Bitcoin: Pressão sobre mineradoras de criptomoedas ainda pode derrubar o mercado?

 | 01.12.2022 18:14

Durante o “bull market” vivenciado até os últimos meses de 2021, o cenário econômico de bonança incentivou os mineradores a priorizarem crescimento em vez de eficiência, conseguindo alcançar alta lucratividade mesmo em um ambiente onde víamos o preço de eletricidade relativamente alto.

Bitcoin alcançando “all time high” a US$ 69.000, restrições às supply-chains geradas pelos lockdowns, impossibilitando a entrada no mercado de novo poder computacional na rede, proibição da mineração de BTC em junho na China, forçando metade da capacidade de mineração existente a desligar as operações... Cenário perfeito para as mineradoras atuantes, que viam altas receitas e baixa concorrência no mercado.

O preço médio de eletricidade industrial nos Estados Unidos era de US$ 73 por MWh, e os mineradores vivenciavam um cenário tão próspero de receitas que o custo de eletricidade era quase irrelevante. Mesmo as mineradoras pagando US$ 100 por MWh, valor consideravelmente acima do preço médio supracitado, conseguiam obter margens brutas de 82%.

O momento atual, no entanto, não tem sido nada animador, e a realidade impõe a necessidade de redução de custos para os players. A eletricidade, que representa, em média, 80% dos custos operacionais de uma mineradora, agora é o principal foco de minimização de custos. Para termos uma noção, a máquina ASIC Antminer S19j Pro, lançada em junho de 2021 e tida como uma das mais energeticamente eficientes no mercado, via à época seu preço de equilíbrio de eletricidade de mineração em US$ 567 por MWh no pico da “bull run”.

Agora, esse “breakeven electricity price” de mineração, com o mesmo equipamento, caiu 86% do topo para US$ 79 por MWh, enquanto o preço médio da eletricidade industrial nos Estados Unidos aumento para US$ 82 MWh. Em suma, mesmo o equipamento que é tido como um dos mais avançados no mercado já opera em prejuízo. Poucos players sobrevivem no cenário atual.