrecadação), trabalhando mais (2º emprego) ou de forma mais eficiente, e/ou reduzir alguns custos, como deixar de comer carne todos os dias, se mudar para um lugar menor etc.
Se eventualmente ainda precisar de 'financiamentos' adicionais por qualquer motivo que seja, dada a sua já delicada situação financeira, esses mesmos credores, se concederem estas novas 'solicitações', irão requerer uma taxa de juros (mais alta) condizente com o risco de calote (da dívida).
Resumidamente a dívida de um país se parece muito com a de um cidadão normal. Quando a dívida está muito acentuada em relação a sua geração de riqueza (PIB), principalmente se este não possuir um histórico muito 'seguro' (países emergentes), as mesmas dúvidas começam a pairar no ar sobre a cabeça dos investidores, como questões sobre a capacidade de pagamento e de gerir as necessidades básicas do orçamento (educação, saúde etc.) de forma sustentável. A deterioração dessa situação também irá requerer taxas de juros maiores junto aos credores para emissões de novas (rolagem) dívidas (empréstimos).
A principal diferença entre um cidadão e um país é que este último pode fabricar dinheiro novo para honrar/empurrar os seus compromissos. O grande problema é que essa medida normalmente gera inflação (perda do poder de aquisitivo da população) dada a maior circulação de moeda na economia.
Dito isso, de forma bem resumida, sim, claro que o governo tinha que agir durante esse momento tão complicado para os cidadãos e empresas, no sentido de tentar criar ao menos uma condição de subsistência nesta calamidade. Contudo fica a questão se estes gastos foram realizados de modo eficiente, principalmente quando observamos o gráfico abaixo publicado pelo fundo Verde.
Como na grande maioria dos países, as tentativas de minimizar os efeitos da pandemia vieram tanto pelo aumento dos gastos públicos (expansão da dívida), como pela redução da taxa de juros básica do país, a Selic (política monetária), na busca de incentivar o consumo/investimento.
Contudo, conforme mencionamos, quanto maior a dívida, maior teoricamente deveria ser a taxa de juros a ser requerida. É verdade que esse movimento de redução da taxa básica de juros se deu de forma global e quase todos os países acabaram atuando da mesma maneira.
Mas a dose por aqui talvez tenha sido exagerada, uma vez que este atual nível da taxa de juros (jamais visto) atrelado à situação fiscal do país formaram os ingredientes necessários para a disparada do dólar frente ao real, saindo de praticamente 4,00 USD/BRL no início de 2020, para os 5,50 USD/BRL atuais.
E como boa parte dos produtos e serviços que consumimos estão atrelados à moeda americana, sentimos no bolso um aumento significativo nos preços (principalmente dos alimentos). A inflação, infelizmente, é uma das formas mais graves de empobrecimento de uma população.
E, mesmo com tantos estímulos fiscais e monetários, nos encontramos nos maiores níveis de desemprego observados desde 2012, e com a atividade econômica muito próxima do patamar alcançado em 2016, período marcado por uma severa recessão econômica.
A situação é grave, de difícil solução e de prazo demorado, isso se todos os poderes trabalharem em harmonia, e de forma colaborativa - quase como num filme de ficção.
E sim, tudo ainda pode piorar, principalmente se a evolução dessa pandemia se intensificar, como infelizmente se apresenta a atual tendência.
As análises abaixo refletem apenas opiniões de cunho pessoal, e não ecoam de maneira alguma qualquer tipo de recomendação de investimento. Além disso, as mesmas são estritamente gráficas, e não consideram qualquer variável adicional, incluindo as citadas no início desse texto.
h2 Ibovespa/h2Após alcançar o objetivo que traçamos nas análises anteriores, na casa dos 120mil pontos, o Ibovespa sentiu o topo do canal de alta marcado em preto no gráfico abaixo, e vem corrigindo de forma acentuada - possibilidade essa que também ressaltamos nas análises semanais anteriores.
Pela força de baixa produzida nesta última semana, o alvo na região dos 140mil pontos –assumindo que o descanso/correção que o levou dos 105mil aos 93mil pontos foi apenas a confirmação de uma bandeira de alta, claramente configurada conforme gráfico abaixo – se tornou menos provável, por enquanto.
Desta forma, supondo a continuidade do movimento corretivo, identificamos suportes importantes, na retração de 50% de fibo da sua última perna de alta, na faixa dos 110mil pontos, assim como na linha inferior do canal mencionado, ao redor dos 105mil pontos.
Os contratos futuros de dólar vêm trabalhando dentro de uma ampla congestão, conforme o retângulo destacado no gráfico abaixo.
A trajetória da moeda americana frente ao real poderá se definir de forma mais clara diante das questões domésticas resumidamente descritas no início deste texto.
O índice DXY reforça a tendência de enfraquecimento do dólar perante às outras moedas, e o rompimento para baixo da consolidação mais recente (marcada por duas linhas horizontas e paralelas em preto na parte inferior à esquerda do gráfico abaixo), sugerem que o dollar index poderá buscar mínimas que não são alcançadas desde o início de 2018.
h2 Commodities/Metais/Bitcoin/h2
Também como mencionado desde o ano passado, o preço do barril de petróleo mais do que alcançou o seu preço pré-pandemia.
"O preço do barril de petróleo WTI rompeu para cima uma consolidação entre os 34-42 USD/bbl que se arrastava desde o início de junho deste ano, caminhando para atingir o seu preço pré pandemia na faixa dos 54 USD/bbl."
Conforme também mencionamos, havia uma boa probabilidade que o preço continuasse a subir, dado o otimismo de recuperação econômica pelos mercados e o corte de Capex (investimento) realizado pelas empresas do setor de óleo e gás, sugerindo um futuro possível de desequilíbrio entre oferta e demanda também para o petróleo.
No entanto, os preços podem chegar em breve num patamar de equilíbrio, com os principais produtores reduzindo os cortes de produção realizados durante o período econômico mais intenso da pandemia.
O preço do minério de ferro, após atingir sua máxima histórica e fazer uma breve correção em cima de uma linha que liga dois importantes topos, reagiu de forma positiva nestas última semanas, e pode voltar a fazer novas máximas.
Como também vínhamos mencionando, o rompimento do canal de baixa marcado pelas duas linhas diagonais e paralelas em cinza sugeriam graficamente que o cobre poderia alcançar patamares de preços bem interessantes (conforme setas em cinza situadas no canto direito do gráfico abaixo), como aconteceu nestas últimas semanas.
Ouro/Bitcoin/h2
O metal tem uma importante LTB (linha de tendência de baixa - marcada em vermelho) que não consegue ser rompida, e fechou esta semana com mais uma barra de queda importante, sugerindo a continuidade deste movimento de baixa.
Agenda econômica/h2
O calendário econômico desta semana será bem pesado, com a divulgação da atividade industrial de diversos países, índice de inflação, PIB, payroll, entre outros.
Obrigado pela atenção.
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