Banco do Brasil (BBAS3): O B da questão

 | 12.04.2023 16:27

O ano era 2011 e, na lista da revista Forbes, um brasileiro chamado Eike Batista, ocupava a oitava colocação no ranking das pessoas mais ricas do mundo. Naquele momento, Eike detinha uma fortuna de aproximadamente US$ 30 bilhões, e, para contar ao mundo a sua trajetória, que ainda era de sucesso, lançou sua autobiografia, chamada O X da Questão.

A ideia do empresário era criar um conglomerado em que cada empresa integrante oferecesse algum tipo de serviço ou produto para outra empresa do grupo, a chamada visão 360º. Sua marca registrada era sempre a letra “X” ao final da nomenclatura de cada empresa, para simbolizar um potencial de multiplicação.

Nessa toada, Eike criou o grupo EBX, que, por sua vez, controlava a OGX (BVMF:OGXP3), empresa do setor de óleo e gás natural, a LLX, do setor de logística, a CCX (BVMF:CCXC3), do setor de carvão mineral, a MMX (BVMF:MMXM3), mineradora, a MPX, de energia, a OSX (BVMF:OSXB3), da indústria naval, e por aí vai. A lista era longa.

Só que a queda do Eike conseguiu ser ainda mais rápida do que sua ascensão. Logo nos anos seguintes, seu conglomerado desabou, algumas empresas mudaram de controle e outras simplesmente faliram. Pior que o destino do grupo EBX foi o do próprio empresário. Acusado de uma série de crimes financeiros, Eike teve sua prisão decretada em 2017 e assim permanece até hoje.

De nascimento promissor, o livro acabou se tornando um meme. Aos vencedores, as batatas, e aos perdedores, a opinião popular.

Esses dez anos que nos separam da queda de Eike nos deixou lições. Na verdade, mais do que lições, esse tempo serviu para escancarar como, apesar dos pesares, o investidor médio insiste em tentar construir castelos no ar.

A teoria do castelo no ar, elaborada em 1936 por John Keynes, um dos maiores economistas da história, defendia que os investidores não deveriam perder seu precioso tempo tentando encontrar o valor intrínseco (ou valor justo) de uma ação. Para ele, o caminho mais simples era identificar como a multidão de investidores se comportaria no futuro, e aí, se antecipar ao movimento.

Simples, não é? Uma pena que não funciona.

E não é que ela não funcionou apenas uma vez. As tentativas de se construir castelos no ar são corriqueiras na história da humanidade e, por vezes, envolveram nações inteiras. Foi assim na febre dos bulbos de tulipa na Holanda da década de 1630, na bolha dos mares do Sul em 1711, na bolha imobiliária dos Estados Unidos em 2008, e será assim sempre que a loucura das multidões se sobrepor à sabedoria das multidões.

Ah, e também foi assim com as empresas de Eike Batista. Por exemplo, a principal empresa do grupo, a petroleira OGX, nos dois primeiros anos de negociação em Bolsa, viu suas ações passarem de R$ 250 para R$ 1.700. Ninguém queria ficar de fora daquela empresa, que mais parecia uma ideia do que um negócio. Naquele momento, não havia razão, apenas psicologia de massa.