José Wilker | 06.05.2019 11:05
Não vou mentir: não sou das pessoas mais otimistas do mundo, não sou daqueles que costuma ver o copo “meio cheio”. De maneira geral, tendo invariavelmente para o pessimismo: acredito que tudo o que pode dar errado, eventualmente dará. Se para pessoas comuns o pessimismo pode parecer inconveniente, para o investidor ele é uma grande virtude: o pessimismo te força a ser responsável e gerenciar risco de maneira segura.
No último dia 25 o mercado de criptomoedas passou por um momento de grande pessimismo: a Bitfinex, uma das maiores corretoras do mercado, teria utilizado $850 milhões de reservas da Tether Limited (emissora do USDT, principal stablecoin do mercado) para cobrir rombos contábeis. A divulgação dessa notícia fez com que em menos de uma hora, o Bitcoin despencasse da região de $5.500 para $5.000, se estabilizando na região dos $5.200 nos próximos cinco dias. O Tether, criptomoeda pareada com o dólar, chegou a cair a 95 centavos e, desde então, ainda não se recuperou totalmente.
Apesar do cenário e apesar do meu pessimismo habitual, devo confessar que continuo extremamente otimista com o Bitcoin, talvez até mais do que nunca. Por que? Há uma série de indicadores que parecem alertar que estamos adentrando em um bull market. Em primeiro lugar, podemos citar o “golden cross”: no gráfico diário, as médias móveis de 50 dias ultrapassaram as médias móveis dos 200 dias, quadro que é tradicionalmente visto como um prelúdio de tendência de alta.
Indicadores de análise técnica são importantes, é claro, mas nem só de candle vive o homem. E se o gráfico indica boas novas, os fundamentos também confirmam a tendência. No mês de abril o MVRV, indicador que divide o valor de mercado pelo valor investido (market value to realized value) subiu para níveis acima de 1 pela primeira vez desde novembro. Historicamente, um MVRV inferior a 1 indica subprecificação do Bitcoin, enquanto que um MVRV superior a 4 indica que o Bitcoin está supervalorizado.
A hash rate, indicador que avalia a capacidade de processamento da rede Bitcoin e, portanto o interesse dos mineradores, também voltou a crescer, atingindo níveis similares aos de agosto de 2018, quando o Bitcoin era negociado entre seis e sete mil dólares. Há grandes debates discutindo se a hash rate impacta no preço ou se o preço impacta na hash rate, mas o grande consenso é que o crescimento do indicador é positivo para o mercado.
E por falar em hash rate, a mineração também voltou a ser mais lucrativa. O valor total das taxas de transação pagas aos mineradores em dólares retornou a níveis de junho de 2017 e parece apresentar crescimento saudável.
Se a mineração ficou mais rentável, a dificuldade de minerar também aumentou, retornando a níveis de agosto de 2018. Além da maior rentabilidade da mineração, o crescimento da dificuldade e da hash rate pode ser explicado graças ao lançamento da nova mineradora Antminer 17, da gigante chinesa da mineração, a Bitmain. A nova Antminer seria capaz de processar mais de 50 terahashes por segundo e reduzir o consumo de energia em até 30%.
Apesar de ter sido lançada no dia nove de abril, a Bitmain tem o costume de reservar uma generosa fatia da produção para a própria mineração, o que deve ter se intensificado, seja pelo prejuízo que a companhia teve na guerra de hashes durante o hard fork do Bitcoin Cash ou seja pelo atraso de seu IPO na bolsa de Hong Kong. A empresa teria enfrentado prejuízos superiores a 500 milhões de dólares no terceiro trimestre de 2018.
O valor médio das transações também segue aumentando desde janeiro, retornando para níveis similares aos de abril de 2017, período de início da grande bull run do Bitcoin:
O número de transações confirmadas diariamente na rede Bitcoin também segue crescendo, se aproximando das máximas históricas:
Contrariando o senso comum, o aumento de transações não necessariamente é um indicador bom, pois poderia significar que mais pessoas estão vendendo Bitcoin, o que puxaria o preço para baixo. Porém ao que parece, não é isso o que está acontecendo. Quem nos revela isso é outro indicador, o Bitcoin Days Destroyed (BDD), que avalia quando as moedas foram movidas pela última vez. Após registrar máximas históricas em março, o BDD retornou aos baixos níveis de março de 2016, que indica que os holders de longo-prazo do Bitcoin não estão vendendo.
Outro indicador importante também é o realized cap, que indica o valor que foi investido na rede Bitcoin. O realized cap vem diminuindo levemente desde dezembro, o que indica que os investidores estão diminuindo seus preços médios e, com isso, há menos investidores com prejuízo.
Por fim, os principais indicadores que evidenciam que passamos por uma fase de acumulação e início de tendência de alta são dois: o preço do Tether, causador da queda do Bitcoin, já vem lentamente convergindo para sua paridade com o dólar. Além disso, o próprio Bitcoin já vem se recuperando da queda. E o que explica essa retomada? Nada, não houve nenhum gatilho, nenhuma notícia boa foi compartilhada nesse meio tempo. E se tem uma coisa de que tenho certeza na vida é: mercado que responde bem a notícia ruim é mercado de alta.
Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.