Sidnei Nehme | 02.08.2018 11:14
O FED americano decidiu, como esperado, pela manutenção da taxa de juro básica entre 1,75% a 2,0% e enalteceu a força da economia, sem alterar as perspectivas de que deverão ocorrer mais duas elevações mantendo o gradualismo na elevação de juros, já que os aumentos são “consistentes com a expansão sustentada da atividade econômica”.
O COPOM/BC decidiu pela manutenção da taxa SELIC em 6,5%, atenuando os sinais de inflação presentes como temporários, ainda debitando a conta à greve dos caminhoneiros, mas mantendo a nova postura de não antecipar a atitude futura, até porque o grau de incertezas presentes não sanciona ilações de presságios sustentáveis.
Na realidade o Brasil precisa retirar do contexto o argumento de que tudo decorre ou decorreu da greve dos caminhoneiros, tendo em vista que a economia já vinha cambaleante e o evento só deu transparência a um “status quo” que estava habilmente sendo despercebido e foi posto a mostra.
Efetivamente a economia vinha e vai mal e pode ficar pior já que não se espera movimentos pró reaquecimento da atividade econômica no trimestre compreendido entre agosto e outubro, que deve revelar forte retração nos investimentos produtivos decorrente da falta de perspectiva efetiva sobre o processo sucessório presidencial e que linha poderá ser adotada para o país pelo novo governante. Desta forma, não se deve esperar recuperação emprego, renda e consumo, e, o mais grave aumento de arrecadação fiscal.
O desempenho da indústria no mês de junho embora com expressivo crescimento de 13,1% não é entusiasmante devido ter registrado uma queda em maio de 11,0%, representando uma recuperação líquida de 0,66%. No ano o crescimento é de 2,3% e no 2º trimestre 1,7%.
Há sinais de maior sensatez e menos imediatismo ante as disputas comerciais orquestradas pelo Presidente Trump, crescendo o consenso de que será necessário um período maior de tempo para aferição das perdas e ganhos de cada país, e mantendo viva a expectativa de que ainda haverá muitas reuniões revisionárias entre os países afetados.
Naturalmente, a arrogância do Presidente Trump não deixará impunes o próprio Estados Unidos dependente da importação de bens intermediários para sua indústria e que serão agravados com a carga tributária e pela retaliação chinesa na importação de suas commodities agrícolas. Mas nestas disputas a resultante histórica é que não haja vencedores somente perdedores.
Nosso ponto de vista, ratificando o que temos prognosticado constantemente, é que no Brasil teremos um hiato na dinâmica dos nossos mercados que deverão perder volumes e revelar substantiva cautela e precaução, pois atravessamos uma séria crise e a possibilidade de direcionamento eficaz para a superação está diretamente ligada a capacidade que for revelada pelo novo governo. Ocorre que neste momento não há convicção sobre o possível sucessor presidencial.
Temos como expectativa imediata para este mês um ajuste na Bovespa com saída de investidores estrangeiros, e até mesmo no segmento de renda fixa, por razões de agravamento do risco do Brasil que detém um preocupante déficit fiscal, face à incerteza prevalecente em torno do pleito presidencial.
Importante observar o fato da agência de rating de forma pontual e precisa ter ratificado a nota do Brasil em BB-1, nível especulativo, e sinalizado que mudanças conceituais ficam para após as eleições, naturalmente dependendo de quem for eleito e suas diretrizes programáticas.
Este deve ser também o comportamento dos inúmeros segmentos do mercado financeiro nacional, prevalecendo a sensatez da observação com postergação da decisão.
O dólar, temos a convicção, retornará nos próximos dias ao eixo de R$ 3,80, ponto em que entendemos esteja o equilíbrio, com o BC tendo plena capacidade de suprir as demandas do mercado cambial, tanto se for de proteção quanto se for de liquidez à vista.
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