Avaliando os Riscos da Recessão Global nas Ações, Renda Fixa e FIIs

 | 13.07.2022 10:11

O foco da discussão no cenário global mudou de forma abrupta da preocupação com a inflação descontrolada para o risco de recessão global nos próximos meses, em especial na economia americana. Neste cenário, o nosso entendimento é o de que a contração monetária para conter o movimento de alta dos preços, junto com os efeitos da guerra e das restrições da China, deve levar o crescimento global para uma recessão técnica.

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Contudo, este panorama não deve se repetir nos EUA. Isto porque, tipicamente, um ambiente recessivo no país, de um modo geral, é causado por choques exógenos, ou seja, como a pandemia em 2020, erros de política monetária ou ainda devido aos ciclos econômicos, quando os juros sobem a fim de conter a inflação.

Embora a conjuntura atual tenha alguns dos elementos citados acima, os fundamentos da economia americana permanecem robustos e o risco de problemas mais sérios não parece próximo. O mercado de trabalho segue aquecido e os programas de transferência de renda geraram uma poupança extraordinária que, normalmente, levaria de dois a três anos para ser acumulada. Isto é um amortecedor para flutuações de renda que, em tese, deveria mitigar oscilações no consumo.

Mesmo com a riqueza das famílias em níveis recordes e a capitalização das empresas, existem modelos que calculam em 40% as chances de uma recessão nos próximos 12 meses e de 60% nos próximos dois anos. Por isso, o mercado está tão sensível.

O Federal Reserve (Fed), por sua vez, está atento a tudo isso e se vê “bem posicionado para determinar o ritmo apropriado de aperto” em função da evolução do cenário econômico.

Na Europa, os impactos da guerra e o corte do fornecimento de gás natural pela Rússia criaram uma queda súbita no 3º e 4º trimestres desse ano. Diante deste quadro, o eventual aperto de juros pelo BCE deve ser contido e estimamos que a taxa de juros termine o ano em torno de 0,75% a.a.

No Brasil, as alterações de impostos levaram a revisão do IPCA para a faixa de 7% em 2022 e 5% em 2023. Em agosto esperamos uma alta de 25 bps, o que levará a Selic para 13,5% a.a., embora uma alta de 50 bps não esteja descartada, deixando a taxa em território contracionista para encerrar o ciclo.

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Desta forma, na renda fixa doméstica, a nossa expectativa de fim do ciclo de política monetária e o apreçamento de altas de 50 bps e 25 bps nas reuniões de agosto/setembro do Copom colocam um prêmio na parte curta da curva, o que, em tese, justifica uma posição aplicada nos contratos futuros com vencimento em janeiro de 2023 e 2024.

A forte deterioração da parte longa durante o mês se deve aos riscos fiscais elevados e justifica uma posição tática aplicada no contrato futuro de janeiro de 2027 em momentos de estresse do mercado.

No caso dos títulos indexados à inflação (NTN-B 2030 e NTN-B 2050), a elevação dos cupons para a faixa entre 5,8% e 6% a.a. faz com que o investimento com expectativa de redução dos prêmios juntamente com a proteção para inflação possa ser algo interessante.

Nos fundos imobiliários, a expectativa de dividendos elevados dos fundos e os descontos de vários ativos apontam para uma posição comprada na classe como um todo. Descontos em FoFs, fundos de lajes e shopping devem ser observados com carinho.

Na renda fixa global, a expectativa é que o FED deverá elevar a taxa de juros até 3,5% a.a. no final de 2022, o que reforça a posição tomada nas Treasuries de dois e dez anos. A expectativa de fortalecimento do dólar frente às moedas das principais economias com o FED apertando os juros prossegue.

No caso do real, os ruídos fiscais, a aproximação das eleições e o fim do ciclo de aperto de juros pelo Banco Central devem limitar sua apreciação e colocam um viés de enfraquecimento da moeda.

Na renda variável, o receio da recessão global deverá ser compensado pela reabertura e a expectativa de medidas de estímulo à economia chinesa, beneficiando as empresas ligadas às commodities, algo que, em tese, beneficiará o Ibovespa.

As companhias ligadas ao ciclo global e setores defensivos da bolsa brasileira seguem em destaque, mas negócios ligados ao consumo não discricionário também devem ficar no radar.

Com relação às bolsas globais, o processo de alta de juros pelo FED manterá as Treasuries de dez anos em torno de 3,1% a.a, o que pode justificar uma posição vendida em S&P 500 dado os níveis atuais de preços.

Nas commodities energéticas, a redução da oferta do gás russo e a reabertura da economia chinesa justificam a manutenção de posição comprada em petróleo. Nas metálicas, novos estímulos do governo chinês também parecem favorecer ativos ligados a este setor. Bons negócios!

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