Banco Central do Brasil e Federal Reserve: Atrás da Curva

 | 13.06.2021 14:33

Terminamos mais uma semana e o tema em destaque é a inflação. Foram divulgados índices de preço, usados pelas autoridades monetárias como parâmetros, no Brasil e nos EUA, e ambos acabaram acima do esperado, acendendo uma luz amarela para ambas as autoridades, Banco Central do Brasil e Federal Reserve (Fed).

Isso aconteceu numa semana antecedendo as reuniões dos Comitês de Política Monetária nos países citados. Com a inflação no radar, os juros futuros curtos apontaram forte alta, assim como valorizou a moeda norte-americana, junto aos seus pares emergentes, o que enfraqueceu as bolsas de valores. Decorrente disso, o dia foi de valorização do dólar em 1,12%, a R$ 5,1227 no mercado à vista. Na semana o dólar se valoriza 1,73%. Já a bolsa de valores fechou com perda de 0,49%, a 129.441, com empresas ligadas a atividades domésticas perdendo valor. Na semana a bolsa de valores paulistana fechou com perdas de 0,53%.

Na semana tivemos o IPCA de maio registrando 0,83%, elevado a 8,06% em 12 meses, o que pode levar o Banco Central do Brasil a intensificar a política de “normalização parcial” das últimas reuniões do Copom. Nos EUA, o IPC foi a 0,6% na base mensal, 5,0% em 12 meses, com o núcleo a 0,8% e 3,8% em 12 meses, quando se esperava 3,5%. Ou seja, pelo índice que descarta alimentos e energia, a inflação acabou bem elevada, o que pode sinalizar uma certa “disseminação do índice”. Pressão adicional para o Federal Reserve de Jerome Powell na reunião desta semana. Nesta, será essencial ler o que será dito no comunicado e no discurso de presidente.

No comportamento do IPC norte-americano, a alta foi puxada pelos preços mais elevados do petróleo, “contaminando” o item Energia, acima de 50% em 12 meses, e pela “elevada” nos preços dos carros e caminhões usados, explicável pelo gargalo da indústria automobilística. Pela abrupta retomada, alguns setores se confrontaram com gargalos nas cadeias produtivas, faltando insumos e impactando nos preços finais. No caso da indústria automobilística, fenômeno global, aliás, a falta de insumos eletrônicos na fabricação de carros novos, como semicondutores, vem sendo decisiva.

Com isso, a venda de carros usados se intensificou. Em maio, em 12 meses, os preços destes aumentaram 29,7%. Com a normalização desta oferta, é possível que recuem. O mesmo deve ser dito sobre a alta do petróleo, elevada em mais de 50% em 12 meses, o que vem impactando nos preços dos combustíveis e dos derivados.