Bancos Digitais: C6 Vai Ser a Próxima Fintech a Realizar IPO Depois do Nubank?

 | 22.02.2022 11:14

O Banco Central aprovou a compra de 40 por cento do C6 Bank pelo JPMorgan Chase (NYSE:JPM) (SA:JPMC34) e pôs o gigante banco dos EUA no páreo digital. O negócio foi anunciado em junho do ano passado e contava com o aval do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

O volume da operação girou em torno de 10 bilhões de reais, elevando o valuation do C6 para cerca de 25 bilhões de reais — valor de mercado próximo aos bancos digitais, Inter (SA:BIDI11) e aproximadamente 10 por cento do Nubank (SA:NUBR33) (Nubank) (NYSE:NU) na cotação de 11,09 dólares.  

h2 Indústria bancária/h2

O segmento de bancos digitais está crescendo no país, e a concorrência na área está cada dia mais forte.

Nomes como Inter, BTG Pactual (SA:BPAC11) digital, XP Investimentos (SA:XPBR31) (NASDAQ:XP), Nubank e Banco Pan (SA:BPAN4) já marcam presença no cenário.

Para contextualizar a indústria bancária, decidimos atualizar nossa cobertura dos bancos digitais com um mergulho profundo no setor e nos resultados reportados no quarto trimestre do ano passado.

Sobre o C6

 

C6 Bank, fundado em 2019 por ex-sócios do BTG Pactual, atualmente conta com mais de 11 milhões de clientes, sendo um dos bancos digitais que mais vêm crescendo e ganhando participação no mercado brasileiro. Apesar de atender diversos tipos de público, seus serviços são focados em clientes de alta renda. Acreditamos que essa característica chamou a atenção do JP Morgan, que possui uma estratégia global de crescimento no varejo, mas mantendo seu posicionamento “premium”.

Destacamos que o C6 havia participado de uma rodada de investimentos que teve o Credit Suisse (SIX:CSGN) (SA:C1SU34) como agente financeiro, em dezembro de 2020, quando recebeu aporte de 1,3 bilhão de reais de 40 investidores privados, sendo avaliado em mais de 11 bilhões de reais, tornando-se, assim, o 13° unicórnio (empresa que vale mais de 1 bilhão de reais) do Brasil.

Agora, com mais de 10 bilhões de reais disponíveis em caixa, o C6 poderá quitar parte de suas dívidas e alocar grande parte desses recursos para acelerar seu crescimento, consolidando-se como um dos maiores bancos digitais do Brasil.

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O valor captado reduz também a necessidade da empresa em realizar um IPO em um futuro próximo. Nesse sentido, não veremos um concorrente direto para o Inter ou o Nubank na bolsa de valores nos próximos anos.

No nosso entendimento, como o C6 já tem um posicionamento no mercado de investimentos, além de possuir uma série de escritórios autorizados que auxiliam os clientes a abrirem conta corrente e oferecem produtos e serviços financeiros disponíveis no portfólio do C6 Bank, o JP Morgan também enxergou uma oportunidade de expansão dentro do varejo brasileiro.

A estratégia dos players digitais/h2

Mesmo adotando estratégias parecidas com o que o BTG Pactual vem desenvolvendo e com o que a XP Investimentos já fazia há tempos, acreditamos que o mais provável é que o C6 acirre a competição entre os bancos digitais no Brasil.

Apesar de “jovem”, notamos que o C6 se mostra um banco maduro e possui um ecossistema mais completo do que players com mais tempo de mercado, como o Nubank.

Em competição, precisamos destacar que grande parte dos 11 milhões de clientes do C6 veio da parceria bem-sucedida com a TIM Brasil (SA:TIMS3). Os usuários da operadora conseguem usufruir de um pacote extra de internet e também melhores opções de investimentos por meio da plataforma do banco.

Outro ponto é que a fintech tem conseguido acelerar o aumento da base e monetizar melhor ao oferecer produtos e serviços que vão além do cartão de crédito.

Já no aplicativo, o C6 vem mostrando sua capacidade de agregar valor, oferecendo  marketplace (C6 Store), plataforma de investimentos, conta global (em dólar e em euro), tag de pedágio (C6 Tag), maquininha de cartão para empreendedores, entre outros produtos.

Nesse ponto, comparamos mais uma vez com Nubank, que possui quase 5 vezes mais clientes do que o C6, além de mais tempo dentro desse mercado de bancos digitais.

É visível como o C6, em menos tempo, já oferece mais soluções aos clientes em comparação ao banco do cartão roxo. Mesmo que ainda seja cedo para falar de números e não tenhamos acesso às informações financeiras atualizadas (por ainda não estarem listados em bolsa de valores), é possível ver a importância da diversificação de receitas do C6 a fim de reduzir a dependência dos cartões de crédito.

Talvez, a comparação mais justa seja entre o C6 e o Inter, que oferece o maior e mais completo ecossistema do Brasil entre os bancos digitais atualmente.

De um lado, o Inter, com mais experiência, tendo dobrado a sua base de clientes no último ano e sabendo comprovadamente monetizar essa base com um enorme leque de produtos e serviços. Do outro, o C6, com maior foco na população de mais alta renda e que tem sido criativo em explorar parcerias estratégicas — além de ter a modelo Gisele Bündchen como garota-propaganda.

Acreditamos que o Inter é capaz de gerar mais receita de serviços porque, além de oferecer praticamente tudo o que o C6 oferece, o banco laranja ainda tem uma operadora de celular própria, oferece financiamento imobiliário, consórcio e seguros, possui planos de assinatura de games e vários outros serviços no Super App.