Arcabouço Teórico: Uma Discussão sobre Risco e Performance

 | 08.05.2020 10:37

No contexto de investimentos, o risco se apresenta como a possibilidade de um retorno aquém do desejável. Comumente, reflete a possibilidade de perda financeira, seja ela absoluta ou em relação ao investimento livre de risco ou em relação ao custo de oportunidade do investidor. Neste contexto, somos avessos ao risco. Ou seja, preferimos o certo ao duvidoso: mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Pense e escolha o que você preferiria: (a) apostar cara ou coroa para concorrer a um prêmio de R$ 20 milhões no tudo-ou-nada, ou (b) ganhar R$ 10 milhões sem precisar jogar a moeda? Se você, como eu, prefere a segunda opção, bem-vindo ao mundo dos avessos ao risco.

Uma das medidas mais utilizadas para se medir o risco de um portfólio ou de um ativo qualquer é o desvio-padrão da distribuição esperada de seus retornos. O desvio-padrão mede o grau de dispersão dos dados: quanto maior ele for, mais longe do valor esperado o resultado pode ser. Ele pode ser interpretado, de maneira matematicamente informal, como uma medida do desvio médio em relação à média. Em primeiro olhar, é natural associá-lo ao risco: quanto maior o grau de dispersão, maior a perda possível, logo maior o meu risco. Mas há um problema grave com esta medida de risco: juntar no mesmo saco o risco do qual estamos falando com o que podemos chamar de risco bom: o risco desse desvio da média ser para cima, gerando um retorno acima do esperado. Permitam-me a simplicidade de chamar esses dois riscos de risco ruim e risco bom. Notem que o risco ruim (downside risk) é indesejável e nos causa preocupação (a priori) e insatisfação quando realizado. Por outro lado, o risco bom (upside risk) nos causa esperança (antes) e felicidade quando realizado.

Cabe dizer que em distribuições simétricas, o desvio-padrão reflete de fato o risco ruim (pois neste caso, o risco ruim é igual ao risco bom, por simetria), mas a história nos mostra que os retornos de ações, por exemplo, estão longe de ser simétricos. Aliás, no mercado, costuma-se dizer que as ações sobem pela escada, mas descem pelo elevador. Dito isso, o problema está posto. Alguns analistas utilizam o desvio-padrão à esquerda, ou seja, a mesma fórmula do desvio-padrão, mas apenas computando-se os valores abaixo da média. E este desvio-padrão à esquerda deve, inclusive, substituir o desvio-padrão no denominador do tradicional índice Sharpe, transformando-o no índice Sortino: desta maneira, o investidor terá uma medida de performance mais alinhada com o que se pretende com tal métrica, ou seja, ajustar o retorno esperado pelo risco (ruim) do ativo. Simples, mas infelizmente nem todos no mercado fazem esse importante ajuste.

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Para tornar o argumento ainda mais óbvio, considere um dado sendo lançado para que se escolha entre dois jogos (Alfa ou Beta) que pagam os seguintes retornos: