Na Recuperação Mundial Pós-Pandemia, os EUA Vão Liderar ou Ficar para Trás?

 | 10.07.2020 08:43

O mercado de ações não só está desconectado da realidade econômica, mas também, ao que parece, deslocado dos mercados de títulos e moedas. Essas divergências podem ajudar a entender o que os mercados pensam sobre a economia norte-americana e seu lugar na recuperação mundial contra o coronavírus.

Nas últimas semanas, o gap entre os rendimentos dos títulos de 2 anos e 10 anos  do tesouro americano, os chamados treasuries, encolheu de forma constante. Ao mesmo tempo, o dólar se desvalorizou em relação a várias moedas importantes neste ano, como o euro, o iene japonês e o franco suíço. Já o euro, por sua vez, valorizou-se contra praticamente todas as principais moedas neste ano. Ambas as tendências estão emitindo uma mensagem evidente: que a recuperação nos EUA deve ser lenta, e a retomada de regiões como a Europa pode ser mais rápida.

Os spreads estão diminuindo

A diferença entre os títulos de 2 e 10 anos dos EUA caiu para apenas 10 pontos-base em fevereiro de 2020. No entanto, o spread começou a se ampliar no início de março e acabou subindo para cerca de 70 pontos-base em meados do mês, assim que os mercados mundiais de ações e commodities afundaram. A partir daí, os spreads daqueles títulos permaneceram mais estáveis, até começarem a encolher mais uma vez, caindo para cerca de 45 pontos-base em 9 de julho.

Essa diferença entre os rendimentos dos treasuries de 2 e 10 anos tende a indicar a visão dos investidores de renda fixa sobre a economia. Um spread menor, principalmente se estiver em direção a zero, sugere que os investidores acreditam que as taxas de juros devem cair mais rapidamente no curto prazo e permanecer baixas por um período maior de tempo, à medida que o banco central combate a fraqueza econômica. No pior cenário, pode indicar inclusive que eles acreditam que a economia esteja rumo a uma recessão. Por outro lado, o aumento do spread pode refletir a visão de que é mais provável que os juros subam no curto prazo, à medida que a atividade econômica se expande.