Copom Não Deveria Subir (Muito) a Taxa de Juros

 | 17.02.2022 19:23

O mercado tem revisto sistematicamente suas projeções de SELIC para cima e há já quem fale em 12,75% (ou até mesmo 13%) ao final de 2022. Os motivos centrais destas revisões são três, a saber, i-) persistência inflacionária local, ii-) altas mais fortes da taxa de juros norte-americanas ao longo deste ano, e iii-) indefinição fiscal do próximo governo. Estes fatores têm criado todo o tipo de especulação e iremos argumentar brevemente porque entendemos isso como exagerado.

Sim, o BCB deve subir mais os juros, mas não deveria subir muito mais. Nossa projeção está em 12,25% ao final do ciclo e mesmo com a perspectiva de revisões feitas por outros economistas não devemos alterar. A questão na mesa é a seguinte: de fato a taxa SELIC pode fazer muito contra a inflação atual?

Não estou me referindo propriamente aos aspectos da desorganização do lado da oferta que a dinâmica inflacionária atual nitidamente tem, mas antes que parte da persistência inflacionária pode ser derivada de preocupações com o ponto iii acima mencionado, as questões fiscais.

Ora. Contra isso pode ser fazer muito pouco, apenas considerar uma “conta erro” dos nossos temores colocando na conta do próximo governo o que não sabemos explicar hoje. Não quero dizer com isso que não haja motivos para imaginar um fiscal mais frouxo o ano que vem, especialmente porque devemos ter mais uma vez um PIB fraco em 2023 (especialmente por conta do patamar de juros atual e em alta). Talvez estejamos presos numa espécie de referência circular teórica e retórica e isto irá fazer inflar a SELIC para patamares contraproducentes.

Ofereço alguns pontos para repensar estes aspectos, mesmo que seja importante ter em mente que a média dos investidores e economistas não pensa exatamente assim.h2
BCB está a frente da curva dos outros bancos centrais/h2

Como podemos ver no gráfico abaixo temos a evolução das taxas de juros de política monetária de diversos países emergente, a saber, Brasil, México, Chile, Polônia, Peru e África do Sul e nitidamente o Brasil que estava atrás iniciou um processo mais agressivo de normalização das taxas básicas.

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