William Alves | 21.09.2016 10:31
Não peça Friboi, peça Minerva (SA:BEEF3)!
Cara não sei quanto a vocês, mas até hoje não entendi quem contratou a agência da campanha publicitária da Friboi. Na verdade, a culpa nem é deles, mas sim da propria JBS (SA:JBSS3) que deu ok para as peças. Tony Ramos e o vegetariano Roberto Carlos não fazem nenhum sentido pra mim!
Mas enfim, essa é só minha opinião.
Mas minhas razões para preferir a boa picanha do Minerva não ficam só na minha discordância com o “peça Friboi” ou com o “rei” fingindo comer um bom churrasco. Como investidor de valor penso que a premissa principal do investimento deve ser a qualidade do ativo em questão. Logo vou discorrer aqui sobre o que entendo ser algumas qualidades do frigorífico Minerva.
Já teci alguns comentários nos posts: terceiro .
Mas vou fazer um mais completo agora.
QUEM É O MINERVA
O Minerva é um frigorífico focado na produção e comercialização de carne bovina in natura através de 11 plantas de abate no Brasil (69% da capacidade de abate), 3 no Paraguai (13%), 2 no Uruguai (13%) e 1 na Colômbia (5%).
Posição nos mercados. Grande parte das suas vendas são destinadas ao mercado externo, aproximadamente 67% no 2T16.
Empresa possui um market share de 21% das exportações de carne no Brasil, 18% no Paraguai e 13% no Uruguai.
Mercados de destino. Seus principais mercados de destino considerando os dados do 2T16: Ásia 28% das exportações, Oriente Médio 21%, África 16%, Américas 13%, União Europeia 13%, Comunidade dos Estados Independentes 5% e Nafta 4%.
Ta mas e o que tem de bom nisso Will?
Calma. Seguimos avançando. Se por um lado essa sua concentração em um segmento específico (carne bovina) representa um risco, por outro tem algo de muito bom. Adam Smith já pregava sobre a especialização do trabalho e o aproveitamento das vantagens corporativas…é por aí!
O que me chama atenção nela é que os caras têm conseguido fazer um bom churrasco há um bom tempo!! Eles têm entregado sólido crescimento em sua geração de caixa e com uma estabilidade de margens invejáveis num setor considerando extremamente desafiador – suscetível a variações em: câmbio, preço de gado, questões sanitárias, embargos, além dos próprios ciclos econômicos. Isso é um feito!
Veja você que nos últimos 5 anos o crescimento de sua receita bruta foi bastante significativo, 23% a.a..
Não obstante, a empresa conseguiu traduzir esse crescimento operacional em retorno efetivo sobre o capital investido em suas operações, como mostra o gráfico abaixo do ROIC (Returno on Invested Capital).
Você já foi para Uruguai ou Argentina? Não importa, porque é muito possível que você já tenha ouvido falar da fama da boa carne de nossos hermanos. Pois é, o Minerva tem sido muito esperto e hábil em se aproveitar das oportunidades e crescer nesses países que possuem claras vantagens comparativas na produção de carne bovina. Isso ajuda a explicar sua eficiência operacional.
BONS VENTOS?
Mas para fazer um bom churrasco são necessários alguns outros ingredientes adicionais a carne. Da mesma forma, muitas vezes, ser uma boa empresa não basta. Mas isso que é o legal do case de Minerva, porque tais bons ventos parecem soprar!
2 Pontos interessantes (faço uso aqui de alguns bons gráficos do research do Santander (SA:SANB11) para me ajudar a explicar):
Gráfico abaixo mostra isso: esse preço maior incentivou o aumento da produção de gado e isso deve gerar esse cenário mais favorável para 2017.
MAS WILL ELA É ENDIVIDADA. WELL, VEJAMOS:
Pois é, muita gente comenta e usa a questão da alavancagem para justificar ficar fora, mas será mesmo que é necessário todo esse receio? De fato o Minerva opera com uma certa alavancagem (ou seja, ela tem uma dívida sim!), mas faz parte, é necessário para que consiga gerar retorno na sua atividade! Lembro que escala nesse setor é fator preponderante para rentabilidade, não tem espaço para os pequenos, logo isso por si só já justificaria sua alavancagem.
Mas vamos lá a meu ver sua dívida é sustentável e bem equilibrada. Vou mostrar porque acho isso:
Logo, a meu ver, todo esse receio com relação a dívida deve ser retirado aos poucos de suas ações.
Faltou falar de preço e é aí que vem a melhor parte.
VALUATION
Apesar de todos esses pontos positivos, o Minerva negocia com desconto considerável antes os pares do setor, empresas como JBS, Marfrig (SA:MRFG3) e BRFoods.
A precificação atual de BEEF3 hoje no mercado não me parece “normalizar” a empresa. O que quero dizer com isso é que, a meu ver, me parece que o mercado embute no preço do ativo apenas seus números recentes e a perspectiva de que a falta de gado disponível para o abate seguirá indefinidamente! Será que essa é a realidade? A meu ver não. #NOT!
A tabela abaixo (do Santander) mostra o quão descontada em relação a seus múltiplos comparativamente com outras empresas do setor no Brasil e Latam. Vemos um desconto de mais de 50% sobre o múltiplo EV/Ebitda* estimado para 2017 ante os pares brasileiros e Latam o que vemos como exagerado, mesmo considerando a menor liquidez de suas ações.
*EV/EBITDA: Enterprise Value dividido pelo Ebitda. Múltiplo que compara o preço das ações acrescido da dívida da empresa (numerador), com sua geração de caixa operacional (denominador)
Não obstante, olhando para o histórico de múltiplo ao qual o papel negociou, vemos igualmente um desconto excessivo frente a média – vide gráfico do BTG abaixo, o qual tem um target de R$ 14,00 para o papel.
Olhando o múltiplo mais conhecido Price/Earnings (Preço/Lucro) o desconto também se mostra excessivo.
Pra quem gosta de fluxo de caixa é só fazer pra ver que tem muito valor. Não cabe aqui e acho polêmico pois definir preço de boi pra longo prazo a meu ver é muita ousadia. Vejo espaço para o ativo andar até os R$ 15,00.
Enfim, já me alonguei. Vou lá botar o sal na picanha e fazer um bom churrasco enquanto espero minhas BEEF3 se valorizarem no mercado.
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