Venezuela e Criptoativos: Uma Aplicação Real

 | 24.12.2018 07:05

Por uma questão de princípios e ideologia, defensores de criptoativos são, em essência, defensores da liberdade. O poder é distribuído e o usuário é quem detém o controle sobre sua vida, seus bens, incluindo o seu próprio dinheiro eletrônico, ao possuir a senha privada que dá direito a transferência do recurso a quem convier.

A Venezuela foi um dos primeiros países a anunciarem a sua própria criptomoeda, em em fevereiro de 2018 anunciou o Petro. A ideia é que seja uma stable coin lastreada em petróleo venezuelano e que permitisse o governo captar recursos estrangeiros, uma vez que existem sanções econômicas contra aquele país. Contudo, alguns meses depois percebe-se a adoção baixa e agora o governo tenta ativar o curso forçado.

A novidade deste mês por lá foi a decisão do governo em converter parte da aposentadoria paga pelo Estado para o Petro. A medida está sendo feita sem o consentimento dos cidadãos, segundo o Caracas Chronicles . A ação poderia ser vista como um apoio a criptoeconomia. Vamos avaliar o contexto para chegar a uma conclusão sobre isso.

Há uma distorção de renda na Venezuelas: de um lado quem recebe dinheiro de fora e de outro quem recebe localmente. Restaurantes, hotéis de luxo e shoppings centers são frequentados por quem recebe em dólares, por exemplo o funcionário de multinacional recebendo o equivalente à matriz no exterior ou o turista.

Quem não se encontra nessas condições não consegue consumir desses produtos e serviços e acaba enfrentando filas por horas para conseguir itens básicos como carne, leite, produtos de higiene e remédios.

Onde entra o Bitcoin nesse contexto? A população venezuelana encontrou nos criptoativos uma forma de combater a censura e sobreviver em meio ao caos. A situação da emigração ficou tão grave que há relatos de apreensão de bens de valor (jóias, relógio, etc) de venezuelanos que tentam deixar o país. Os criptoativos oferecem uma segurança contra estas apreensões.

O movimento de criptoeconomia na Venezuela começou em 2015 e hoje apresenta números interessantes. Considerando que a atividade de exchanges (como a Braziliex.com) é proibida, as negociações de Bitcoin ocorrem majoritariamente pela plataforma LocalBitcoins, que conecta compradores e vendedores p2p (peer-to-peer, ou ponto a ponto, diretamente entre as pessoas). O país já representa o quarto maior volume mundial na plataforma: semanalmente são negociados mais de 800 bitcoins, algo em torno de U$S 2,6 milhões.

De fato, em relação ao mercado de cripto, hoje em torno de US$ 140 bilhões, o movimento é inexpressivo. Agora considere os números locais nos últimos 3 anos, comparativamente com o Brasil:

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